sexta-feira, 3 de maio de 2024

A boa safra do metal nacional: Hollowmind, Amazing e Hammerhead Blues

 O movimentado cenário do rock pesado nacional underground engrenou definitivamente no mês de março com o imponente lançamento do primeiro trabalho da banda paulista The Heathen Scythe, um EP  caprichado e arte gráfica luxuosa.

A boa qualidade do trabalho parece ter inspirado outras três bandas de heavy metal a colocarem no mercado seus novos trabalhos esbanjando qualidade e algumas boas ideias.

Os paulistas da Hollowmind cometem a proeza de fazer metal progressivo sem o uso abusivo de telados e se saem bem desde que lançaram "The Cardinal Sin", em 2007. Os lançamentos são espaçados, mas o trio ressurge com "Under the Influence", sua coleção de versões de grandes hinos do rock

Claro que a ideia não é original, mas a abordagem da banda é. O básico dos temas está lá, mas os arranjos para guitarra, baixo e bateria são diferentes e dão outro colorido a músicas como "Invaders", do Iron Maiden, "The Oath", do Kiss; A primeira não fica tão pesada, mas ganha em dramaticidade, assim como a versão do Kiss.

“Sempre tivemos na cabeça uma lista de músicas que gostaríamos de regravar”, revelou o baixista e vocalista Rob Gutierrez. "Ao longo do tempo, algumas dessas versões foram parar nos shows da banda, mas nunca haviam sido registradas em disco. Nossos álbuns são conceituais, as composições bem amarradas entre si, então nunca funcionou bem incluir um cover;"

Ele, Ale Silveira (guitarra) e Felipe Gomes (bateria) acertaram em fugir das canções óbvias dos heróis de sempre, privilegiando temas pouco conhecidos e lados B que costumam frequentar as listas dos fãs mais enfurnados nas discografias.

“Curto esse espírito mais despojado dos discos de cover”, explicou Gutierrez, citando como referência o EP "Garage Days Re-Revisited", do Metallica. Em questão de tempo, o Hollowmind já tinha pronto não um EP, mas um álbum com dez faixas.

Se falta um pouco de vitamina na versão para "vital Signs", do Rush - não tem jeito, a música pede um teclado, como no tema original -, surgem boas ideias para  "Like a Song", do U2, que ficou mais pesada e pendendo para o hard rock, uma coisa bem inusitada. 

Os arranjos para "Monument", do Fates Warning, tornaram a versão dos brasileiros excelente, onde as guitarras foram inseridas de forma inteligente, dando um ar mais moderno e "indie" para a canção,.

A  ótima "I Don't Believe in Love", dos Queensryche, ficou bem reverente à versão original, embora menos grandiosa, enquanto que "We Will Be Strong" (Thin Lizzy) ganhou um pouco mais de peso e velocidade.

"Equilibramos o lado pesado com o progressivo", comentou Gutierrez. " Não tinha como deixar de fora, por exemplo, Iron Maiden e Kiss, mas também não tinha como ignorar o nosso lado mais progressivo.”,

"Under the Influence" traz convidados especiais: o baterista Mauricio Magaldi (Versover) marca presença em ‘Monument’, e Val Santos (Toyshop, ex-VIPER) — que, com Gutierrez, coproduziu o álbum — se encarregou das guitarras base em ‘The Oath’.  

De Brasília (DF) vem o Amazing, banda de hard rock tradicional que é veterana, mas só agora chega ao primeiro álbum. São 19 anos celebrando o lado mais festivo da vida e do prórpio rock, como o quinteto faz questão de deixar claro em "Hard Rock Life", canção que é a principal da banda e quem te cara de hit.

Depois do EP “Hard Rock Crazy Club” de 2019 e dos singles mais recentes, “Hard Rock Life” e “Highway To Paradise”, o álbum bem produzido mostra boas qualidade e uma certa ousadia ao investir em uma sonoridade bem vintage.

Aliás, essa sempre foi a intenção da banda, segundo o baterista Gus D: sem inventar, e inovar se for possível. O negócio mesmo é exaltar o bom e velho hard rock de inspiração californiana dos anos 80. os clipes não deixam dúvidas disso, com riffs de guitarra que remetem a Motkley Crue e Winger e recheados de mulheres bonitas. 

Nada original e somando todos os clichês possíveis, mas isso não incomoda a banda. "Queremos fazer bem a nossa música e mostrar um lado mais positivo e festivo. O hard rock é isso e estou satisfeito com o resultado de nosso tão esperado CD", diz Gus D. em meio à festa de lançamento na loja Woodstock, em São Paulo.

O caldeirão de influências transborda de hard rock oitentista, mas os músicos vão além de citam coisas bacanas e importantes como Van Halen, Mr. Big e Aerosmith.

"Highway to Paradise" é o nome do álbum e também da faixa mais instigante. Pesada e mergulhada em uma sonoridade bluesy, consegue ultrapassar os clichês e acrescenta um molho diferente às melodias um tanto óbvias.

