domingo, 2 de julho de 2023

Ian Paice, 75 anos: um exemplo de ritmo e batidas perfeitos

 "Para que lado eu vou?" A pergunta soa estranha, ainda mais vindo de um "deus" da guitarra como o inglês David Gilmour. Era um dos ensaios da superbanda (super mesmo!!!!) formada por Paul McCartney para celebrar as mais de quatro décadas do Cavern Club, em Liverpool, o berço dos Beatles.

O baterista convidado era Ian Paice, escolhido pessoalmente por McCartney, e o show de 1999, que virou CD e DVD, se tornou um clássico histórico e um campeão de vendas. 

Claro qu a pergunta inicial era uma brincadeira de Gilmour, que conhecia há décadas o mestre Paice, mas dá o tom de como era tocar com um g^nio da bateria, que podia ser tão imprevisível como preciso e totalmente confiável.

Ian Paice, o aprazível e cordato baterista qu fundou o Deep Purple, completou 75 anos de idade e caminha para os 60 de profissão citado em qualquer lista d melhores bateristas de todos os gêneros em qualquer época.  Não há quem não o conheça e não existe músico que não o venere.

Referência no instrumento no rock pesado, Paice é um músico que tem a origem no jazz. Seu estilo é o de um músico que poderia tocar em qualquer big band. 

Sua precisão e sua capacidade d improviso e inovação são considerados pontos altos do rock e da música pop, a ponto de surpreender um gênio como Gilmour em uma banda liderada por Paul McCartney.

Considerado um monstro do instrumento, emergiu das banda de baile inglesas pra  rock por volta de 1966 emprestando o seu talento a bandas de todos os tipos. Ao encontrar Ritchie Blackmore (guitarra) e Jon Lord (teclados), bem mais velhos, viu seu futuro se iluminar ao enxergar a determinação necessária para se profissionalizar.

Ao lado de dois músicos experientes e talentosos, com larga rodagem ao tocar rock pela Europa continental, fundou o Deep Purple em 1967 com apenas 19 anos de idade, só que com um apetite de palco que surpreendeu os companheiros. 

Sua tenacidade e perseverança foram fundamentais para que o grupo seguisse firme mesmo após três álbuns de rock psicodélico/progressivo com boa repercussão, mas vendas insuficientes. Era o ponto de equilíbrio para manter tudo junto e em ordem, tanto que não é por outro motivo que é o único membro fundador do Deep Purple ainda na banda  e o único a participar de todas as formações.

Inventivo e inovador, também é considerado, de certa forma, imprevisível, mas não de um jeito alucinado coo Keith Moon (The Who). É um percussionista disciplinado e confiável, mas capaz de viradas admiráveis e conduções surpreendentes por causa do background jazzístico - basta escutar os trabalhos realizados com a banda Paice, Ashton and Lord após o fim do Deep Purple, a partir de 1976.

Como então se adaptou tão bem ao rock pesado, no qual é referência desde sempre? "Nunca precisei bater com força. É uma questão de consistência e precisão, de saber qual o timbre necessário e trabalhá-lo", disse o músico em rápida conversa com este jornalista em 2000, em uma de suas passagens por São Paulo com o Deep Purple.

Muitas vezes econômico e nem um pouco espalhafatoso - sua bateria é pequena para um mestre da bateria do rock -, Paice se orgulha e se divert com as honrarias que recebe e om a idolatria em torno do seu nome, mas rechaça qualquer ponta de deslumbramento. 

"Foi estimulante tocar no Cavern Club com aqueles caras, era uma banda poderosa, e a questão era tocar dentro de uma proposta diferente. Esse era o desafio naquele momento, e foi prazeroso", disse o baterista na mesma conversa.

Os riffs de bateria de Ian Paice são inigualáveis,  sua condução rítmica no rock até hoje é objeto de estudo permanente, tornando-se exemplo em todo o tipo de aula e percussão até hoje.

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