quarta-feira, 24 de agosto de 2022

'Os 40 anos do Barão Vermelho são uma grande realização', diz fundador da banda

 


É um Barão Vermelho sem Cazuza e sem Roberto Frejat, mas importância nunca diminui. Ao comemorar 40 anos de existência, a banda decidiu embarcar em um grande projeto multimídia, que inclui álbum acústico, dc8mentário uma série de shows especiais.

Sem tempo para discutir o passado em termos nostálgicos, o atual quarteto quer olhar para frente durante o período de celebração. O projeto "Barão 40" revisita o passado, mas de forma ambiciosa e grandiosa: s grandes hits estão de volta, mas com roupagem inovadora.

"É um marco na nossa carreira e no rock nacional. 'Barão 40' é encantador porque evidencia a relevância da banda e oferece um produto com novos sabores", declara com exclusividade para o Combate Rock um entusiasmado Guto Goffi, baterista que fundou o Barão Vermelho e integrou todas as formações.

Contando uma versão nova de uma velha história, como o baterista gosta de dizer, o Barão Vermelho, hoje é composto por Rodrigo Suricato (guitarra, violão e voz), Fernando Magalhães (guitarra e violão), Guto Goffi (bateria) e Maurício (teclados e vocais). "Tudo é imprevisível, nunca deixe de sonhar", recita Goffi relembrando a poética "Tua Versão". 

"Éramos uma banda de rock raiz em 1982, quando as paradas eram dominadas por bandas como Blitz", diz Goffi. "Era um pop diferente, longe de nossa praia, mas tinha um ar de novidade, de novos tempos. Foi instigante e fascinante participar desse processo e se tornar referência de toda uma geração."

O projeto audiovisual "Barão 40" é composto por um documentário composto por quatro episódios e quatro EPs, cada um relacionado a um episódio - acústico, sucessos, clássicos e blues e baladas. 

"Acústico" já foi lançado com nove músicas, assim como o primeiro episódio no Canal BIS. Nesta primeira parte, dis convidados especiais foram convidados para o show desplugado: Samuel Rosa, vocalista e guitarrista do Skank, em "Maior Abandonado", e Chico César na icônica "Por Você".

"Samuel é um nome de peso na nossa música e um cara que adora o Barão Vermelho. Não cansa de dizer que foi ouvindo a gente por volta de 1982 e 1983 que teve certeza de que queria ser músico", elogia o baterista do Barão.

Chico César, por sua vez, é a conexão com a brasilidade e com o mundo nordestino, já que o cantor dialoga fácil com o rock e a MPB. as duas canções são as melhores desta primeira fase, ao lado de "Bete Balanço", que traz o atual vocalista da banda, Rodrigo Suricato, brilhando na reinvenção da canção, que foi transformada em um vigoroso folk rock.

"Flores do Mal" vai pra o mesmo caminho, continuou luminosa, enquanto que "Sorte e Azar" ficu mais dramática e melancólica, coisa rara no Barão, mesmo nas baladas.

Trilhando um caminho parecido cm  dos Paralamas do Sucesso, o Barão Vermelho sempre foi uma banda alto astral, que exalava esperança na maioria das músicas. E essa característica foi mantida com Suricato nos vocais. 

"Você tocou em um ponto interessante. A esperança nos moveu desde sempre, com Cazuza, com Roberto Frejat e agora", analisa Guto Goffi. "Faz parte de nossa vida, de nossa música. É como se sempre nos recusássemos a retroceder. Olhamos para a frente e enxergamos mais luz e mais coisas positivas. De certa forma, explica um pouco estarmos há 40 anos na estrada sem interrupção."





 
 

Com Márcio Alencar no contrabaixo, o grupo consolida uma formação que perdeu Frejat em 2017, mas que se reinventou com a chegada de Suricato.  

A festa já começa com a maior novidade do projeto, o bloco acústico, com versões diferentes (e o violão de Suri) de músicas como "Enquanto ela não chegar" e "Bete Balanço" e convidados como Chico César (em "Por você", também reforçada pelo sanfoneiro Marcelo Caldi) e Samuel Rosa (em "Maior abandonado"), que lembra quando ouvia o Barão no rádio, ainda guri, em Belo Horizonte
 
No segundo episódio, Fernando Magalhães brilha na guitarra em "O poeta está vivo", e Suricato mostra o acerto de sua entrada na bela e nostálgica "Meus bons amigos", puxada pelo violão country-blueseiro de Suricato. 

O peso do instrumental vem com tudo, em canções como "A solidão te engole vivo" e "Tão longe de tudo". Para encerrar, "Por que a gente é assim?", com participação de Jade Baraldo (que define a letra como "um expurgo").  

No dia 27 chega o que deve ser o bloco mais cultuado pelos fãs hard de Barão Vermelho, aquele dedicado ao blues e baladas. "O blues é o pai do rock, é o elo de ligação entre a África e a música americana", define Guto Goffi.

O recorte traz a oportunidade de a banda lembrar músicas como "Guarda essa canção" (Dulce Quental/Frejat), do disco "Carne crua", de 1994, e o hino "Down em mim", uma das letras com a assinatura de Cazuza.

Maurício - que comparece com os vocais principais em "Eu não amo ninguém" - confessa que "Down em mim" dá um certo trabalho, na hora de estudar a introdução de piano que ele mesmo compôs aos 18 anos. Suri também comparece com uma composição, a bela e melancólica "Um dia igual ao outro". 

Um dos momentos mais emocionantes é "Pro dia nascer feliz", no episódio "Clássicos", com a participação de Roberto Frejat, que esteve por 35 anos comandando nas guitarras e, depois, os vocais com a partida de Cazuza, em 1985. 

Preocupado com os rumos da vida e sociedade brasileiras, assoladas por ódios e crises sucessivas na economia e na política agravadas por governos ruins, Goffi, evita falar em vitórias para celebrar os 40 anos do Barão. é hora apenas de celebrar.

"Falar em vitória pressupõe que, em algum lugar, houve derrota. Não é essa a questão", explica o músico. "Tocamos com alegria e sempre buscando algo positivo. Viver com o Barão e explorar vários territórios diante de tantas coisas que vivemos é um privilégio.  Mas reconheço que esses 40 anos são uma baita realização."

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