quinta-feira, 6 de junho de 2024

No mundo cinza das escolas militares, liberdade é miragem

 Eram garotos e garotas coo nós que gostavam de Metallica e Guns N' Roses *bem, nem tanto), mas que não podiam namorar, fazer tatuagens, usar piercings e falar palavrões. Tinham de bater continência, seguir uma cartilha de "bons costumes",. que incluía uniformes impecáveis, cabelos curtíssimos e nada de maquiagem. 

O mundo autoritário-fascista das escolas cívico-militares é o paraíso para os conservadores e ultraconservadores que acham que podem controlar a vida e as pessoas pelo prisma da oral e dos bons costumes. 

Esses lugares são microcosmos/laboratórios para a criar sociedades domesticadas e que existam dentro de parâmetros estritos de comportamento e e pensamento, exatamente como nas piores distopias surgidas no cinema e na literatura.

É esse tipo de lixo que autoridades do governo do estado de São Paulo, com o apoio da ampla maioria dos deputados estaduais, quer i,or a parte dos estudantes da rede pública, da mesma forma como ocorre no Distrito Federal e no Paraná.

É desnecessário dizer que nestes estabelecimento fascistas o rock ´algo a ser recriminado, e até mesmo banido, segundo relatos de quem passou por lá ou teve contato com quem lá esteve. Nestes ambientes "controlados", música só as marchinhas cívicas e miliares tocadas na flauta e no bumbo.

No mundo cinzento e triste imaginado por essa gente da pior espécie, obediência é a palavra de ordem. Nenhum questionamento é admitido e contestações são severamente punidas.  

O controle sobre o que se lê e o que se ouve é outra característica, assim como a doutrinação que prepara os alunos para odiar, discriminar e a desenvolver preconceitos contra os diferentes e todo tipo de diversidade e diferença. 

E é claro que não poderia faltar a "bênção de Deus", de preferência dentro do catolicismo, mas com a tolerância da seitas evangélicas. 

Ninguém na Assembleia Legislativa de São Paulo pareceu muito preocupado com a perspectiva de que os alunos das escolas cívico-militares, tutelados por coronéis, sargentos e majores, serão ensinados a abrir mão de suas liberdades, tanto de pensamento quanto de comportamento. 

Serão ensinados a perseguir o "diferente" e que passarão a odiar com naturalidade. Serão estimulados a naturalizar a hipocrisia de uma sociedade doente e que pende cada vez mais para o autoritarismo e para religiosidade perniciosa e nociva. 

Serão levados a acreditar que o racismo não existe e nunca existiu e que a ditadura militar nojenta livrou o mundo do comunismo e de muitos "demônios";

Entre as entidades satanizadas nestas escolas asquerosas, em especial as que estão proliferando no Paraná, está o rock e todo tipo de música/arte considerada decadente (ainda usam esse termo em 2024!) e "ofensiva", que não seja "edificante" e não estimule "sentimentos e pensamentos positivos" (???).

Não são poucos os especialistas que creem que esses "laboratórios" estão forjando verdadeiros "criadouros de autômatos" preparados apenas para seguir ordens e com pouca ou nenhuma capacidade crítica. Pior: serão submetidos a tamanha lavagem cerebral que serão induzidos a a relativizar valores democráticos, para não dizer desprezá-los. 

É mundo triste e perigoso, que flerta caprichosamente com o autoritarismo de inspiração fascista - para não dizer com o próprio fascismo. Reportagem do portal G1 dá mais detalhes de como é o cotidiano de algumas dessas escolas lamentáveis. https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2024/06/04/continencia-uniforme-completo-sem-namoro-e-piercing-saiba-como-e-a-rotina-de-escolas-civico-militares.ghtml

O governo conservador de direita de São Paulo tenta rebater a saraivada de críticas pelo projeto aprovado na Assembleia Legislativa. Segundo a justificativa utilizada pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), "o objetivo é elevar a qualidade de ensino, conforme medido pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), além de inserir atividades cívicas e de cidadania no currículo" 

Quando se manifestou sobre o assunto, Tarcísio de Freitas negou qualquer traço de autoritarismo da medida e "perda de liberdade ou negação da liberdade". Lera mais sobre o projeto aqui. - https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2024-05/entenda-o-projeto-que-cria-as-escolas-civico-militares-em-sao-paulo.

De forma estranha, o PT e o governo do presidente Luiz Inacio Lula da Silva mantêm silêncio sobre o tema. Coube ao PSOL reagir contra essa barbaridade. 

O partido entrou com uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin) no Supremo Tribunal Federal (STF), iniciativa liderada pelo deputado estadual Carlos Giannazi.

Na Adin, o PSOL argumenta que o projeto visa substituir o sistema público de educação, substituindo gradualmente profissionais da educação por militares escolhidos de forma discricionária pela Secretaria da Segurança Pública. 

A União Paulista dos Estudantes Secundaristas (Upes) também criticou a proposta, afirmando que ela não busca melhorar a gestão das escolas, mas sim implementar um processo disciplinar baseado no pensamento militar.

Especialistas em educação, entidades estudantis e o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) têm criticado a medida, afirmando que ela desvaloriza a categoria de educadores e promove um modelo de gestão escolar baseado no militarismo.

Diante desse filme de terror que assola a educação paulista, é inevitável que nos lembremos de canções icônicas dos Titãs que questionam o status quo, como "Igreja" e "Polícia", ou mesmo qualquer porrada dos Ratos de Porão e Garotos Podres detonando sistema e denunciando as práticas fascistas que pairam sobre nossas cabeças.

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