Flavio Leoonel - do sute Roque Reverso
Criticado como nunca por escantear o estilo que dá nome ao festival e dar espaço até à música sertaneja, o Rock in Rio teve no seu primeiro fim de semana da edição de 2024 o bom e velho rock and roll representado por bandas no sábado, 14 de setembro, e no domingo, 15. Após o que aconteceu na sexta-feira, 13, com aberrações musicais que representaram um verdadeiro e sonoro “insulto ao rock”, a vertente da música que é razão de existência deste site apareceu com bons momentos, algumas surpresas satisfatórias, shows à parte de fãs e, acima de tudo, boas apresentações de boa parte dos nomes escolhidos.
Entre os destaques do rock do primeiro fim de semana do evento, Evanescence e Incubus despontaram com os melhores shows, o Imagine Dragons surgiu apoteótico e houve uma reparação de injustiça histórica ao lendário Deep Purple, que, incrivelmente, jamais havia tocado num festival da magnitude do Rock in Rio, mas que quase 40 anos depois da edição de 1985, veio ao evento para trazer um show digno.
Chamaram a atenção também no fim de semana, de maneira positiva, as apresentações coesas do Avenged Sevenfold e do grupo britânico James, além dos shows de atrações brasileiras, como os Paralamas do Sucesso e as bandas Pato Fu e Penélope, que tocaram juntas no Palco Sunset.
Sábado de pop rock
Em tempos nos quais um festival com o nome de Rock in Rio tem mais atrações de outros estilos do que de rock, qualquer som com pitadas de rock and roll já consegue ser capaz de provocar boas sensações aos fãs do estilo.
Com isso, mesmo que o sábado concentrasse em sua maioria bandas de pop rock, os ouvidos agradeciam a possibilidade de não ter que conviver com os sons da véspera.
O bom e velho rock and roll finalmente deu o ar da graça no Palco Sunset no meio da tarde quente, com as bandas brasileiras Penélope e Pato Fu abrindo os trabalhos.
Capitaneadas, respectivamente pelas vocalistas Érika Martins e Fernanda Takai, os dois grupos trouxeram hits da carreira de maneira competente, além de uma homenagem à Rita Lee, com “Ovelha Negra” e cover bacana do grupo norte-americano The B-52s, com a execução de “Private Idaho”.
James estreia no festival
Em meio a nomes pop, como a cantora Zara Larsson, o brasileiro Lulu Santos e o OneRepublic, e nomes competentes do blues, como Christone “Kingfish” Ingram, a banda britânica James fez sua estreia no Rock in Rio com um show de qualidade que foi ganhando o público aos poucos.
Com músicas bem tocadas e uma banda bem entrosada, o James não deixou (e nem poderia) de fora seus maiores hits, como “Sit Down”, “Born of Frustration”, “Getting Away With It (All Messed Up)” e “Laid”.
Os músicos pareciam curtir cada momento na Cidade do Rock e o vocalista, Tim Booth, desceu do palco várias vezes para celebrar com o público, que entrou na onda e curtiu momentos de selfie com ele e manteve o astral elevado na Cidade do Rock.
Destaque também para o baterista, David Baynton-Power, e a percussionista, Deborah Knox-Hewson, que deram um show à parte com duelos nas baquetas.
Imagine Dragons apoteótico
Headliner do Palco Mundo no segundo dia do Rock in Rio 2024, o Imagine Dragons trouxe mais um show apoteótico para o Brasil, reforçando sua condição de grande atração entre os grandes festivais do planeta.
Com o público fã em êxtase, a banda norte-americana trouxe música intensa e de qualidade, além de grandes efeitos visuais e uma quantidade de papel picado que parecia não ter fim.
Hits obrigatórios, como “Thunder”, “Radioactive”, “Whatever It Takes”, “Bad Liar” e “Believer” estiveram presentes e deixaram a plateia satisfeita com o repertório apresentado.
Muitos até podem contestar o Imagine Dragons como uma atração rockeira, mas o pop rock de qualidade da banda acabou se tornando, no sábado, uma espécie de “boia de salvação” para quem deseja ver o estilo que dá nome ao festival contemplado.
O ‘Dia do Rock”
No chamado “Dia do Rock” no Rock in Rio (sim, é isso mesmo!), as bandas brasileiras foram as primeiras a se apresentar nos diversos palcos distribuídos na Cidade do Rock.
O Barão Vermelho abriu os trabalhos no Palco Sunset e os Paralamas do Sucesso foram os primeiros do dia no Palco Mundo.
Planet Hemp e Pitty tocaram juntos no Palco Sunset e o Black Pantera foi um dos grupos escolhidos para abrilhantar o Palco Supernova, que teve ainda a sempre ótima banda Crypta com seu death metal de responsa, o Dead Fish e os grupos The Mönic e Eskröta, mostrando que uma nova geração do rock nacional tende a fazer o estilo sobreviver.
Journey faz seu primeiro show no Rock in Rio
Primeira atração internacional do “Dia do Rock” no Rock in Rio, o Journey trouxe alguns de seus maiores hits ao festival realizado na capital fluminense.
Na estreia da banda norte-americana no Rock in Rio, os sucessos “Don’t Stop Believin'” e “Anyway You Want it” foram, como o esperado, os mais cantados pelo público.
Mas uma chuva de críticas caiu nas redes sociais sobre o vocalista, Arnel Pineda, que, para muitos, desafinou em várias músicas executadas.
