A lenda diz que que, em uma da primeiras
entrevistas dos integrantes da banda alemã de heavy metal alemã Warlock, um
desavisado técnico de som colocou no som ambiente a canção “Call Me\’, da banda
americana pop Blondie, liderada pela diva loura Debbie Harry. Entre rios e constrangimentos,
a cantora o Warlock, Doro Pech, respirou fundo e encarou os jornalistas.
A lenda parece melhor o que realidade, a julgar pela desenvoltura com que
Doro conquistou seu espaço no heavy metal. A menina de 19 anos meio assustada
com o assédio e com o sucesso inicial da banda se transformou na rainha do
metal,
Ela escancarou as porta para que surgissem um
Euniverso de cantoras que desafiaram o machismo e o preconceito, permitindo que
garotas como Shirley Manson (Garbag), Lisa Kekaula (Bellras), Tarja Turunen
(Nightwish), ristina Scabbia (Lacuna Coil), Angela Gossow (Arch Enemy) e muitas
outras brilhassem no mundo da música pesada
Doro honrou com louvor a luta de mulheres
como Janis Jpolin, Annie Haslam (Renaissance), Debbie Harry, Wendu O. Williams,
as Rubaways e as protometaleiras da Gitslchool,
mas dá para afirmar que ela é a pioneira do metal,
De
novo no auge
Aos 60 anos, no auge criativo e a performance
vocal, ela comemora 40 anos de carreira cheia de planos e pensando em novas
parcerias e músicas ainda mais emblemáticas e pesadas,.
Seu mais recente lançamento, “Amthems for the
Champion – In Honor for Regina Halmich”, é uma coleção de regravações de
algumas de suas músicas que saiu neste ano e que a mostram renovada e com muito
gás. É uma homenagem à amiga do subtítulo, uma das maiores lutadoras de boxe de
todos os tempos, com 32 vitórias na carreira de 13 de ano e apenas uma derrota.
O apelido de “blondie do metal” ameaçou
pegar, mas logo caiu por conta de sua imponência no palco e suas explosivas performances.
A lourinha de Dusseldorf foi a primeira a ter sucesso de verdade no metal e
ganhou a admiração de gente como Rob Halford (Judas Priest), Lemmy Kilmister
(Motorhead) e Biff Byford (Saxon) – não por acaso, todos amigos que participaram
ao menos alguma vez de seus álbuns, “Rainha” do metal talvez seja pouco para
uma figura tão importante da música ocidental..
As celebrações de 40 aos de carreira
começaram no ano passado com turnê e álbum de inéditas. Ela jamais tira o sorriso do rosto e fala com tanta alegria
sobre sua trajetória que não há como rebater qualquer inconformidade ou
equívoco - ela te desarma de forma inapelável com sutileza e generosidade.
Em qualquer circunstância, o orgulho transborda. "Era uma garota de
19, 20 anos cantando em uma banda alemã de metal. Não tinha garotas neste meio.
Só posso agradecer por uma trajetória tão especial", disse a cantora em
conversa online com vários jornalistas da América Latina em 2023
Era inevitável que a divulgação do disco mais recente, "Conqueress:
Forever Strong and Proud" até então levasse a uma divagação sobre o seu
início com a banda Warlock, no começo os anos 80, até chegar à carreira solo,
na década seguinte.
"Era uma época mágica, mas difícil para bandas iniciantes e de fora
do mundo anglo-saxão", relembrou a cantora alemã. "Tinha Scorpions,
Accept, Michael Schenker e artistas alemães de rock progressivo, mas não muito
mais do que isso. O Helloween surgiu depois. Então o Warlock fez parte de uma
história importante do rock europeu."
Ela reconhece que o mais recente disco tem uma carga imensa de
influências de 40 anos de heavy metal, em especial as da mágica década dde
1980. "'Conqueress' é mais direto e tem músicas que têm riffs fortes, e
não é coincidência que Rob Halford, do
Judas Priest, participa em duas músicas. Como uma celebração, era natural
incorporar uma série de coisas."
Doro é uma rara artista que assume gostar bastante de estar em estúdio,
ja que diz valorizar o ato de criação em toda a sua plenitude. Mesmo quando
trabalha em uma canção de outros artistas - casos de "Living After
Midnight”, do Judas Priest, e "Total Eclipse of the Heart", de Bonnie
Tyler, ambas no álbum e com a participação de Halford - a cantora considera que
existe uma elaboração e um trabalho grande para dar a cara dela a qualquer obra
musical. "É uma arte reelaborar alguns clássicos, ainda mais com a
presença de um gênio como Halford. Gosto de estar em estúdio e gosto de me
dedicar bastante á criação."
Absolutamente encantada com a atual fase da carreira, descreveu em
detalhes minuciosos os processo de gravação e composição de
"Conqueress". Para ela, tudo soava bastante original e novo, com
muita intensidade.
"Embora tudo tivesse um 'carimbo' de 40 ano, houve um frescor no
estúdio, uma atmosfera de colaboração que ficou mais intensa neste momento. Não
vou dizer que foi melhor do que antes do que sempre foi, mas certamente foi
muito diferente, a gente sente quando está surgindo algo bem especial",
comemora Doro.
