quinta-feira, 25 de agosto de 2022

Um metaleiro na Índia: a rica experiência do guitarrista Alexandre de Orio

Desbravar as Índias Orientais, ensinar a magia da música brasileira, divulgar a força de nosso rock e aprender muito sobre uma civilização milenar. O músico Alexandre de Orio teve o privilégio de vivenciar tudo isso fazendo o que mais gosta: tocar.

Ele é conhecido por ter integrado a banda paulista Claustrofobia, onde tocou guitarra por quase 20 anos. Hoje integra o Quarteto de Guitarras Kroma e o projeto solo de Sérgio Britto (Titãs), além de ser diretor musical da School of Rock Guarulhos e professor da pós-graduação em rock pela Faculdade Santa Marcelina. Além disso, é bacharel em guitarra pela FAAM (Faculdade de Artes Alcântara Machado, do grupo FMU) e pós-graduado em "Estruturação e Linguagem Musical" pela Faculdade de Música Carlos Gomes.

Credenciais não lhe faltam para lecionar, mas ainda assim recebeu um convite inusitado para ensinar, por alguns meses, na Swarnabhoomi Academy of Music, localizada na cidade de Chennai, na Índia. 

"É como se fosse uma ULM (Universidade Livre de Música, atual Emesp), e os alunos têm uma carga horária de faculdade, vão todos os dias. A Swarnabhoomi, conhecida como um dos melhores lugares para estudar música, conta com estudantes de várias partes da Índia" explica Orio.

A experiência com o rock contou bastante, mas ele ofereceu mais. "As minhas aulas são mais voltadas ao jazz, mas, obviamente, também estou passando bastante conteúdo sobre a música brasileira, os ritmos etc. Apesar disso, temos muitos alunos que gostam de metal e eles curtem muito o Sepultura."

Embora lecionando jazz e música brasileira, o lado metal do guitarrista foi colocado em prática a pedido dos alunos. "Quando eles souberam que também toco metal e que já toquei com o Sepultura na época do Claustrofobia e fiz alguns eventos com o baterista Eloy Casagrande, eles pediram que eu tocasse algumas vezes Sepultura nas apresentações. Acabei gravando 'Arise' com uma banda local chamada Godless. Na verdade, fizemos uma jam e gravamos ao vivo."

O baterista chama Vishnu Reddy e é o professor de bateria da Swarnabhoomi. s dois gravaram um vídeo em que o indiano faz um link entre o konnakol (que é a arte de colocar sílabas no ritmo) e o metal. Dá alguns exemplos e também mostra um trecho de uma música do Meshuggah. O baixo quem gravou foi o diretor da academia (Siddhartha), que também curte metal e toca djent - espécie de metal mais rápido, mais intenso e tendendo ao math metal.

Como a Swarnabhoomi Academy of Music costuma realizar um "Summer Camp" (acampamento de verão) em julho, vários artistas e músicos da Índia compareceram para ministrar workshops e tocar.

Alexandre de Orio esteve presente com um workshop voltado ao conteúdo de seu livro "Metal Brasileiro”, utilizando ritmos brasileiros para a construção de riffs de metal". 

"Estou aproveitando para assistir as aulas de Konnakol e Melakharta Ragas, que são duas disciplinas voltadas à música indiana. Está sendo incrível ter contato com essa música riquíssima", comemora.

De Orio postou em seu canal no YouTube um vídeo do professor de Melakartha Ragas, o mandolinista Aravind Bhargav, ensinando um dos 72 ragas existentes. 

"Ele foi aluno de um dos maiores músicos da Índia, U. Shrinivas, que tocou com grandes nomes, como Miles Davis e John McLaughlin", diz o brasileiro. "Estou compondo uma música com ele, que será um tributo a esse guru dele, e estamos fazendo uma fusão entre a música brasileira e a música carnática. Talvez tenha alguma coisa de metal também nesse meio", revela. "Em breve, deve sair mais uma música que gravei do Sérgio Britto aqui, a 'Sol e Água Limpa'. Fiz uma fusão com elementos indianos e pedi para o professor de canto, Abhishek, colocar nos espaços, entre os versos, improvisar aqueles vocalizes típico da música indiana." 

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