Na era da ultrainformação e da pulverização de opções de entretenimento, onde encontramos algum tipo de
curadoria cultural quando a imprensa praticamente não existe mais?
Esse é um tema
recorrente entre jornalistas e especialistas em comunicação na tentativa de entender
as rápidas mudanças que ocorrem em nosso cotidiano dada a velocidade da
tecnologia e da imensa gama de opções de entretenimento que nos é oferecida a
todo
Pnde estão
os cadernos culturais relevantes dos outrora relevantes jornais diários ou
revistas semanais² Onde estão gente como Kid Vinil o Big Boy, craque do rádio
que nos apresentavam as novidades nacionais e internacionais da música os anos
70, 80 e 90?
Eles já
morreram, assim como Leopoldo Rey; Fabio Massari, ex-MTV, completou 60 anos,
mas anda fora da mídia, para nosso azar. Onde buscar dicas e informação
qualificada sobre coisas boas e
interessantes?
Foi pensando
nessa falta de curadoria que o jornalista Thales de Menezes teve uma ideia simples
e, com certeza, não muito original, de enviar para amigos inicialmente, e depois
para assinante, uma espécie de newsletter por e-mail com comentários sobre
filmes, CDs, livros e artes em geral.
Não há nada
parecido no mercado. Menezes trabalhou por mais de 25 anos no jornal Folha de
S. Paulo, para o qual ainda colabora de vez em quando. Foi editor e uma espécie
de colunista da Folha Ilustrada, o caderno cultural e tem um dos melhores
textos do jornalismo brasileiro da área cultural. Suas informações são um oásis
de bom gosto e inteligência em nossas caixas de e-mail.
Muita gente
tentou coisa parecida em várias áreas jornalísticas nos últimos, mas as
iniciativas se mostraram limitadas. Thales de Menezes conseguiu fazer um esquema
sistematizado e organizado que tem dado certo e começa a se disseminar.
Os “Torpedos”,
como ele nomeia os boletins são disparados às quintas-feiras e, prestes a
completar um ano da iniciativa, decidiu diversificar e segmentar o esquema.
Além do boletim semanal com informações culturais gerais, haverá mensagens segmentadas,
sendo que a cada dia da semana ele abordará uma área – música, cinema, literatura
e streaming, além de uma edição especial de fim de semana.
Para quem
bisca informação qualificada e curadoria para saber o que de mais legal está
rolando no mundo cultural, Thales de Menezes é um nome importante para ser
acompanhado e desfrutado. Para fazer a assinatura dos Torpedos de Menezes entre
em contato da seguinte forma:
E-mail:
thales1962@gmail.com
Endereço:
Thales de Menezes
Rua Abílio Soares 821 apto 111 - Paraíso
São Paulo - SP - CEP 04005-003
Abaixo, um
exemplo do que ele está fazendo, sendo o primeiro jornalista brasileiro a
abordar com mais profundidade a banda americana The Linda Lindas, formada por
meninas adolescentes de ascendência asiática que está causando furor com seu
segundo álbum. Ele també menciona o trabalho paralelo dos membros do Rafiohead
na banda Th Smile.
Linda Lindas rumo à dominação mundial
Na estreia da TORPEDO, disparada em 29 de
agosto do ano passado, a principal indicação foi o quarteto The Linda
Lindas. Foi classificado aqui como uma possível opção de salvação
do rock,
mesmo
com sua baterista de apenas 13 anos. Bem, um ano depois, Mila já tem 14 anos e
a banda parece se multiplicar por todos os espaços da mídia americana.
Há poucos dias, lançaram o segundo álbum, “No
Obligation”. Ele chega na cola da participação em festivais de primeira
linha, como o Coachella, e da extensa turnê que a banda está fazendo abrindo
shows do Green Day. Fora da estrada, as aparições na TV americana são muitas.
Algumas foram provocadas pela participação das
Linda Lindas em um álbum de tributo ao Talking Heads. Clique neste link para ver a apresentação da banda no programa “The Tonight
Show” tocando “Found a Job”, original dos Heads, e reparar nos terninhos que
lembram o visual de David Byrne no filme “Stop Making Sense”.