Incubus levanta público com apresentação de qualidade
Segunda atração internacional a tocar no “Dia do Rock” do Rock in Rio, o Incubus fez um dos melhores shows do festival. Com vários de seus sucessos da carreira, o grupo norte-americano encantou e levantou o público.
Faixas obrigatórias, como “Circus”, “Wish You Were Here” e “Drive”, foram só algumas que agradaram demais quem assistiu ao show de músicos competentes e entrosados.
Não bastasse o desfile de hits, a banda ainda tocou com maestria três covers de grandes nomes da música: um trecho de “In The Air Tonight”, de Phil Collins, além de “Come Together”, dos Beatles, e “Glory Box”, do Portishead.
Destaque maior para a performance da baixista Nicole Row, que deu um show à parte, com seriedade e técnica apurada.
Evanescence brilha com a força da natureza Amy Lee
Uma das atrações mais aguardadas do “Dia do Rock” no Rock in Rio, o Evanescence não decepcionou e fez uma das maiores apresentações do festival na capital fluminense na noite do domingo, 15 de setembro.
Com a vocalista Amy Lee, pela enésima vez, esbanjando categoria em solo brasileiro, o Evanescence entregou um show pesado e com um som da mais alta qualidade.
Hits obrigatórios, como “Going Under”, “My Immortal” e “Bring Me to Life” estiveram entre os momentos mais marcantes da apresentação.
Mas composições mais novas, como a emocionante “Wasted on You”, também mostraram que o Evanescence está numa ótima fase.
E Amy Lee, esta verdadeira força da natureza, é uma vocalista que merecia um grau de reconhecimento muito maior do que o que já possui.
A reparação da injustiça histórica com o lendário Deep Purple
O lendário Deep Purple finalmente se apresentou no Rock in Rio. Headliner no Palco Sunset no “Dia do Rock” do festival, a banda britânica desfilou clássicos do bom e velho rock and roll e emocionou, principalmente pela dedicação e dignidade do vocalista Ian Gillan, com seus 79 anos e cantando clássicos lançados quando ele estava na faixa dos 20 anos.
Faixas, como “Highway Star”, “Lazy”, “Smoke on the Water”, “Space Truckin'” e “Black Night”, marcaram presença e foram muito bem recebidas pelo público.
Considerado curto para os padrões do Deep Purple, o show no Rock in Rio deixou de fora, por exemplo, nada menos que “Perfect Strangers”, clássico obrigatório no repertório da banda.
Mesmo com este detalhe, finalmente uma reparação de injustiça histórica a uma das maiores bandas de rock de todos os tempos foi feita por um festival da magnitude do Rock in Rio.
Avenged Sevenfold encerra ‘Dia do Rock’ com público em êxtase
O Avenged Sevenfold fechou o “Dia do Rock” no Rock in Rio com um show que levou ao êxtase os fãs presentes na Cidade do Rock.
O headliner do Palco Mundo trouxe alguns dos seus maiores sucessos na carreira, além de músicas que foram feitas durante todo o período de ausência da banda no Brasil desde a vinda ao Rock in Rio de 2013.
Sucessos como “Hail to the King” e “Nightmare”, foram os que mais foram cantados a plenos pulmões na Cidade do Rock.
Alerta
Se você aproveitou, de alguma maneira, de casa pela TV ou presencialmente, as atrações do rock no primeiro fim de semana do Rock in Rio, é bom se preparar para assistir raríssimos momentos entre a quinta-feira e o próximo domingo.
Tudo porque haverá muito pouco de rock and roll ou quase nada do estilo musical que dá nome ao evento nesta segunda parte do festival.
O que vem por aí
No dia 19 de setembro, além do headliner Ed Sheeran, estão escalados Charlie Puth, Joss Stone e o cantor brasileiro Jão. Até o ator Will Smith foi escalado para o Palco Sunset neste dia, mas o rock ficou mesmo com algum acorde que Ed Sheeran decidir trazer à sua guitarra e alguma referência que Joss Stone quiser fazer no seu sempre bom show.
No dia 20, além da healiner Katy Perry, vão se apresentar Karol G, Cyndi Lauper e a brasileira Ivete Sangalo.
No dia 22, o Palco Mundo terá o headliner Shawn Mendes, além de Akon e NE-Yo. Vale lembrar que o dia também terá uma outra atração pop de peso, mas no Palco Sunset, com a headliner Mariah Carey.
O dia 21 de setembro traz uma homenagem à participação brasileira na história do Rock in Rio, num esquema de vários artistas tocando. A despeito de haver nomes do rock, como o Capital Inicial, Detonautas, NX Zero e Pitty, aberrações (pela ótica do rock) do sertanejo e do funk carioca estarão presentes.
10ª edição
A edição de 2024 é a 10ª do Rock in Rio no Brasil. O festival foi realizado na capital fluminense em 1985, 1991, 2001, 2011, 2013, 2015, 2017, 2019 e 2022.
Criado em 2009, o Roque Reverso fez a cobertura das edições de 2011, 2013, 2015, 2017, 2019 e 2022 do festival.
Nesta página especial do evento, é possível acompanhar as informações de vários shows destas seis últimas edições.
Primeiro fim de semana do Rock in Rio tem Evanescence e Incubus com os melhores shows, Imagine Dragons apoteótico e reparação de injustiça histórica com o Deep Purple
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