Primeiro as meninas azucrinaram os pais por instrumentos musicais. Depois colocaram a a casa abaixo fazendo duelos de guitarra, até que uma delas montou uma bateria na sala para ensaiar com a irmã. A casa, literalmente, caiu de novo.
E assim as "gêmeas do barulho" – Nina e Tatiana Pará – encaminharam suas insólitas e intensas carreiras musicais em São Paulo. E são gêmeas mesmo, ao ponto de confundirem quase todos – principalmente quando falam ao telefone com a mãe.
Do sertanejo ao metal, passando por MPB, blues e rock, as duas criaram uma série de trabalhos e produtos que as tornaram reconhecidas e respeitadas em todo o Brasil. E uma rápida olhada nos projetos das duas, fica evidente: raramente se desgrudam.
Do sertanejo ao metal, passando por MPB, blues e rock, as duas criaram uma série de trabalhos e produtos que as tornaram reconhecidas e respeitadas em todo o Brasil. E uma rápida olhada nos projetos das duas, fica evidente: raramente se desgrudam.
São mais de 20 anos de carreira, basicamente dedicados ao rock e ao blues, mas que, curiosamente, teve início na música sertaneja.
"Eu me formei em música, e comecei a tocar com o grupo Barra da Saia, formado só por mulheres, uma experiência bem legal de quatro anos", diz Tatiana, a guitarrista, em entrevista ao programa de web rádio Combate Rock. "Todo mundo acha sou blueseira desde sempre, mas esse começo foi importante para me mostrar como funcionava o mundo da música."
"Eu me formei em música, e comecei a tocar com o grupo Barra da Saia, formado só por mulheres, uma experiência bem legal de quatro anos", diz Tatiana, a guitarrista, em entrevista ao programa de web rádio Combate Rock. "Todo mundo acha sou blueseira desde sempre, mas esse começo foi importante para me mostrar como funcionava o mundo da música."
Nina, a guitarrista que virou baterista após assistir a uma exibição primorosa do mestre Dennis Chambers em São Paulo – acompanhando outro gênio, o guitarrista Mike Stern -, demorou um pouco mais se dedicar definitivamente à música de forma profissional. Quando decidiu, fez companhia à irmã na Barra da Saia por alguns meses.
"A Tati enfrentou meus pais e se recusou a fazer uma faculdade que não fosse a música. Bateu o pé e fez o que quis fazer. Eu cursei direito, me formei, fiz o exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e trabalhei como advogada, mas a bateria falou mais alto", conta a baterista.
"A Tati enfrentou meus pais e se recusou a fazer uma faculdade que não fosse a música. Bateu o pé e fez o que quis fazer. Eu cursei direito, me formei, fiz o exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e trabalhei como advogada, mas a bateria falou mais alto", conta a baterista.
Roqueiras, entraram no mercado em meados dos anos 90, quando ainda não eram muitas as musicistas tocando em bandas. Começaram com tudo e mandando bem. Não escondem que ocorreram dificuldades e preconceitos, mas garantem ter diminuído bastante desde então.
"Posso até ter perdido algum trabalho porque alguém achou que, por ser mulher, não tocava tão bem quanto um cara qualquer. Preconceitos idiotas existiram e talvez sempre existam, mas eu e minha irmã mostramos a qualidade de nosso trabalho, assim como muitas outras", diz Tatiana.
"Posso até ter perdido algum trabalho porque alguém achou que, por ser mulher, não tocava tão bem quanto um cara qualquer. Preconceitos idiotas existiram e talvez sempre existam, mas eu e minha irmã mostramos a qualidade de nosso trabalho, assim como muitas outras", diz Tatiana.
Cada uma trilhou seu próprio caminho, mas não conseguem se desgrudar. Se os trabalhos solo não se cruzam – uma não tocou no CD da outra -, fizeram questão de tocar juntas em duas bandas que montaram – Crats e Lacme.
O Crats, que lançou o bom álbum "Way", é um trio instrumental mais orientado para o rock e para o blues, que contou com o veterano Claudio Morgado no baixo. Está hibernando no momento enquanto os projetos solo das duas estão em andamento.
O Crats, que lançou o bom álbum "Way", é um trio instrumental mais orientado para o rock e para o blues, que contou com o veterano Claudio Morgado no baixo. Está hibernando no momento enquanto os projetos solo das duas estão em andamento.
A banda Lacme, no entanto, já não existe mais. Surpreendentemente, Tatiana assumiu o baixo, a pedido da irmã e do guitarrista e vocalista baiano Jô Estrada. "Foi uma experiência interessante, acho que fui bem, me diverti muito, mas sou uma guitarrista, é a minha paixão", esclarece Tatiana. O trio se desfez com o retorno de Estrada para Salvador.
Enquanto a guitarrista se dedicou mais ao blues, como é possível observar no agradável álbum "My Moods", Nina mostrou-se mais versátil.
Enquanto a guitarrista se dedicou mais ao blues, como é possível observar no agradável álbum "My Moods", Nina mostrou-se mais versátil.
Em seu CD solo, "Heartbeat", mergulha no rock mais progressivo, mas também flertando com o hard rock e variantes mais pesadas. De mão pesada, a baterista ainda tem uma passagem importante pela banda paulistana Kavla, com a qual gravou o álbum "Surreal", de 2005.
Tatiana se saiu bem no seu álbum solo. "My Dear Friend" é a canção emblemática, que contou com a presença do guitarrista norte-americano Robben Ford, a influência que se tornou um grande amigo.
Outros bons momentos são a movimentada "Blues Party", com um riff extraordinário, "Sunset" e a delicada "First Time em L.A.".
Em uma das boas histórias que contou durante a entrevista que concedeu ao programa de web rádio Combate Rock, ao lado da irmã, Nina falou sobre uma passagem interessante com o Kavla, onde o preconceito contra a s meninas instrumentistas de rock ficou patente – e ela tirou de letra:
"O Kavla abriu o show da banda alemã Gamma Ray no antigo Olympia, em São Paulo, em 2005. Eu e a banda chegamos bem mais cedo para passar o som. Montei a minha bateria e fiquei esperando para fazer os ajustes. O técnico de som veio ao meu lado, olhou, e gritou para o fundo do palco: 'ok, bateria montada, alguém chama o baterista para passar o som'. Olhei aquilo, ri e imediatamente sentei no instrumento e comecei a tocar. O cara não acreditou e sumiu rapidinho, acho que de vergonha."
Em uma das boas histórias que contou durante a entrevista que concedeu ao programa de web rádio Combate Rock, ao lado da irmã, Nina falou sobre uma passagem interessante com o Kavla, onde o preconceito contra a s meninas instrumentistas de rock ficou patente – e ela tirou de letra:
"O Kavla abriu o show da banda alemã Gamma Ray no antigo Olympia, em São Paulo, em 2005. Eu e a banda chegamos bem mais cedo para passar o som. Montei a minha bateria e fiquei esperando para fazer os ajustes. O técnico de som veio ao meu lado, olhou, e gritou para o fundo do palco: 'ok, bateria montada, alguém chama o baterista para passar o som'. Olhei aquilo, ri e imediatamente sentei no instrumento e comecei a tocar. O cara não acreditou e sumiu rapidinho, acho que de vergonha."
Nenhum comentário:
Postar um comentário