Flavio Leonel - do site Roque Reverso
A banda Keane se apresentou em São Paulo na noite do sábado, 9 de novembro. Com um Espaço Unimed com ingressos esgotados, o grupo britânico emocionou fãs, trazendo um repertório amplo e repleto de hits da carreira.
Com uma sinergia impulsionada por uma plateia exemplar e repleta de fãs com alto grau de dedicação à banda, a apresentação do Keane ganhou aquele componente que costuma diferenciar um show morno de um show com doses apoteóticas.
Quem esteve presente no Espaço Unimed, viu certamente uma apresentação que ficará na mente durante um bom tempo com diversos exemplos de tudo aquilo que faz um show de rock, independente de qualquer vertente, ser uma experiência única e altamente recomendável para quem quer guardar grandes momentos na vida.
Terceira apresentação da passagem pelo Brasil
A volta do Keane a São Paulo fez parte da turnê mundial comemorativa dos 20 anos do lançamento do álbum de estreia da banda, “Hopes and Fears”.
Antes da apresentação na capital paulista, o grupo havia passado dias antes, no Brasil, nas cidades de Curitiba e do Rio de Janeiro.
O show
O Keane iniciou o show com “Can’t Stop Now”, do álbum homenageado na turnê. Logo de cara, a vibração do público no Espaço Unimed mostrou que aquele seria um show no qual a plateia teria papel fundamental para deixá-lo ainda mais interessante.
Logo após a música inicial, o vocalista Tom Chaplin cumprimentou o público e falou que estava sentindo que a noite prometia, destacando que “aquele era um sábado à noite em São Paulo”.
A segunda faixa executada na noite foi “Silenced by the Night”, do quarto álbum de estúdio “Strangeland”, de 2012. O show ganhou em energia e o coro da plateia já dava sinal que aquilo seria uma tendência extremamente positiva ao longo da apresentação.
“Bend and Break” e “Your Eyes Open” foram mais duas do álbum “Hopes and Fears” que entraram no repertório, com direito a chuva de papel picado no fim da primeira.
Em “Your Eyes Open”, Tom Chaplin pegou uma bandeira brasileira e colocou a mesma como uma vestimenta no pedestal do microfone. A bandeira ficaria ali até o final da apresentação e o pedestal seria uma espécie de complemento visual no show.
“Spiralling” foi a primeira representante da noite do álbum “Perfect Symmetry”, de 2008, e foi seguida por mais uma do “Hopes and Fears”: “Sunshine”.
Neste momento do show de músicas intercaladas, o vocalista do Keane falou a única palavra em Português da noite: “Obrigado”. E explicou, com uma boa dose de humor britânico, que seria melhor compreendido pelo público se falasse em Inglês do que se tentasse falar na língua praticada no Brasil.
“Sunshine”, “The Way I Feel”, “The Frog Prince” e “You Are Young” vieram na sequência.
E é muito importante não deixar de destacar todo o entrosamento do grupo e a qualidade dos demais integrantes da banda.
Nos teclados, Tim Rice-Oxley compensa a ausência da guitarra com sons potentes, sem deixar a melodia de lado. Richard Hughes, na bateria, e Jesse Quin, no baixo, formam a tradicional cozinha da banda com boa e adequada qualidade.
Não por acaso, o som que se ouviu no Espaço das Américas parecia nítido no mais alto nível.
Em “The Way I Feel”, o público acompanhou uma parte da música com palmas e, em “The Frog Prince”, o vocalista homenageou um dos fã-clubes da banda, pegando um sapo de pelúcia e colocando o objeto em frente à bateria.
Pouco antes de “You Are Young”, Tom Chaplin testou os pulmões da plateia, fazendo a mesma repetir um trecho vocal seu e o momento foi interessante.
Chegou a provocar o público presente, perguntando se gerariam uma resposta mais alta que no show do Rio. E, claro, foi ali que o público intenficou a reação.
O momento lindo em ‘Everybody’s Changing’
Como era esperado, o show do Keane chegou ao seu momento mais belo e inesquecível quando a banda tocou seu hit “Everybody’s Changing”.
Com uma dose de emoção elevada, grupo e plateia geraram aquele cenário único que faz um bom show de rock algo inesquecível.
Quem esteve no Espaço Unimed e, naquele momento, não teve algum tipo de emoção, talvez, tenha “morrido por dentro” e não percebeu.
A união da voz doce de Tom Chaplin com as vozes do público, numa das músicas mais belas deste século, gera sentimentos que fazem bem para a alma.
Não por acaso, Tom Chaplin afirmou logo após a música que toda aquela vibração era inacreditável e que eles tinham muita sorte de viver tudo aquilo.
Sequência
Nem é preciso dizer que, depois daquele momento lindo, o jogo estava ganho. Para a banda, bastava seguir com a qualidade, pois o público estaria com ela para o que der e vier.
Após uma sequência com “Hamburg Song”, “Untitled 1” e “A Bad Dream”, sempre com o público cantando junto, o Keane trouxe outra penca de hits de fazer inveja a outras bandas.
“Perfect Symmetry” e “Is It Any Wonder?” foram executadas com maestria e vale aqui também elogiar o show de luzes de diversas cores que, em vários momentos do show, trouxeram um elemento visual complementar de muito bom gosto.
Após a execução de “She Has No Time” e de “This Is the Last Time”, foi a vez de o grupo seguir para o fim da primeira parte do show com outros dois hits obrigatórios.
Em “Crystal Ball”, o público, que já cantava verso por verso no show, passou a pular junto, num dos grandes momentos da apresentação.
Já “Somewhere Only We Know” foi mais um dos aqueles momentos pra guardar pra sempre na mente, com vozes e mais vozes cantando junto.
Após uma breve pausa, o Keane voltou para o bis com uma surpresa especial para o público de São Paulo. Atendendo os pedidos dos fãs de carteirinha, presenteou a plateia com a música “Disconnected”, que não havia sido tocada no Rio e em Curitiba.
A resposta foi o público cantar a faixa inteira com Chaplin a plenos pulmões.
Na sequência, o Keane tocou “We Might as Well Be Strangers” e “Sovereign Light Café”, esta com direito a nova chuva de papel picado, para depois emendar uma versão para “Under Pressure”, do Queen, que não estava originalmente no set list.
O show do Keane chegou ao fim após a banda tocar a música “Bedshaped”.
Terminava assim uma experiência marcante para o público que lotou o Espaço Unimed, uma casa que comporta 8 mil pessoas.
Visivelmente feliz e realizada, a banda também mostrou que tudo aquilo estava sendo saboreado pelos músicos.
Os felizardos que estiveram no show de 2024 em São Paulo saíram com a certeza de ter visto um grande momento da música na cidade.
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