Eles eram
lendas, mas pareciam perdidos em sombras e águas turvas em meados do anos 80,
acossados por artistas jovens e cheios de gás e por futuro nebuloso à frente de
um movimento que ganhou vários apelidos pejorativos – que mais os incomodava
eram “dinossauros” ou “jurássicos”.
Os músicos do
Deep Purple estavam na casa dos 40 aos de idade, mas se sentiam velhos demais
para o rock and roll – como dizia a célebre canção do Jethro Tull - quando liam as resenhas sobre eles e os
artistas mais jovens que atropelavam e demoliam os que estavam havia tempos no
mercado.
E então partiu
o lado mãos improvável a ideia de sondar os antigos companheiros para uma volta
do Deep Purple com sua formação clássica, que durara apenas quatro anos, entre
1969 e 1973.
O irascível guitarrista
Ritchie Blackmore engolia o orgulho e admitia que aquela formação – ele, Ian
Gillan (vcao), Roger Glover (baixo), Ian Paicce (bateria) e Jon Lord (teclados)
– tinha sido o auge criativo de todos e que, reuida, poderia voltar a reinar. Mas
como curar as feridas do passado e conciliar as enormes divergências entre
todo?
Formação poderosa
Depois de
rodarem muito pela Inglaterra e Europa continental, Blackmore e Lord se uniram
em 1967 para formar uma banda d rcok que conseguisse mesclar pop, psicolderlia
e som dos Beatles – uma ideia parecida com a dos integrantes do Yes, que surgia
na mesma época.
Com um
prodígio do jazz na bteria, Ian Paice, a banda logo recurtou o bom baixista
Bick Simper e o esforçado cantor Rod Evans. Foram três álbuns com esse
direcionamento, quando não caindo para o rock progressivo, mas a banda não
estourou e continuou no segundo escalão inglês.
Simper e
Evans são demitidos e Blackmore toma de Lord as rédeas do controle artístico e
decide imprimir mais peso ao som da banda, com base nas guitarras, como faziam
The Who, Jii Hendrix Experience, Cream e o nascente Led Zeppelin. O trio
remanescente dcide apostar alto e chama Ian Gillan e Roger Glover, que tocavam
na banda pop psicodélica Episod Six. Acertaram na mosca.
Como banda
de hard rock, Deep Purple finalmente explode e lança quatro álbuns ótimos entre
1969 e 1973, sendo “Machine Heed” o melhor. A fileira de clássicos do período é
impressionante, cm destaque para “Smoke on the Water e Highway Star”.
Com o
sucesso chegam o dinheiro, as drogas, ciúmes, brigas de ego e pelo poder, tudo
agravado pelas excentricidades e comportamento genioso de Blackmore. As tensões
explodem em meados de 1973 e Gillan e Glover saem.
Nova
formação
As chegadas
de David Coverdale (vocais) e Glenn Hughes (baixo e vocais) dão novo
fôlego ânimo, mas só por dois discos e
um ano e meio. Entraram no começo de 1874, ajudaram a cria o excelente “Burn” e
o bom “Stormbringer” e então viram Blackmore partir rm maio de 1975
insatisfeito com o direcionamento mais soul/rhythm and blues.
O americano
Tommy Bolin chega para a vaga e tunuktua tudo. Impõ como condição manter a
carreira solo e ignora todos os alertas de excesso com drogas – nisso se alia a
Hughes, deslumbrado com a vida de rock star. “Come Taste the Band” ai no final de
1975 e se torna um clássico imediato, mas vende menos do que o esperado e não
consegue manter a locomotiva nos trilhos. A banda acaba em abril de 1976 –
Bolin morreria no final do ano.
Ressurreição
A imprensa
inglesa criou o adjetivo “dinossauro” quando soube volta do Deep Purple e da
derrocada do Pink Floyd nauele ano de 984. Blackmore considerou uma afronta e
decidiu que o álbum do retorno seria poderoso o suficiente para mostrar que
aqueles quarentões dos anos 60 ainda eram relevantes.
Seu empresário fez uma sondagem ao empresário de Ian Gllan, então desconfortável no Black Sabbath, para saber se havia a possibilidade de retorno da formação clássica chamada de mark II, a segunda da banda. Foi em dezembro de 1983.
Gillan demorou
a reponder positivamente, mas os outros já tinham dado sinl verde, Blackmore
estava encerrando o Rainbow, Lord deixara o Whitesnake e Paice precisava apenas
cumprir algumas datas com a banda de Gary Morre, enquanto Glover finalizava um
álbum solo, “Mask”,
Uma série de jantares selou a volta, que foi mantida em
sigilo por algum tempo. Antes que entrasse em estúdio para gravar o que seria o
ótimo “Peerfct Strangers”, quase tudo vai por terra quando Blackmore informa
que ficaria com 50% de todo os ganhos. A
revolta foi geral e ele voltou atrás.
Mesmo depois dessa rusga, o clima era bom e os trabalhos em
estúdio fluíram bem, resultando em nove músicas completas de boa qualidade - uma
décima, “Son of Aleric” instrumental, entraria como bônus em edições futuras.
As coisas estavam tão boas que a banda não pôde tocar no Live Aid, em 13 de julho de 1985, por compromissos assumidos anteriormente, de tão cheia que estava a agenda.
\infelizmente a boa fase não durou muito. “House of the Blue
Light”, o disco seguinte, lançado em 1987, não manteve o mesmo pique, apesar de
ter uma canção, “Bad Attitude”. E então começaram os velhos problemas de
sempre, que causaram a saída de Ian Gillan o final e 1988.
Turbulências
Meses depois, Joe Lynn Turner o substituiu, pois já tinha
trabalhado com Blackmore no Rainbow. Foi com ele que o Deep Purple estreou no
Brasil em 1991 durante a turnê do fraco disco “Slaves and Masters”, do ano
anterior. É o pior disco da banda e a turnê foi a que vendeu menos ingressos.
Houve vária reuniões de emergência e 1992 e então chegou-se
ao consenso de que Ian Gillan tinha de voltar para as comemorações dos 26 aos
da banda. Blackmore não queri, nem Gillan, mas um caminhão de dinheiro foi
oferecido e os dois se convenceram de que tinham de voltar a trabalhar juntos.
O álbum que veio em 1993 foi melhor do que todo esperavam e
então surgiu o razoável “The Battle Rages On”, com sua estupenda faixa-título.
Só que as coisas já estavam azedas no final das gravações e não demoraria para
surgir alguma faísca para tudo explodir.
E foi no meio da turnê mundial, pouquíssimos meses depois,
que Blackmor oltou a bomba: Gillan “não estava cantando nada” e então teria que
air. Ou então ele, Blackmore, sairia”. Ninguém se mexeu e o guitarrista largou
tudo neu da turnê, dias antes de shows no Japão. Na emergência, foi substituído
por Joe Satriani, que fez oito shows com a banda.Em 1994, o substituto
definitivo escolhido foi o americano Steve Morse, ex-Dixie Drges, que ficaria
pelos próximos 28 anos no grupo.
Blackmore, por sua vez, tentou reativar o Rainbow em 1995 e
lançou um álbum razoável com a banda, “Strangers in Us All”. E no ano seguinte
encerrou de novo o grupo para criar um projeto de música medieval com então nova
esposa, a cantora Candice Night, com o qual toca até hoje. Em 2015, decidiu fazer
quatro shows na Europa com uma banda renovada sob o nome Rainbow, encerrando
definitivamente essa banda.
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