sábado, 5 de outubro de 2024

Uma grande e justa homenagem ao gigante Rory Gallagher

 

A Irlanda costuma reverenciar com fervor os seus heróis nacionais. Os maiores deles estão emoldurados e petrificados em estátuas por todo o país- no caso, São Patrício, que implantou e disseminou o cristianismo/catolicismo no país por volta do século V, e Michael Collins (1891-1922), o maior artífice da independência da nação a partir de 1922.

 

Para muitos irlandeses, dois músicos estão quase no mesmo patamar: Phil Lynott (1949-1986), baixista e vocalista do Thin Lizzy, e o guitarrista Rory Gallagher (1948-199e), um dos monstros do blues europeu, também ganharam estátuas em suas cidades natais.

 

E foi em Cork, no interior do país, que o guitarrista norte-americano Joe Bonamassa, o maior ome do blues da atualidade, disse ter sentido uma das maiores emoções de sua vida ao visitar a estátua de Gallagher, um dos seus heróis. “Quando ouvi uma versão de ‘Cradle Rock’ com Rory destruindo tudo, eu senti na hora que era aquilo que eu queria fazer na vida”, disse em uma entrevista.

 

O americano decidiu fazer mais uma homenagem ao ídolo irlandês, e desta vez tocando em Cork. Serão dois nos dias 1º e 2 de julho de 2025 dentro da série anual de shows “Live At The Marquee” e marcarão o 30º aniversário da morte de Gallagher. Bonamassa irá tocar o repertório do álbum "Irish Tour '74", que frequenta as listas de melhores álbuns ao vivo de todo os tempos.

 

Ao mesmo tempo, O americano se associa a uma iniciativa envolvendo autoridades irlandesas e intelectuais locai para arrematar uma icônica guitarra Fender Stratocaster que Rory Gallagher usou por quase tod a via. O instrumento deve ir a leilão em 2025.

 Mesmo sendo um artista inteligente e culto, Gallagher não era politizado ou engajado, mas assumiu, quase sem querer, um papel importante dos conturbados dia de violência que assolava a Irlanda do Norte e o Reino Unido.

Destemido, peitou autoridades e empresário eu temiam pela vida do músico e afirmou, quase debochando, que a arte e a música eram muito maiores que a violência. Toou por toda a Irlanda quando já era famoso e subiu de patamar em todo os sentidos. Quase parou uma guerra civil, assim como Pelé e o Santos interromperam um conflito África nos anos 1960 para jogar futebol no local.

Para contextualizar: a Irlanda foi dominada pela Inglaterra por mais de 700 anos e empreendeu uma guerra civil de guerrilhas no começo do século . Depois de muita negociação em meio à violência, a Inglaterra concedeu ampla autonomia política como “Estado associado” em 1921. Uma parte das organizações políticas não aceitou por achar insuficiente e continuou a guerra civil e o ir pra “assassinato do presidente da autoridade governamental Michael Collins acelerou a independência em 1922. Os seis condados do norte, no entanto, de maioria da população protestante, monarquista e descendente de ingleses e escoceses, se manteve fiel ao Reino Unido. A partir de 1967, grupos terroristas irlandeses voltaram a agir para “reunificar” as Irlandas, atacando a Irlanda do Norte e a Inglaterra por mais de 20 anos. A paz só ocorreu definitivamente em 1999.

 

A lendária turnê de Gallagher em 1974, incluiu uma apresentação no Ulster Hall, em Belfast, na Irlanda o Nort, em uma época em que a ameaça de violência mantinha a maioria dos artistas longe da cidade.

 

 A turnê, que se tornou tema de um documentário, foi promovida por Jim Aiken, cujo filho, Peter Aiken, está por trás dos shows de Bonamassa. "Aqueles shows com Rory no Ulster Hall foram lendários", disse Peter Aiken ao recentemente ao jornal Irish Times. "Ninguém estava tocando em Belfast na época, mas Rory foi lá, e você tinha 2.000 fãs lotando o lugar. As pessoas deixavam a política e a religião do lado de fora, fãs de ambas as comunidades se reuniam apenas para curtir sua música."

 

Furacão na guitarra

 

Rory Gallagher foi o primeiro astro pop irlandês a ganhar projeção internacional sem recorrer às tradicionais músicas celtas do país, como faziam os estupendo grupos The Chieftains e The Dubliners. Já era uma sensação no blues e no rock em Cork e na capital, Dublin,  estimulando garotos como Lynott e Gary Moore (este em Belfast) e cair de cabeça no rock – e, mais tarde, serviria de influência para grupos como U2 e Boomtown Rats, de Bob Geldof.

 

A partir e 1958, liderando o power trio taste, sacudiria Irlanda e Reino Unido com apresentações incendiárias e interpretações diferenciadas de clássicos do bules. Seu modo de tocar guitarra era mais rústico e agressivo. Tocava forte e pesado, o que irritava alguns puristas, mas er amado por uma nova geração eu estava aprendendo o que era blues rock de primeira grandeza.

 

Em carreira solo a partir de 1971, gravou uma sequência de seis álbuns memoráveis e chegou mesmo a rivalizar com Peter Frampton, em alguns momento, em popularidade. Boas da época dão conta de que ele teria recusado um convite de Mick Jagger para substitui Mick Taylor nos Rolling Stones em 1975, mas nem ele nem o cantor dos Stones confirmaram essa história.

 

A fama veio acompanhada pelo abuso no álcool por toda a sua curta carreira. Nos anos 80 os discos ficaram mais espaçados, assim como a quantidade de shows diminuiu – mas não a quantidade de bebidas alcoólicas ingeridas. Passou mal muitas vezes, mas as recaídas foram fortes. Não escapou de um transplante de fígado em 1995, mas, debilitado demais, acabou morrendo no seguinte após uma crie hepática. O alcoolismo derrubou um os melhores e mais importantes músico de nosso tempo.

 

*Com informações do sites Classic Rock Magazine e Wikimetal

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