terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

'Paul McCartney no Brasil': o país que tanto cativa os astros do rock

 Uma dupla de estudantes paulistas passa uma temporada em Lenços, no interior da Bahia, no meio dos anos 90, após visitarem a Chapada Diamantina. Com uma câmera de vídeo simples da época, filmam uma dupla de violeiros que estraçalham na execução de modas enquanto bebem cerveja.

Um dos músicos, o mais velho, se esforça para ficar de costas e não ser filmado ou não ser identificado. os dois estudantes acham que já viram o cara em algum lugar. Vão embora encafifados com aquela figura no bar sujo, que não fala português mas adora uma viola caipira e um violão velho.

Em casa, o irmão de um dos dois estudantes vê a fita e mata na hora: "Esse cara de costas é o Jimmy Page, ou alguém muito parecido com ele. O que ele faz no interior da Bahia?"

A história chega aos ouvidos do jornalista paulista radicado em Maceió (AL) Ari Cipola, que decide comunicar seu jornal, a Folha de S. Paulo. E então ele parte para Lençóis para flagrar o guitarrista inglês em sua passagem idílica pela Bahia - tema de reportagem que poe ser lida neste link.

Essa história não está no livro "Jimmy Page no Brasil", mas bem que poderia estar, mas outras tão boas quanto estão, compiladas pelo jornalista, músico e escritor Leandro Souto Maior, que publicou a obra pela editora garota FM em 2020.

O tema o fascinou de tal forma que agora vem maus um volume da série. "Paul McCartney no Brasil" também está em esquema de financiamento coletivo e deverá chegar às lojas em março também pela Garota FM.

"Dá para dizer que é uma série (risos), mas o livro do Paul é diferente", esclarece o autor. "O Jimmy Page tem uma relação mais forte e direta com o Brasil, morou por aqui com uma de suas ex-esposas, transitou por Lençóis, Salvador e Rio de Janeiro, onde criou um projeto social. No caso de Paul é diferente, ele só veio a passeio e tocar aqui. Foram 36 shows desde 1990, acho que ninguém tocou mais do que ele, como artista solo de primeira grandeza, no Brasil."

Assim como no caso de Page, não conseguiu entrar em contato com McCartney - nem tentou, na verdade. A ideia era reunir boas histórias do ex-beatle no país e depoimentos de músicos brasileiros que que o admiram, como Samuel Rosa, ex-Skank, autor do prefácio.

Entre os causos mais saborosos estão o do chaveiro, músico amador, que um dia foi acionado para abrir uma porta trancada, impedindo um gringo de sair, em um hotel. Com dois cliques ele abriu a porta e deu de ara com um sorridente e grato Paul McCartney.

"Não tem como admirar um músico como ele e sua ligação com o Brasil, ainda que não tão profunda", comenta Souto Maior. "Ele dedicou um de seus discos, 'Flowers in the Dirt', de 1990, a Chico Mendes [ativista ecológico e líder seringueiro assassinado no Acre em 1990]; Compôs uma música dedicada ao paós, que é 'Back in Brazil'; Também afirmou que fez músicas enquanto sobrevoava o país, inspirando-se aqui."

Foram muitas entrevistas e horas vendo e curtindo as apresentações pelo país, acumulando vasto material que desde já o transforma em um dos mais ricos já compilados sobe um músico estrangeiro de primeira grandeza passando pelo Brasil.

Acatando algumas sugestões, Leandro Souto Maior avalia a possibilidade de um terceiro volume reunindo histórias de muitos outros artistas de rock com passagens igualmente marcantes e frequentes pelo Brasil, como os ingleses Steve Hackett (guitarrista do Genesis) e Jim Capaldi (baterista do Traffic) e o tecladista suíço Patrick Moraz, todos casados com brasileiras por um período, morando no país; E ainda tem o australiano Nick Cave, a americana Chryssie Hynde (the Petenders), o inglês Wayne Hussey (The Mission)...

"Essa é uma boa ideia que você me deu (risos). Andy Summers [guitarrista de The Policce] vem muto ao Brasil, adora bossa nova e já gravou com Fernanda Takai e Roberto Menescal. E os Rolling Stones, então? Desde 1968 eles vêm aqui. Tem até filho brasileiro na jogada [Lucas Jagger, filho de Mick com a modelo e apresentadora Luciana Gimenez]. O Ron Wood sempre que pode passa longas temporadas por aqui e o baterista Charlie Watts adorava comprar cavalos por aqui."

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