Noite de sábado agradável na zona leste de São Paulo - o suficiente para estimular um par de shows de rock quente, mas insuficiente para espantar a preguiça de parte dos roqueiros paulistanos que "reclamam" de opções gratuitas para ver bandas novas, mas que fazem questão de esnobar as oportunidades.
O primeiro dia do "Penha Rock", no Central Cultural da Penha, misturou o novo e o clássico do rock pesado da região metropolitana de São Paulo em evento gratuito com resultado ótimo.
Palco bom, equipamento perfeito e uma atmosfera intimista bastaram para que a banda Allen Key desfilasse seu metal moderno mesclado com um hard rock vigoroso.
Boa parte da plateia presente, que ocupou metade do teatro Martins Pena, se surpreendeu com a potência vocal da cantora Karina Menascé, um vulcão de energia que ocupou todos os espaços possíveis e estourou os microfones com sua voz potente.
O quinteto ainda divulga o primeiro álbum, "The Last Rhino", de 2021, e exibiu ótimas qualidades na abertura da noite de sábado, A combinação de duas guitarras pesadas preencheu o ambiente com riffs potentes e canções bem palatáveis, em um metal moderno e eficiente.
"Granted" e "Illusionism" foram os destaques de uma boa apresentação, em que a cantora se entregou a uma interpretação visceral e elogiável. Ela brilhou também na hard'n'heavy "Mr. Whiny" e na emocionante balada "Goodbye", bastante climática e densa.
A banda também desconstruiu "Judas", de Lady Gaga, transformando-a em uma canção decente de metal, ao contrário da fragilidade da versão original.
Os veteranos da Seventh Seal, surgida no ABC há quase 30 anos, voltou às atividades depois de um longo período em um festival em Campo do Meio, em Minhas Gerais, e tocou pela primeira vez em São Paulo depois de muito tempo. Estava afiada, e tinha de estar depois da fora demonstrada pela Allen Key.
Com a casa um pouco amis cheia, o metal tradicional de seus três álbuns funcionou de forma quase que automática. A experiência do vocalista Leandro Caçoilo e dos guitarristas Tiago Oliveira e Tiago Claro trataram de deixas as coisas sossegadas e, ao mesmo tempo, estimulantes.
"Como uma banda dessas não teve maior destaque o Brasil?", reagiu um espectador dde pouco mais de 40 anos que tinha ido ver a banda anterior.
"É bom ter esse reconhecimento mesmo depois de um bom tempo fora dos palcos", comentou Caçoilo diante da expectativa de tocar de novo em São Paulo. Saboreando a repercussão do álbum que gravou com o Viper, "Timeless" - recém-lançado -, o cantor não tirava o sorriso do rosto. O Seventh Seal é o projeto mais antigo do qual ele faz parte, já que que canta também com Viper, Caravellus, Hardshine e Daniel Fonseca.
"Cada vez que subimos aos palcos vem uma sequência de imagens boas na cabeça, principalmente depois que a pandemia de covid-19 amainou", disse o músico. "Isso aumenta a fome de palco.
Tiago Oliveira também não esperava nada menos do que uma noite memorável. "Ainda percebemos que as músicas de 'Mechanical Souls', de 2014, tem impacto e estão contextualizadas, oq ue nos epurra ainda mais para a frente."
Com planos para mais shows e um novo disco, a Seventh Seal ganhou o público na primeira música e fez um show impecável, tocando músicas pesadas como "Souless Reality" e "Beyond the Sun", canções rápidas e muito pesadas, além da soturna "Mechanical Souls" e da épica "Seventh Seal".
Com a presença de convidados especiais - Marcello Pompeu (vocal, Korzus), João Luiz (vocal, Golpe de Estado) e Hugo Mariutti (guitarra, ex-Shaman e Viper), houve uma série de homenagens, como Slayr "Seasons of Abyss), Judas Priest ("Living After Midnight") e Shaman, em uma grande celebração do metal tradicional. Um volta em altíssimo estilo.
No domingo, dia 16 de julho, a programação foi dedicada ao punk rock, com um público um pouco maior, mesmo com ingressos gratuitos. O Preço e Os Inocentes fizeram shows energéticos e ensurdeceram o ambiente.
O clima, como no dia anterior, era de celebração, e a banda O Preço, criada por Gordo, ex-cantor do Blind Pigs, foi uma boa surpresa com temas fortes e guitarras surpreendentemente pesadas para uma banda da nova geração, por mais que o vocalista seja veterano.
Os Inocentes, comemorando 42 anos de trajetória, desfilaram uma sequência de hits atemporais e muitos, infelizmente, ainda atuais, como "Pânico em SP", "Pátria Amada", "São Paulo" e "Rotina", entre tantas outras canções icônicas.
A cada ano a banda reforça sua identidade como a banda de rock que é a cara de São Paulo, motivo de orgulho para o quarteto, que se prepara para gravar o primeiro DVD acústico da carreira.
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