sexta-feira, 3 de maio de 2024

O rock sulista ressurge com Black Crowes, Blackberry Smoke e Black Stone Cherry

 - É uma volta em grande estilo, por mais que o som dos Black Crowes soe bem anacrônico em 2024. depois de 15 anos sem canções inéditas, o grupo soa bem e com aluma modernidade, mas alguma coisa ainda os prende em uma fenda temporal aos anos 90 com aquele tepero setentista. 

Não que isso seja ruim, mas é que a reconciliação dos irmãos Chris (vocai) e Rich Robinson (guitarras0 prometia mais do que a banda entrega em "Hapiness Bastards". O disco é bom? É, mas a gente sempre espera um pouco mais de grandes bandas.

partindo de onde pararam, lá em 2009, o grupo tenta revitalizar aquele rock com cheiro de hard setentista que era deliciosamente molhado com o groove de The Faces e Rolling Stones, um som que recendia a sacanagem e malandragem, como a banda conseguiu reproduzir em São Paulo, em 2023, em um dos grandes momentos do rock internacional em todos os tempos na cidade.

"Wanting and Waiting", o primeiro single, prometia um disco com os Black Crowes revitalizados e prontos para retomar seu lugar nas paradas - se é que elas ainda existe,; O álbum é bom, mas ainda não será desta vez que os corvos negros recuperarão sua majestade. 

O primeiro single é vigoroso, com guitarras bem timbradas e riffs quase memoráveis, em que o balanço contagiante característico da banda aponta para um grande bailão. 

a banda até segura a onda na faixa "Close Your Fingers" e também na boa 'Dirty Cold Sun", as duas movidas a boas guitarras que moldam um som mais sujo e, por que não, um pouco mais pesado.

O clima continua bom, mas fica a sensação de repetição quando ouvimos "Flesh Wounds  "Badside Manners", dado a impressão de que a mesma fórmula foi usada alguma vezes, mudando apenas um acorde aqui e outro ali. Os riffs mantém a roda girando e a força da banda, mas ainda será necessário mais um tempo para desenferrujar de vez as engrenagens desta grande banda.

- Quando Charlie Starr começou a compor as músicas que se tornariam o novo álbum do Blackberry Smoke, "Be Right Here", a primeira música que o vocalista/guitarrista principal elaborou foi “Dig A Hole”. 

Formada por um antigo riff de guitarra combinado com um riff de coro Wurlitzer escrito pelo tecladista Brandon Still, a música de rock psicodélico pantanosa é uma declaração poderosa sobre a escolha do seu caminho na vida – se você quer ceder à tentação ou seguir uma estrada mais justa.

“Na vida, todos nós nos deparamos com escolhas”, diz Starr no material de divulgação do álbum. “Vamos fazer o bem ou vamos fazer o mal? Vamos amar ou vamos odiar? Temos um tempo finito, cada um de nós nesta Terra. Então, provavelmente, queremos tirar o melhor proveito dele em vez de desperdiçar tempo.”

“Dig A Hole” é a faixa principal de "Be Right Here" e dá o tom para outro conjunto expansivo de rock’n’roll do Blackberry Smoke. Como sempre, a banda sediada na Geórgia – Starr, Still, o guitarrista/vocalista Paul Jackson, o baixista/vocalista Richard Turner e o baterista Brit Turner – inspira-se no rock sulista, no rock clássico com tendência ao blues e no country vintage com raízes. Mas em Be Right Here, o Blackberry Smoke soa ainda mais seguro de si, desde a força de suas composições até sua execução musical.

"Be Right  Here" honra a tradição sulista e mostra a banda afiada, em um álbum coeso e regular, sem grandes discrepâncias. Recheado de boas ideias, É um grande tributo ao baterista Brit Turner, que morreu de câncer neste ano aos 57 anos. 

A banda escreveu e gravou "You Hear Georgia" durante os períodos mais intensos da pandemia, mas adiou o lançamento até que pudessem sair em turnê novamente. pE uma das melhores canções do disco. 

Starr diz que o Blackberry Smoke adotou a mesma abordagem deliberada com "Be Right Here", que foi gravado no final de 2022 e início de 2023, mais ou menos na mesma época em que o baterista Brit Turner foi diagnosticado com um tipo de tumor cerebral conhecido como glioblastoma. “Não sentimos muita pressão para gravar esse álbum rapidamente”, compartilha Starr. Hoje, Turner continua recebendo tratamento e permanece ativo e firme na banda.

Trabalhando mais uma vez com Dave Cobb, produtor vencedor do Grammy, o Blackberry Smoke criou uma obra crua e impactante. Eles gravaram o álbum ao vivo no mesmo espaço; uma abordagem que Cobb também prefere, já que se presta a uma energia mais livre. “Lembro-me de várias vezes em que eu dizia: ‘Acho que deveríamos refazer isso’, e ele dizia: ‘Não, deixe desse jeito. Assim é mágico”, lembra Starr. “É tão natural e real quanto possível.”

As letras de "Be Right Here" são particularmente literárias, cheias de personagens vívidos e identificáveis, o que faz com que as músicas muitas vezes se assemelhem a contos detalhados. Por exemplo, “Whatcha Know Good”, uma composição conjunta com Brent Cobb, é uma “música para se sentir bem”, conduzida por um narrador amigável que se dá bem com todo mundo e não gosta de negatividade.

Um toque de guitarra descontraído, semelhante ao dos Stones, do ex-guitarrista do Buckcherry, Keith Nelson, inspirou “Like It Was Yesterday”, ajudando Starr a conjurar outro personagem muito específico: um jovem sincero que não tem muita experiência de vida, mas sabe do que gosta e é grato pelos bons momentos. 

Outros destaques de "Be Right Here" incluem “Azalea” e “Little Bit Crazy”, ambas escritas em parceria com Travis Meadows, colaborador frequente de Starr na composição de músicas. A última música, que começa com um coro de cantores gospel cheios de alma antes de se transformar em um lânguido rocker sulista, apresenta um narrador que está envolvido em um relacionamento divertido, mas não necessariamente saudável.

"Be Right Here" termina com uma mensagem confiante, a balada poderosa e orgânica, “Barefoot Angel”. Starr diz que não escreve muitas canções de amor, mas abriu uma exceção aqui. “Ou sou eu cantando sobre minha esposa ou algum cara cantando sobre sua esposa que está na mesma situação, ou seja, eu não seria capaz de fazer nada sem ela. Quando estou preocupado e me sentindo mal, ela torna tudo melhor.”

- O blues continua dando as cartas no novo disco do Black Stone Cherry, "Screamin' at the sky". O peso ainda permanece em algumas canções, mas o direcionamento musical mudou um pouco. Ainda é um baita disco, mas a banda está soando menos visceral.

Com as guitarras menos estrondosas, "Screamin' at the Sky" é mais confessional e mais reflexivo, onde as letras dão um salto de qualidade, como na faixa-título, embalada por guitarras densas, e "Nervous", mais urgente e caindo para o rock and roll.

Tem também a incandescente "Whn the Pain Copmes", com sua pegada mais à la Lynyrd Skynyrd e um baixo retumbante. Por outro lado, são s Allman Brothers que viram a referência para as boas "Out of the Pocket" e “Show Me What it Feels Like”, esta última caindo para o blues. 

"The Mess You Made", que diria, remete ao melhores trabalhos dos Black Crowes, aliando guitarras encharcadas de feeling com um groove acentuado e que move a música quase sem fazer força. É um disco poderoso que, se não ultrapassa em qualidade os outros mencionados antes neste texto, ao menos siaaliza que a banda ainda está em ascensão


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