segunda-feira, 31 de julho de 2023

Geddy Lee, 70 anos: o maior símbolo do gigantismo do Rush

 O garoto narigudo e desengonçado ligou o baixo no amplificador sob a desconfiança de todos. Tinha só 15 nos, mas o baixo era bom. E não precisou de 15 minutos para ser efetivado em uma banda outrora promissora da região de Toronto, a maior cidade do Canadá - e a mais roqueira.

O garoto Gary, de ascendência croata, não sabia, mas ele nunca mais largaria aquela banda que seria sua. Gary Lee Weintraub ainda demoraria alguns anos para ser Geddy Lee, do Rush, mas seu destino estava traçado desde o momento em que plugou o baixo no amplificador para fazer teste e entrar para o Rush.

Geddy Lee (pronuncia-se guédi, e o nome se deve ao fato de sua avó croata não saber pronunciar Gary) fez 70 anos de idade em julho, ao mesmo tempo em completava 55 anos do dia em que entrou para banda que carregou nas costas ao lado de Alex Zivojnovic (descendente de sérvios que mais tarde adoraria o sobrenome Lifeson), um guitarrista furioso e habilidoso, Neil Peart, um baterista genial e versátil.

É difícil estabelece em que medida Lee transformou o Rush em uma das maiores instituições do rock em todos os temos, já que os três membros são geniais e acrescentaram sua enorme parcela de contribuição. 

Peart sempre frequentou as listas de melhores bateristas de todos os tempos, enquanto Lifeson brilhava na preferência dos garotos com sangue nos olhos aspirando ao Olimpo dos "guitar heroes". E Lee?

Multi-instrumentista e de voz aguda e estridente, o baixista dava o acabamento ao hard rock progressivo e elaborado, criando linhas de baixo tão inacessíveis quanto as viradas de bateria de Peart ou os riffs clássicos e pesados de Lifeson.

Até hoje impressionam as imagens de Geddy Lee cantando, tocando baixo, teclado e modulando o pedal do teclado ao mesmo tempo, exigindo uma coordenação absurda e uma concentração admirável, coisa de gênio mesmo. Como não admirar um músico com essa capacidade?

Muita gente ainda se espanta com a modéstia do músico em reconhecer a sua importância. E muita gente ainda se irrita como ele e seus companheiros são subestimados quando se trata de nomear os nossos heróis do rock.

Isso é o que menos preocupa Lee. Sua trajetória em álbuns do Rush resume o que precisa ser dito. A banda é gigante, ele é gigante. E basta.

Quem o viu anos atrás tocando baixo com Yes quando esta banda inglesa entrou no rock and Roll Hall of Fame se espantou com a humildade com que subiu ao palco e tocou como um coadjuvante. "Um sorridente e feliz coadjuvante", comentou ele depois da festa. 

Substituindo um de seus ídolos, o baixista Chris Squire, morto em 2015, Geddy Lee desfilou elegância, competência e genialidade, arrancando olhares de admiração do exigente guitarrista do Yes, Steve Howe. "Só de estar ali já era o maior dos reconhecimentos", comentou modestamente em entrevista à revista Classic Rock.

Embora não assuma, Lee está semiaposentado desde 2015, quando o Rush fez a sua últim turnê mundial. Os seguidos problemas de saúde de Neil Peart forçaram a parada da banda, que teve o fim decretado com a morte do baterista em 2020. E o que faz Lee atualmente.

Ora, ele é apenas Geddy Lee, e isso já é bastante. Ele simboliza o Rush, e nos lembra sempre que o que tamanho da banda é gigante. 

P.S.: Lee deverá vir ao Brasil em março de 2024 para o lançamento de sua autobiografia, "My Effin’ Life" (ainda sem título em português) com lançamento mundial previsto para 14 de novembro deste ano, inclusive no Brasil, participando apenas de eventos de lançamento do livro, com leituras e bate-papos com os fãs. 

 

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