Curiosamente, o novo single de trabalho da cantora faz parte de um
material bônus do disco novo e que será lançado separadamente em março de 2024
em um EP. "True Metal Maniacs" carrega os clichês de "homenagens
aos fãs" bem característicos em bandas como Manowar e Saxon, mas aqui,
como na conversa com os jornalistas, ela transborda honestidade e sinceridade.
"'True Metal Maniacs' é um hino muito especial para meus fãs. A
música expressa a forte união e o amor compartilhado pela música, além de falar
de um vínculo profundo. 'True Metal Maniacs' traz lembranças queridas e, ao
mesmo tempo, me faz esperar por um grande ano de metal em 2024", concluiu
a cantora.
Música não muda - ainda bem!
O mundo não estava preparado para escutar uma discípula de Janis Joplin fazendo
heavy metal. Aos 19 anos de idade, disfarçava o nervosismo no palco liderando o
Warlock com uma agressividade e uma voz rouca e pesada. Era uma novidade em
1984, mas não deveria ser depois do surgimento de The Runaways, Girlschool e
outras bandas e mulheres fortes no rock.
Doro Pesch mostrava talento e sobre a sua capacidade de desenvoltura
para encarar o machismo, a misoginia e, principalmente, as desconfianças.
Loura, bonita e estridente, quem aquela barbie pensava que era para chutar as
portas dos metaleiros?
Para quase todos, ela seria uma presa fácil do mercado e do machismo
preponderante n meio do heavy metal tão orgulhoso de ser "true" e
"tradicional".
Dez anos depois, o mundo tinha mudado completamente mais uma vez, e a
loura corajosa, mas que parecia frágil, tinha sobrevivido até mesmo ao grunge,
enquanto que 80% de seus detratores tinha sumido ou mergulhado na irrelevância.
Sua coragem lhe deu resistência e resiliência para suportar a hostilidade
de um um mundo despreparado para admitir que a mulher poderia vencer - e que
tinha vencido no caso da própria Doro.
"Conqueress", o álbum de 2023, é uma síntese de tudo isso ao
comemorar os 40 anos de trajetória da "rainha do metal". Até parece que
ela tinha guardado para esse momento essa coleção de grandes músicas.
Ela não apenas reafirma que está mais viva do que nunca, mas
principalmente que continua relevante. Afinal, não é sempre que Rob Halford, do
Judas Priest, aceita participar do álbum de alguém, e logo em duas músicas.
Os dois cantam em uma versão desnecessária e que pouco acrescenta, no
caso em "Total Eclipse to Your Heart", de Bonnie Tyler, uma canção
brega que não tem como escapar de ser brega em nenhum formato. ainda be que
eles se redimem em "Living After Midnight", do Judas Priest, uma
canção fantástica que ganhou ua versão saborosa.
"Children of th Dawn" e "All For You" são
verdadeiros tributos aos anos 80, com um resgate fabuloso dos primórdios do
Warlock. São pegajosas, estridentes e rápidas, casando bem com a agressiva
rouquidão da diva alemã.
Sem soa forçada ou artificial, Doro sempre se sentiu à vontade dentro
dos clichês do metal, deixando claro que a ´música importava mais do que todo e
que opiniões alheias não a desviariam do caminho.
Com Judas Priest, Saxon e Accept como parâmetro, louvou desde sempre a
"vida louca na estrada", os carrões e máquinas envenenados, a boa ida
nas festas e um comportamento selvagem - ao menos nas músicas.
E isso está em profusão nas boas canções "Lean Mean Rock
Machine", com sua aura de rock californiano, e "Fire in the
Sky", mais reta e direta, assim como a pesada "I Will Prevail".
São músicas simples, com letras sem arroubos de criatividade, mas que
transbordam energia e força.
A música pop aparece n meio do caminho em "Born Unending", com
a participação de Sammy Amara, vocalista da banda Broilers, de muito sucesso na
Alemanha ao fazer um hard pop honesto.
Esta canção é uma homenagem aos anos 90, quando a cantora flertou com um
som mais acessível. Destoa um pouco do conjunto, mas não compromete. Que bom
que o metal reaparece logo em seguida com "Time For Justice", uma
música datada, com uma pegada saudosista dos anos 80, mas devidamente inserida
dentro do contexto de celebração.
"Chains" é a canção mais pesada e a mais bem acabada, com um
trabalho de guitarras soberbo, assim como em "Rise", um rockão
tipicamente americano que faz uma preparação ótima para "Best in Me",
um baladão pesado com jeito bluesy. Em todas elas as guitarras
predominam.
Tem sido a tônica de vários artistas veteranos e co rock clássico
lançarem nos últimos anos trabalhos autorais frequentemente considerados os
seus melhores neste século. O novo de Doro é mais um exemplo.
Sem ter experimentado um momento de baixa ou de decadência, a cantora
alemã retoma o caminho estrelado que trilhou n maior parte de sues 40 anos de
carreira. "Conqueress" é um álbum muito bom e, sem variar muito ou
inventar, criou o seu melhor trabalho desde 2000.
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