O pianista costumava viver em um mundo próprio, de onde tirava sons impossíveis e inacreditáveis. sua paz de espírito se transformava em sons celestiais e celebrava a liberdade em todas as suas formas. Seria João Donato uma criação divina, literalmente, reconhecida até mesmo por ateus?
Donato não se importava com rótulos. Jazz? Bossa nova? MPB? Ele apenas ria e tocava. Não era problema dele. O pianista genial queria apenas tocar, e se divertia muito mais do que a plateia no palco.
Morto aos 88 anos de idade nesta segunda-feira (17), em razão de alguns problemas de saúde não especificados, o músico brasileiro era gigante no cenário internacional, ombreando gente como João Gilberto, Tom Jobim, Marcos Valle e Sergio Mendes.
Muita gente que o admirava simplesmente não conseguia explicar o que ouvia e nem como o autor daquelas frases conseguia extrair aquelas sequências de notas. Que tipo de ser humano era aquele?
João Donato não gostava de badalações. Gostava de se comunicar musicalmente, como outro gênio do mesmo calibre, Hermeto Paschoal. Espírito livre, espalhava beleza e liberdade em fartas doses de riffs, solos e músicas geniais.
Tendo a música como extensão de sua própria existência, João Donato dava de ombros à fama de excêntrico. Louvava, por outro lado, o fato de que todos os parceiros com quem trabalhou o elogiaram efusivamente.
A maioria ficava sem fôlego diante da genialidade e da facilidade com que ele transformava qualquer acorde em ouro, qualquer nota em pérola. Que músico atingiu o patamar de jamais deixar plateia e parceiros indiferentes? Miles Davis? Jimi Hendrix? Jeff Beck? Paco de Lucia?
Era gênio, mas nos legou uma outra característica: a de que a música é sinônimo de liberdade pura, de desprendimento e de completo domínio de suas ações. Uma rara combinação de liberdade, criatividade e genialidade. Seu legado é extrassensorial, pois vai muito mais além da música, pois sua música sempre foi uma lição de vida.
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