terça-feira, 12 de novembro de 2024

O renascimento cultural de Porto Alegre tem muito a nos ensinar

 Marcelo Moreira


Feira do Livro de Porto Alegre (FOTO: DIVULGAÇÃO)


A anedota antifascista é mais ou menos assim: “E gora? O que nos resta? O que faremos?” A resposta: “Poesia. Esses canalhas não suportam poesia.” Com esse espírito libertário e determinado, o povo gaúcho secou as lágrimas dos rostos ainda encharcados pelas águas dos rios que alagaram todo o estado do Rio Grande do Sul e foram à luta.

 

Seis meses depois das tragédias das enchentes, a cultura é o sinal mais eloquente a volta por cima gaúcha e serve de exemplo de como batalhar pela superação e pela recuperação.

 

O Cais Mauá renovado e a Feira do Livro de Porto Alegre enche m de esperança diante da luta incessante contra o negacionismo climático, a disseminação criminosa de fake news e a movimentação igualmente criminosa de extremistas de direita de se esquivar das responsabilidades pela falta de preparo para enfrentar a tragédia.

 

Quando o livreiro viu a sua livraria inundada no centro d Porto Alegre, só lhe veio uma resposta na cabeça ao ser perguntado como fazer para se levantar. “Cantar e mergulhar na arte. A arte cura tudo e persegui-la é prazeroso. Vamos nos recuperar porque ade uma vida mais digna.” arte é a base de tudo

 

As livrarias foram recuperadas e formaram a base para que a Feira Literária voltasse a acontecer, como bem lembrou o músico e cineasta Carlos Gerbase em conversa com a equipe do Combate Rock. “A recuperação foi dura, lenta e custosa, mas estamos de pé novamente e a Feira do Livro é a parte mais vistosa de nossa recuperação.”

 

São pelo menos 20 editoras gaúchas expondo seu material e clamando por leitores em pelo processo de recuperação. Algumas perdera tudo, bem como autores que ainda estão casa para morar. Mais do resiliência, o meio literário o Rio Grande do Sul mostra resistência e uma capacidade impressionante de se reerguer. Mais uma vez é hora de prestigiar autores e editoras gaúchas.

 

Quanto ao recuperado Cais Mauá, tão cantado nas letras das bandas gaúchas de rock, o cartão postal de Porto Alegre reabre com novas atrações e mais de 30 bares e restaurantes. É o coração cultural da capital odos gaúchos e onde pulsa a veia roqueira de uma cidade que sempre amou a música e a cultura.

 

Poder desfrutar de tamanho privilégio após meses de uma grave tragédia é o maior sinal do poder de regeneração e superação de uma sociedade que ainda busca sua consciência ambiental e de preservação da espécie.

 

A questão é isso não é suficiente para que consigamos nos precaver de novas tragédias – e a eleição de lixos como Donald Trump, nos Estados Unidos, e porcarias parecidas no Brasil sempre nos lembra isso,

 

Quantas vezes teremos de assistir ao choro de quem perdeu tudo e às declarações inconformadas de pessoas que tentam passar otimismo ao falar de recuperação? Até quando teremos de despender esforços para “reconstruir” e “recuperar”, em vez de criar e avançar?


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