sábado, 1 de julho de 2023

Projeto acústico de Clemente Nascimento revigora clássicos do punk nacional

 Um ataque punk ao som de um violão é quase tão demolidor quanto o de uma guitarra ao estilo serra elétrica. Quem disse que não existe punk acústico e, ao mesmo tempo, violento?

Muita gente acredita que não dá para fazer punk rock desplugado, mas o guitarrista e cantor Clemente nascimento, dos Inocentes e da Plebe Rude, desmente categoricamente quem acredita nisso. Depois qu a banda de death metal brasileira Psychotic Eyes fez música extrema no formato acústico, tudo é possível.

Clemente e Ronaldo Passos, companheiro de Inocentes, criaram um "pocket show" onde desfilam os principais clássicos de sua banda e da de amigos em duo de violões e costumam se diertir mais do que a plateia.

Na sexta-feira 30 de junho foi assim na Galeria do Rock, no centro de São Paulo. Pela segunda vez os dois tocaram na loja London Calling e fizeram a festa de mais de 100 pessoas que superlotaram o local - de mais umas tantas que ficaram para fora.

Pelo local e pelo formato, tudo parecia improvisado, mas era só impressão. Funcionou perfeitamente e tivemos quase uma hora e meia de punk acústico vibrante no local que um dia exalou rock por todos os andares, mas que atualmente é apenas sombra do ponto turístico importante qu já foi.

Foi bacana começar o final de semana às 13h de uma sexta ouvindo "Pânico em SP", "Rotina", "Ele Disse Não" e uma versão bem explosiva de "Até Quando Esperar", da Plebe Rude, uma das principais canções políticas do rock nacional, bem no momento em que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) tornava o nefasto ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) inelegível por oito anos por atentar contra a democracia e espalhar falsas informações sobre urnas eletrônicas.

E teve mais canções legais, como a icônica "São Paulo", da banda 365, e "Não Acorde a Cidade", uma das primeiras composições de Clemente. A cada música ele contextualizava a criação  e o período de composição, o que dava um ar de workshop/workshow.

Além dos hits óbvios, a plateia explodiu com a violenta "Expresso Oriente", com a irônica "Pátria Amada" e com a recente "Eu Vou Ouvir Ramones", cantada por Ronaldo Passos, isso pra não falar na menos óbvia "Deixa Para Lá", mais amena  reflexiva.

Surpreendente e emocionante, o formato é um grande acerto da dupla, que tem o mérito de poder levar canções maravilhosas e histórias em outro formato para outros públicos, principalmente para os mais jovens e ávidos por conhecer coisas "novas" e "diferentes" que andam meio "escondidas" por aí.

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