segunda-feira, 27 de maio de 2024

O legado mágico de '1984', o maior clássico do Van Halen

 A ousadia por meio da simplicidade inovadora simbolizada por um anjo criança fumando e com cara de sacana. Na época foram poucos os que tiveram consciência do que estava acontecendo. Como poderia haver tamanha rebeldia e inovação em um simples LP?

O impacto e as mudanças de "1984", do Van Halen, foi silencioso, até certo ponto, mas duradouro, sem o estardalhaço do movimento punk oito anos antes. Não encabeçou um movimento, mas certamente impulsionou toda uma cena de hard rock que alterou completamente o panorama do rock da época.

Mas qual a genialidade e a importância que o álbum trouxe se não pioneiro, não inventou nada e nem rompeu com nada - dependendo do ponto do vista?

O sexto álbum do Van Halen estabeleceu novos padrões de produção e de excelência musical sem abusar da autoindulgência e pretensão do rock progressivo e ou da grandiosidade exagerada do heavy metal. "1984" buscou na simplicidade acessível e do uso criativo de sintetizadores, usados desde 1970, pelo menos, um olhar diferente para embalar a festa e o bom humor característicos da banda.

O hard rock já crescia desde o ano interior, quando o Quiet Riot atingiu o topo das paradas - a primeira banda de rock pesado - a conseguir a façanha. Os canadenses do Triumph estavam no auge com seu som poderoso movido a guitarras e colava no Judas Priest, que rivalizava com o poderoso som bombástico de Ozzy Osbourne em carreira solo.

Van Halen colocou em seu melhor álbum ate então uma nova abordagem sonora de rock pesado com canções mais elaboradas com arranjos diferentes. nada seria a mesma coisa no rock depois de "1984".

Todas as bandas californianas de hard rock que explodiram depois beberam naquele álbum icônico, seja pelo conceito, seja pela abordagem ou simplesmente pelo estímulo na busca por sonoridades que iam além do simples rock baseado na guitarra; 

Foi uma mudança que foi demorada a ser percebida, ainda que teve impacto quase que imediato na juventude que vi brava com o surgimento de tantas bandas seminais e extraordinárias. Era o tempo em que o Van Halen precisava se superar para fazer frente e um torpedo sonoro com "stay Hungry", do Twisted Sister;

Não era surpreendente que o Van Halen aparecesse com uma obra-prima e despontasse, de novo, na liderança de um subgênero com boas doses de inovação e canções maravilhosas.

Tinha sio assim em 1978, quando a banda laçou "Van Halen", a estreia poderosa em LP que praticamente salvou o rock, recolocando no mercado depois da febre da disco music e do início do esgotamento do movimento punk; 

Revolucionário, o guitarrista Eddie Van Halen (1955=2020) provocou um terremoto digno daquele que Jimi Hendrix causou dez anos antes. Sua técnica impossível de ser replicada e seus sons tão distintos e pessoais - e diferentes - elevaram os padrões instrumentais e adicionou doses cavalares de excelencia picas vezes vistas. 

"Runnin' with the Devil", "Ain't Talkin' 'Bout Love", "Mean Strret", "Unchained", "head About it Later", a versão de "You Really Got Me" e mais uma pilha de clássicos catapultaram o guitarrista e a banda para o estrelato, jogando uma pressão grande para que a genialidade se mantivesse.

"Diver Down", de 1982, foi um álbum de respeito antes do grande salto. Tinha versões de clássicos do rock, tinha coisas experimentais e tinha jazz, com a participação do pai de Eddie e do baterista Alex Van Halen, Jan, um clarinetista talentoso que tinha boa reputação em sua Holanda natal.

Quando entraram nos estúdios para colocar em prática a sua revolução sonora, o Van Halen já era grande. As primeiras rusgas entre os integrantes apareciam em pequenas discussões, mas que indicavam que havia insatisfação por parte do vocalista David Lee Roth. Ele realmente incorporou a persona do "rock star" e queria porque queria influenciar os destinos da banda, para desespero e ira dos irmãos Van Hsalen.

O clima festivo mascara um pouco a tensão reinante, tensão que também foi responsável pela explosão criativa. As velhas e boas sacanagens comparecem na ótima 'Hot For Teacher", mas tem também uma reflexão pouco usual na excelente "I'll Wait" e seu riff matador de teclado e guitarra. 

Tem também a dramática e sarcástica "House of Pain", com Eddie desfilando elegância, e a roqueira "Top Jimmy", como se fosse uma tentativa de relembrar os velhos tempos, mas com uma roupagem moderna.

No entanto, são os dois megahits que mostram a evolução do grupo, um "novo" Van Halen, que explora as múltiplas possibilidades da guitarra e dos sintetizadores. É um rock próximo do pop, acessível, mas que aponta para novos caminhos naquele ano de 1984.

"Jump" e "Panama" tornaram-se clássicos instantâneos do rock, obrigatórios em qualquer lista de principais exemplos do gêneros. "Jump" é aquele rock de arena contagiante que faz com que todo mundo queira pular e liberar energia. Tem um dos riffs de teclado mais conhecidos, assim coo o solo de guitarra fenomenal ma segunda parte.

"Panama" é a festa por excelência, o maior exemplo de co,o tem de ser o hard rock positivo e energético, com riffs monstruosos e pegajosos, daqueles que grudam no cérebro eternamente e que transcendem o rock. 

O auge do Van Halen foi, ironicamente, a derrocada da formação clássica. A extensa turnê americana durou até meados de 1985, e no final do ano Roth já anunciava que estava fora da banda e lançava o EP "Crazy From the Heat", com versões para canções como "California Girls" e "Just a Gigoloo/Ain't Got Nobody". Largou a vida de cantor de rock para se tornar um crooner de entretenimento variado. Deu certo por algum tempo, mas a imagem de "personagem" se desgastou nos anos 90.

O Van Halen, or sua vez, mudou radicalmente. Com o cantor e guitarrista Sammy Hagar, bem mais velho que os outros integrantes e sólida carreira solo, o grupo acentuou a pegada mais pop sem perder o peso, compondo canções mais elaboradas. 

No entanto, perdeu a espontaneidade e o bom humor. vendeu mais do que nunca, mas o desgaste apareceu em 1996 após quatro álbuns. Hagar saiu brigado com irmãos Eddie e Alex e só voltaria a tocar na banda por uma breve turnê de revival em 2004. Engatou de novo a carreira solo com sucesso e se tornou empresário, sendo dono de casas noturnas e de fábricas de tequila.

A banda, lamentavelmente, perdeu o rumo; Tentou a volta de Roth em 1996, que gravou duas músicas inéditas para uma coletânea, mas as tensões afloraram a ponto de causar um rompimento ainda mais ruidoso do que o primeiro.

No ano seguinte, a surpresa: o amigo Gary Cherone, então ex-Extreme, assume os vocais para o álbum "Van Halen III", que não fez O disco era interessante, mas muito diferente do que era o VanHalen e foi incompreendido. Não durou muito

A banda pouco fez até 2007, quando anunciou a volta de David Lee Roth e a saída de do baixista Michael Anthony, substituído por Wolfgang, o filho de 18 anos de Eddie, então guitarrista. Foram duas turnês até que a banda reciclasse temas descartados e lançasse "Different Kind of truth" em 2012, seguindo de duas turnês americanas. 

O último show ocorreu em 2015 e o fim foi decretado com a morte de Eddie em 2020, aos 65 anos, em decorrência de um câncer no cérebro.


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