O álbum, lançado pela Som do Darma, reúne nove faixas: “Hard Rock Life”, “Highway To Paradise”, “Heart Beat”, “Crying Baby”, “Forbidden Fruit”, “Sex Machine”, “Sober Up… When You Die”, “Take It Or Leave It” e “Wings”.

“Highway To Paradise” foi gravado no Orbis Estúdio em Vicente Pires/DF e também no estúdio Refinaria no Plano Piloto. Produção, mixagem e masterização são assinadas pelo renomado Will Negrão (Plebe Rude, Raimundos, Graham Bonnet). A capa do álbum é um desenho de Rafael B. com finalização do próprio baixista Rod ‘N’ Rock.

Tanto musicalmente como em termos de letras, “Highway To Paradise” expressa " verdade sobre os sentimentos humanos, sem receio de crítica ou cancelamento", como afirma o baterista.

A turnê de divulgação de “Highway To Paradise” começa em  dia 4 de julho abrindo para a banda espanhola-holandesa Cobra Spell no UK Pub, em Brasília.  Além do baterista Gus D., o guitarrista Fellipe Nava e o baixista Rod ‘n’ Rock, completam a atual formação do Amazing o guitarrista Sir Arthur e o vocalista Matheus Janoski.

Já o trio Hammerhead Blues, formado por Otavio Cintra (vocal e baixo), Luiz Cardim (guitarra) e Willian Paiva (bateria), lançou o seu terceiro álbum, "After the Storm".

O hard rock setentista praticado pelos garotos não é uma novidade, rivalizando com o som de bandas contemporâneas como Blues Pills, Vintage Caraban, Zodicac, Kadavar e Greta Van Fleet, entre outros. Ainda assim, surpreende pela competência e pelo bom gosto na escolha de timbres e ambientações.

Na audição para a convidados ocorrida em abril, no Malta Rock Bar, em São Paulo, ficou claro que o som da banda é grandioso e requintado, equilibrando bem o peso com as melodias pegajosas, além de resgatar aquele climão do Deep Purple e Black Sabbath  do comecinho dos anos 70, principalmente nas canções "Around the Sun" e "Ttaveler".

"Nosso novo álbum, 'After The Storm', está prestes a nascer e, como deveria ser, está repleto de músicas que refletem bem nossos sentimentos. Com composições feitas desde a turnê do 'Caravan of Light' até o período de pandemia, é o nosso trabalho mais multifacetado até então. Dirigida por Renan Paiva e fotografada por Renan Facciolo, a capa segue a mesma nuance, com um sabor de pós-tempestade de um mundo caótico e quase padecido", explica Willian Paiva. 

Na conversa com o Combate Rock, o músico celebra o bom momento para lan~çar o tercero travalho e a boa receptividade nos shows. "Estamos fazendo uma música direta e conectada com um rock que muita gente sente falta de escutar atualmente." 

Ele acrescenta que a equipe de apoio tem sido fundamental para os bons resultados obtidos. "A roupa feita à mão pela Jéssica Santos e a edição sob cuidados da nossa fotógrafa Julia Missagia ganharam um toque especial, com uma textura renascentista que entrelaça com o estado de espírito do álbum;.

Para Otavio Cintra, "After the Storm" é um disco repleto de nuances e com momentos de muita oposição entre luz e sombra, algo retratado na capa. 

"A ideia da capa é retratar essa duplicidade do momento histórico que vivíamos: tendo superado a pandemia, parecíamos saídos de uma imensa tempestade em meio a uma calmaria – as possibilidades eram imensas, mas a tensão e a dramaticidade pesavam o ar. Buscamos referências nos artistas renascentistas nas fotos; no claro e escuro de obras de Caravaggio, ao mesmo tempo que exploramos técnicas de manipulação de imagem, capitaneadas pela Julia Missagia, para dar vida ao conceito."

Com captação de áudio por John Di Lallo, Otavio Cintra e Vicente Barroso, mixagem e masterização no Estúdio Urutu, "After the Storm" traz a participação de Jimmy Diniz Pappon (Bombay Groovy) no órgão Hammond em "Black Abyss", "Clouds", "Traveller" e "Changing Heart". 

"Trata-se de um trabalho diverso, dinâmico e que nos tirou da zona de conforto durante todo o seu processo. Com certeza, 'After the Storm' surpreenderá os seguidores do Hammerhead Blues", enfatiza Luiz Cardim. "O álbum será lançado nas plataformas digitais no dia 9 de maio, mas todos que quiserem ouvi-lo na íntegra estão convidados para uma audição aberta antecipada no Malta Rock Bar, no dia 19 de abril", conclui o guitarrista.

https://www.youtube.com/watch?v=VJqo9Irpvjc&pp=ygUNYW1hemluZyBiYW5kYQ%3D%3D

https://www.youtube.com/watch?v=fo3ajEC9yFc&list=OLAK5uy_kMFQzkcYVeEwPUFyBPL35oZwkyXh1uEOE&index=6&pp=8AUB

https://youtu.be/fAEGmJfDEpY

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