Marcelo Moreira
Por um dos desses caprichos da vida. Não dá para considerar uma mera coincidência que um maluco extremista de direita cometa um atentado em Brasília na mesma semana em que rola um festival de rock pesado com bandas que simpatizam ou que beiram o fascismo.
Os alertas eram claros desde a ocorrência de 8 de janeiro de 2023, quando ocorreram os atentados terroristas na Praça dos Três Poderes: não foi apenas um rompante de imbecis e vândalos – os extremistas fascistas sempre estariam à espreita para minar e corroer a democracia, quase sempre com o suporte de partidos ou qualquer tipo de organização de interesses políticos.
Era só questão de tempo que novo atentado acontecesse. O clima cada vez mais polarizado e radicalizado estimula a proliferação do ódio cada vez mais forte, realçando o caráter autoritário do povo brasileiro que não aceita a derrota. O espanto é que tenha demorado para ocorrer novamente.
É claro que os apressados e oportunistas de direita se apressaram a amenizar o ataque do maluco de Santa Catarina ao STF (Supremo Tribunal Federal). “Lobo solitário”, “maluco”, “lunático” são alguns dos “eufemismos” para tirar a gravidade do ocorreu – o autor, Francisco Wanderlei Luiz, e Santa Catarina, foi filiado ao PL e era bolsonarista fanático.
Essa postura é criminosa porque qualifica como um mero ato de vandalismo um verdadeiro ato terrorista que se configura um atentado à democracia, coisa gravíssima que estimula ainda mais a violência.
E onde entra o rock fascista neste contexto? Ora, é o simples fato de ser realizado um festival de punk rock e heavy metal clandestino em prol de uma ideologia nojenta, desumana e asquerosa. Como isso ainda é possível?
Um festival desse tipo ocorreu recentemente em uma cidade da Grande São Paulo, em estilo de evento de motoclube, mas com bandas extremas. Quem viu o material de divulgação e soube de quem deveria frequentar não teve dúvidas: era um evento extremista de simpatia ao fascismo e com presença de gente que é escancaradamente neonazista.
Por ser clandestino, teve divulgação restrita, mas quem conseguiu observar comentários nas redes sociais não teve dúvidas: os apoiadores são fascistas de carteirinha e que adoraram o ato de violência em Brasília. A maioria esmagadora era de gente simpática a políticos e extrema-direita, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro.
É evidente que não dá para associar essa gente execrável a Bolsonaro, mas não é surpreendente para qual lado pende essa balança – afinal, apoiadores do ex-presidente eram a imensa maioria dos terroristas que vandalizaram os prédios dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023 em Brasília.
Entre xingamentos aos ministros do STF e desprezo explícito pelam democracia, esses supostos roqueiros, de direita jogam no lixo o legado de solidariedade, de união, de generosidade e de contestação que sempre acompanharam o rock. Optaram pelo ódio, pela perversidade e pela violência contra o diferente, pelo preconceito e pelo racismo. Fascismo não combina com o rock
As eleições de vários líderes que manifestam simpatias a ideologias que resvalam no fascismo, começando coma d e Donald Trump, em 2016, passando pela de Bolsonaro, em 2018, mostrou que o mundo entraria em uma fase aguda de retrocesso institucional e de civilização.
A conta está chegando rápido, ainda que algumas derrotas desses seres execráveis tenham ocorrido no caminho. São tempos muito difíceis para exercer a cidadania e lutar por justiça social, redução de desigualdades diversas e para celebrar ideias progressistas.
A resistência, e de´pis a luta, começam no microcosmo de nossas cabeças, de nossas casas, de nossas ruas, de nossos bairros. Ou seja, começa dentro de nossos meios de vida e ambientes em que frequentamos.
No nosso rock, não há espaço para ódio e fascismos, muito menos neonazistas. E [é sempre bom lembrar o mantra da banda mineira de heavy metal Black Pantera: “Fogo nos Racistas”!
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