Autoconfiança nunca faltou para o inglês John McLaughlin. Com um sorriso quase permanente no rosto e uma compenetração espantosa, o guitarrista chegou a Nova York nos anos 60 e derrubou quaisquer restrições que os norte-americanos pudessem ter em relação a sua competência e habilidade. "O jazz que esse cara toca é assombroso", teria dito Jimi Hendrix no final daquela década.
Esse monstro da guitarra, que se tornou uma espécie de "outsider" da música instrumental internacional após os anos 80, chega em 2022 aos 80 anos de idade como um dos nomes consagrados da música instrumental, seja no rock, seja no jazz.
Não são poucos os que atribuem a McLaughlin a criação do jazz rock, no início dos anos 70, seja tocando nos Estados Unidos ou voltando esporadicamente à Inglaterra. Afinal, ele criou e foi o líder da extraordinária The Mahavishnu Orchestra, talvez o principal sinônimo da fusão dos dois gêneros.
"É o maior guitarrista vivo e um dos principais músicos em atividade no mundo", disse o mago Jeff Beck em uma entrevista em 2007 – isso para não precisar citar aqui as toneladas de prêmios que ganhou, entre eles o Grammy.
Quem teve uma opinião semelhante foram dois gigantes do jazz. O trumpetista Miles Davis foi um dos seus admiradores e o convidou para tocar em sua banda por um tempo.
Outro que ficou encantado foi o baterista Tony Williams, que fez questão de ter McLaughlin em sua banda recheada de feras, o Tony William's Lifetime.
Além da Mahavishnu Orchestra e dos trabalhos solo de extremo bom gosto, o guitarrista inglês também protagonizou um dos grandes momentos da música universal, a série de concertos ao lado de Al DiMeola e paco de Lucía, os três tocando violões.
O álbum "Friday Night in San Francisco", lançado em 1981, é um daqueles momentos marcantes em que o tempo para e só você percebe o que acontece – e só você escuta, ou pelo menos é assim que interpretamos.
É o tipo de sensação que muitos, no século XIX, garantem ter sentido no teatro Scala, de Milão, assistindo a óperas de Giuseppe Verdi, ou em Bayreuth, na Alemanha, na execução sinfonias de Richard Wagner.
Clássico imediato
Dois já veteranos músicos do cenário internacional aceitara se unir a um jovem prodígio do jazz para uma turnê que deveria reunir o melhor do rock, do jazz, do blues e da música flamenca, além de traços da música erudita. Mistura inusitada, mas instigante.
Internacionalmente, o grande nome era John McLaughlin, guitarrista inglês prestigiadíssimo na Londres do final dos anos 60 e que foi laureado com a honra de tocar com Miles Davis, experiência que foi fundamental para que criasse a sua Mahavishnu Orchestra, um dos pilares do jazz rock.
Al Di Meola, geniozinho precoce, despontou quando integrou um dream team do jazz fusion, o Return to Forever, ao lado dos ícones Stanley Clarke (baixo), Chick Corea (teclados) e Lenny White (bateria). A partir daí decolaria em uma carreira solo extraordinária.
Paco de Lucia, por sua vez, era muito admirado pelos outros dois e era referência europeia no violão erudito e na música flamenca. Frequentemente foi considerado o instrumentista de cordas mais habilidoso e veloz no segmento de cordas.
Apesar das experiências e currículos diversos, ninguém estranhou quando a turnê americana com os três foi engatilhada.
Dois já veteranos músicos do cenário internacional aceitara se unir a um jovem prodígio do jazz para uma turnê que deveria reunir o melhor do rock, do jazz, do blues e da música flamenca, além de traços da música erudita. Mistura inusitada, mas instigante.
Internacionalmente, o grande nome era John McLaughlin, guitarrista inglês prestigiadíssimo na Londres do final dos anos 60 e que foi laureado com a honra de tocar com Miles Davis, experiência que foi fundamental para que criasse a sua Mahavishnu Orchestra, um dos pilares do jazz rock.
Al Di Meola, geniozinho precoce, despontou quando integrou um dream team do jazz fusion, o Return to Forever, ao lado dos ícones Stanley Clarke (baixo), Chick Corea (teclados) e Lenny White (bateria). A partir daí decolaria em uma carreira solo extraordinária.
Paco de Lucia, por sua vez, era muito admirado pelos outros dois e era referência europeia no violão erudito e na música flamenca. Frequentemente foi considerado o instrumentista de cordas mais habilidoso e veloz no segmento de cordas.
Apesar das experiências e currículos diversos, ninguém estranhou quando a turnê americana com os três foi engatilhada.
Especulou-se a respeito dos egos inflados que poderiam colocar tudo a perder, mas isso não ocorreu. Houve muito respeito no palco e uma espécie de pacto de colaboração com cada um ajudando o outro e jogando juntos para um espetáculo marcante.
A maior excentricidade do repertório, que acaba sendo o maior destaque, em minha opinião, é “Frevo Rasgado”, composição do brasileiro Egberto Gimonti, venerado pelos três guitarristas, o que só realça a genialidade do compositor. A canção foi executada de forma brilhante por Lucia e McLaughlin, que a executaram de forma soberba.
Os três juntos, no álbum, só duelaram, digamos assim, na bela “Fantasia Suite”, de Di Meola, onde cada um deu jeito de estraçalhar no instrumento em uma composição que “sugeria” momentos virtuosos. “Guardian Angel”, de McLaughlin, que fecha o disco, foi gravada em estúdio cinco meses depois, já em 1981.
A maior excentricidade do repertório, que acaba sendo o maior destaque, em minha opinião, é “Frevo Rasgado”, composição do brasileiro Egberto Gimonti, venerado pelos três guitarristas, o que só realça a genialidade do compositor. A canção foi executada de forma brilhante por Lucia e McLaughlin, que a executaram de forma soberba.
Os três juntos, no álbum, só duelaram, digamos assim, na bela “Fantasia Suite”, de Di Meola, onde cada um deu jeito de estraçalhar no instrumento em uma composição que “sugeria” momentos virtuosos. “Guardian Angel”, de McLaughlin, que fecha o disco, foi gravada em estúdio cinco meses depois, já em 1981.
Qualquer disco da Mahavishnu Orchestra e "Friday Night in San Francisco" servem de excelente início para imergir no mundo encantado de John McLaughlin, um guitarrista absolutamente necessário.
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