Billy Joe Armstrong, vocalista e guitarrista do
Green Day, está praticamente se tornando um padrinho das moças. Vai levá-las
também para shows na Europa e na Ásia. E ele não se satisfaz em deixar o
quarteto apenas como banda de abertura.
Constantemente chama as meninas para tocar com
o Green Day no set principal. O mundo parece estar ao alcance da guitarrista
Bela Salazar, da baixista Eloise Wong, da guitarrista e principal vocalista
Lucia de la Garza e de sua irmã, Mila.
Se antes as Linda Lindas tinham uma canção de
impacto total, “Oh!”, que seria uma espécie de “Satisfaction” do grupo, agora
chegou talvez a “Jumpin’ Jack Flash” delas: “All in My Head”, um pop rock que
gruda no ouvido, com excelentes passagens de guitarra.
O clipe oficial é fantástico (clique aqui), mas é bom também ouvir uma versão ao vivo (aqui). Outro hit recém-lançado é “No Obligation”, que pode ser
visto aqui numa apresentação matadora no Japão. E o mais recente
fruto do segundo álbum é “Nothing Would Change” e seu clipe esperto.
Se as
Linda Lindas irão realmente salvar o rock é algo que ainda depende de mais
tempo, mas elas estão aí para oferecer canções incríveis e provar que garotas
californianas filhas de imigrantes chineses e mexicanos podem ter um lugar de
destaque no panteão do rock americano. Para lembrar das meninas quando eram
ainda mais novas, de aparelhos nos dentes, eis aqui a já clássica “Oh!”.
**
Filhote do
Radiohead, The Smile é ainda mais radical
Depois de seus dois primeiros álbuns, “Pablo
Honey” (1993) e “The Bends” (1995), o Radiohead partiu para uma até agora
incessante jornada de afastamento da canção. Singles inebriantes como “Creep”,
“Fake Plastic Trees” e “High and Dry” deram lugar a músicas rumo ao
inclassificável.
Ouvir Radiohead passou a ser uma experiência
mais desafiadora do que encantadora. São músicos geniais rondando os limites do
que possa ser diferente.
Essa atitude que fez da banda um dos pilares do
rock nos últimos tempos chega a uma versão ainda mais radical no trio The Smile, projeto paralelo de dois integrantes do Radiohead, Thom
Yorke e Jonny Greenwood, que dividem guitarra, baixo e teclados.
Complementa o trio o baterista Tom Skinner, e
sua presença é muita importante. Ele tem um background intenso de jazz e
acrescenta mais um ingrediente no som do The Smile. Como Greenwood carrega a
fama de ser um artista inquieto, que levou o Radiohead mais para perto do
progressivo, sobra ao vocalista Thom Yorke enganchar um pouco de pop no produto
final.
Depois de um álbum gravado na pandemia, “A
Light for Attracting Attention” (2022), e outro lançado em janeiro deste ano,
“Wall of Eyes”, o trio acaba de soltar “Cutouts”, seu mais intrincado trabalho.
O curto intervalo entre os dois discos vem do
fato de “Cutouts” conter faixas gravadas nas mesmas sessões do álbum anterior.
No entanto, a banda rebate firmemente quem tenta classificar o novo disco como
sobras de “Wall of Eyes”. Para isso, defendem a coesão entre as músicas e uma
identidade clara no álbum.
Os
músicos têm razão. Em “Cutouts” existe uma preocupação diferente por parte da
banda. Embora tenha lançado alguns singles, como “Don’t Get Me Started” e “Foreign Spies” (clique nos títulos para ver os clipes), o disco
sepulta de vez o conceito de canção.
A proposta é a criação de atmosferas sonoras,
numa possível ligação com a fase de música ambiente do produtor Brian Eno nos
anos 1970 e 1980, que é venerada por roqueiros criativos de todo os tipos, como
David Byrne, Thomas Dolby e o próprio Greenwood. Assim, “Cutouts” é um disco
quase hipnotizante, mas que requer ser ouvido com atenção. Não vai merecer
qualquer adesão da geração TikTok, mas certamente vai fisgar quem ainda acredita
em música como algo transgressor e transcendente.
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