sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Bruce Dickinson explora novos caminhos no ótimo 'The Mandrake Project'

Uma das brincadeiras que rolavam quando do retorno de Bruce Dickinson ao Iron Maiden, em 2000, era que a banda tinha jogado a toalha e readmitido o vocalista porque este lançava discos solo melhores do que os da banda na época - assim as comparações terminavam...

Não era de todo absurda a premissa se formos analisar a qualidade de álbuns como "Accidente of Birth" e "The Chemical Wedding", clássicos do metal dos anos 90 aclamados por imprensa e público, onde Dickinson provou que era um compositor muito bom e totalmente diferente do que o Iron Maiden preconizava.

Quase 19 anos depois de "Tyranny of Souls", de 2005, o cantor inglês volta a lançar um disco solo onde esbanja elegância e ousadia ao fazer um trabalho moderno m "The Mandrake Project", que é conceitual e recupera alguns dos bons momentos de seu período fora do Maiden.

Assim como naquela época, qualquer comparação com o que a banda faz atualmente soa indevida e oportunista. As guitarras de metal tradicional somem em "The Mandrake Project" e dão lugar a timbres mais pesados, mas que não necessariamente se transformam em típicas melodias do gênero. Hard rock e heavy metal convivem bem diante de temas mais fortes e densos

Para a sonoridade específica e característica dos trabalhos solo de Dickinson ressurgir tinha estar presente no projeto Roy Z, guitarrista e produtor americano que trabalhou com o cantor em praticamente dos os seus trabalhos solo.

É o sétimo álbum solo de Bruce Dickinson, para quem o novo trabalho é uma jornada muito pessoal cujo resultado o deixou extremamente orgulhoso:

“Roy Z e eu planejamos, escrevemos e gravamos há anos, e estou muito animado para que as pessoas finalmente ouçam. Estou ainda mais animado com a perspectiva de cair na estrada com essa banda incrível que montamos, para poder dar vida a este projeto. Estamos planejando fazer o máximo de shows que pudermos, em tantos lugares quanto possível, para o máximo de pessoas que conseguirmos atingir", disse o músico inglês quando do anúncio do novo álbum.

Bem calibrado e com ótimas canções, o novo disco é tudo aquilo que os saudosos do Iron Maiden otentista gostariam de ouvir na banda - músicas menso rebuscadas, com melodias cativantes e riffs menos óbvios.

"Afterglow to Ragnarok", o primeiro single e a abertura do álbum, é longa e progressiva, mas mantém o peso lá em cima e equilibra bem doses de guitarras pesadas e intensas com climas mais etéreos e dinâmicos. 

A estrutura do disco é a tradicional de artistas de heavy metal, mesclando temas grandiosos e épicos com músicas mais rápidas e de absorção mais fácil, mas a qualidade das canções é bem superior á da média dos lançamentos da atualidade; Flui bem e chega a emocionar em alguns momentos, como na dobradinha de encerramento, a semiacústica "Shadow of the Gods", com seu ar de balada, e a época e progressiva "Sonata (Immortaql Beloved)".

Até mesmo uma canção "recauchutada" ficou boa e caiu bem dentro do contesto. "Eternity Has Falied" teve poucos acréscimos e mudanças de arranjos em relação a "If Eternity Should Fail", que abriu o álbum "The Book of Souls", do Iron Maiden, de 2015. No disco solo de Brice ela está menos metal e maqis sombria.

Entre as boas ideias que soam mais acessíveis estão a ótima "Face in the Mirror", a mais próxima do que o Iron Maiden costuma fazer, com riff intenso e ritmo mais veloz, e "Ressurrection Men"m que segue a mesma trilha. Também agradam as boas "Fingers in the Wounds", mais para o hard rock e com guitarras mais econômicas, e "Masters of Mercy", mais direta e simples.

Não é surpreendente que "The Mandrake Project" seja muito bom, mas é agradavelmente ótimo, superando mesmo as grandes expectativas.


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