terça-feira, 22 de outubro de 2024

Um mergulho profundo na mente, e Kiko Loureiro produz um excelente trabalho


Muita gente anda não se conforma com  fato de o guitarrista brasileiro Kiko Loureiro ter saído do Megadeth após anos de batalha pata chegar ao primeiro escalão do rock mundial.  O anúncio de sua saída, no final do ano passado, suscitou muita especulação e crítica: afinal, por que o guitarrista abandonou um posto tão desejado depois de ooyp MPs?

 

Parte da resposta pode ser encontrada em “Theory of Mind”. O recém-lançado álbum solo do músico, seu primeiro trabalho depois que saiu da banda de thrash metal americana.

 

Renovado e satisfeito pelos bons resultados na guinada da carreira, , Loureiro mergulhou fundo nas profundezas da mente para forjar uma coleção de belos temas que passeiam or todas as suas influências. O que registrou em “Theory of Mind” passa bem longe d que ele construiu no Megadeth.

 

Sofisticado  e elegante, o álbum partiu de uma base sólida, que foi “Open source”, o disco solo anterior, de 2020, e estabeleceu uma série de conceitos que trazem o melhor da música instrumental brasileira, da mais pesada à vertente mais regional. O bom gosto é indiscutível

 

Em alguns momentos, o novo CD parece uma sequência natural do estupendo “Open Source” ” (eleito melhor álbum de 2020 pela revista Guitar World), que conseguiu equilibrar peso e habilidade técnica com sucesso. “Theory of Mind” expande esse conceito, mas com mais velocidade e naus improvisação nas linhas melódicas, invadindo a seara do jazz com elementos brasileiros. Ficou excelente.

 

Fascinado pelo tema da tecnologia avançando em nossas vidas, Loureiro tinha abordado o assunto no disco anterior, onde mergulhou nas interações entre humanos e inteligência artificial. Ele continua no tema, além de abordar o conceito psicológico da Teoria da Mente – a capacidade de reconhecer e interpretar os estados mentais dos outros. O álbum traz uma visão única sobre as complexidades emocionais e a comunicação em tempos de rápida evolução tecnológica.


“Quando comecei a escrever, senti que estava explorando novas ideias, em vez de seguir um projeto definido. A música é uma forma de revelar camadas ocultas do pensamento e da emoção, e este álbum me levou a territórios inexplorados”, diz o músico;

 

Ele se desafiou ao transformar em sons ideias que não são simples. O conceito de “Theory of Mind” não é novo – [e um termo psicológico, desenvolvido inicialmente para descrever a habilidade humana única de reconhecer e interpretar os estados mentais dos outros.

 

“Usamos isso todos os dias, muitas vezes de forma inconsciente, para navegar no mundo social, para sentir empatia, para prever o que os outros podem sentir ou pensar. Isso se torna ainda mais profundo quando aplicado àqueles que vivem a vida de maneira diferente, para quem a Theory of Mind não é algo natural”, explica Loureiro;

 

O guitarrista contiua: “Nessas pessoas, as lacunas no entendimento podem ser pontes para formas mais profundas de ver o mundo. Este álbum busca capturar essa complexidade — a luta, a beleza e o desconhecido que surgem ao interpretar as mentes dos outros. Eu vi isso de perto, tanto na minha própria vida quanto através de pessoas próximas a mim. Observar alguém lutando para se conectar intuitivamente com os outros ou ver como as pessoas são frequentemente incompreendidas porque processam o mundo de forma diferente começou a moldar meu pensamento.”

 

A ficha técnica é composta por craques. Gravado com Felipe Andreoli (baixo), Bruno Valverde (bateria) e Maria Ilmoniemi (teclados, esposa de Kiko), o álbum foi produzido por Adair Daufembach e contou com a mixagem e masterização de Jacob Hansen.

 

“Mind Rise” é a canção que simboliza o trabalho, misturando  velocidade e peso do metal com sequências melódicas intrincadas e de extrema habilidade. Difícil não Le,btar de Steve Vai e John Petrucci (guitarrista do Dream Theater_.

 

A pegada mais jazzística surge na ótima “Talking Dreams”, com seu groove bacana e uma certa descontração no que parecem ser linhas mel´dicas mais soltas. “Point of No Return” é mais dramática, com solos mais tensos e intensos; “The Other Side of Fear”, por sua vez, é a trilha perfeita para um filme de suspense, carregando no drama e na intennsidade.

 

Em um disco carregado de pontos altos, também é possível destacar o bom gosto nos fraseados de  “Blindfolded” e a delicadeza sofisticada de “lost in Seconds”, que está impregnada de referências e citações a outros gêneros musicais.

 

Os segredos da mente

 

Como podemos entender aqueles cujas mentes funcionam de maneiras que não conseguimos compreender de imediato? Como eles nos entendem?

 

“Essas perguntas pesaram sobre mim e se tornaram uma força motriz por trás deste álbum. Eu queria refletir essas experiências pessoais musicalmente, criando uma paisagem emocional onde o ouvinte pudesse embarcar nessa jornada, mesmo que por um momento”, reflete Loureiro


De acordo com especialistas, o conceito de “Theory of Mind” é fundamental para entender não apenas as interações humanas, mas também o crescente papel da inteligência artificial em nossa sociedade.

Segundo a Stanford Encyclopedia of Philosophy – https://iep.utm.edu/theomind/ -, essa teoria descreve a capacidade dos indivíduos de reconhecer e interpretar estados mentais, como crenças, desejos e intenções de outros. Essa habilidade é crucial para a empatia e a comunicação, permitindo que os seres humanos naveguem em relacionamentos complexos.

 

À medida que a inteligência artificial avança, surge a questão de como essas máquinas poderão imitar ou compreender esses estados mentais, provocando reflexões sobre o que significa ser humano e a natureza das nossas conexões emocionais.

KIKO LOUREIRO – Theory Of Mind

01 – Borderliner
02 – Out of Nothing
03 – Mind Rise
04 – Talking Dreams
05 – Blindfolded
06 – Point Of No Return
07 – Raveled
08 – Lost in Seconds
09 – The Other Side of Fear
10 – The Barefoot Queen
11 – Finitude

 

Ouça “Theory of Mind”: https://lnk.dmsmusic.co/kikoloureiro_theoryofmind

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