Reuniões de bandas após anos de separação sempre são vistas, com toda a razão, com desconfiança, ainda que muito desejadas por parte dos fãs.
Reuniões parciais, sem integrantes das formações originais ou clássicas, são ainda mais preocupantes pouco animadoras. E o que dizer então de voltas de bandas sem os integrantes fundamentais?
O Queen experimenta essa situação neste século, quando insistiu em ficar na ativa com os cantores Paul Rodgers e Adam Lambert no lugar de Freddie Mercury, morto em 1991.
Deu certo pela metade, mas a banda diminuiu de tamanho e parte do público em geral nem sabe/soube que a banda estava em ação com vocalistas substitutos - com toda a razão, diga-se de passagem.
Infelizmente, parece ser o caso do Pantera, gigante do metal dos anos 90 que tinha como guitarrista Dimebag Darrell, gigante que talvez tenha sido o último estilista d rock em seu instrumento.
A banda acabou oficialmente em 2000. Dimebag e seu irmão, Vinnie Paul, baterista do Pantera, formaram Damageplan, que chegou ao fim em 2004 - o guitarrista foi assassinado em pleno palco por um fã enlouquecido. Vinnie Paul morreria em 2013 em razão de um ataque cardíaco.
Os irmãos fundaram o Pantera ainda nos anos 80 como uma banda de hard rock farofa no Texas. Depois de quatro álbuns fracos, mudaram para o heavy metal e contrataram Phil Anselmo para cantar - o baixista Rex Brown já estava na formação. A banda decolou a partir de 1988.
Sem os irmãs Darrell não dá para imaginar a existência do Pantera, mas Anselmo e Brown discordaram. Vinte e dois anos depois do fim, e sem os fundadores, criaram uma versão própria da banda com Zakk Wylde (Ozzy Osbourne e Black Label Society) na guitarra e Charlie Benante (Anthrax) na bateria. Já marcaram diversos shows pel mundo, inclusive no Brasil.
Da mesma forma que é duro ver Queen sem Mercury e The Who em Keith Moon e John Entwistle, parece altamente duvidoso chamar essa versão do Pantera de Pantera. Quem fazia a banda acontecer não está mais vivo.
Não se discute a qualidade dos substitutos. A questão é se haverá a mínima condição de o Pantera soar levemente com o que foi no passado. Será que não ouviremos uma espécie de Black Label Pantera na guitarra?
Zakk Wylde tem timbres tão característicos que não consegue mudar - saiu da banda de Ozzy Osbourne nos anos 90 justamente por causa disso...
E a bateria marcante e sincopada de Benante? Este tem um groove todo particular, muito diferente de Vinnie Paul, um baterista com mão mais pesada e u m sentido melódico todo particular.
The Who sem a sua cozinha e Rolling Stones sem Charlie Watts ainda soam como têm de soar, por mais que sejam as lacunas e as diferenças no som, coisa que não acontece com Queen sem Mercury e muitas outras bandas sem integrantes fundamentais. Até hoje se discute pelo mundo se existe Deep Purple sem Ritchie Blackmore ou Bçack Sabbath sem Ozzy ou o baterista Bill Ward...
É esse Pantera desmantelado que foi confirmado no elenco do Knotfest no fim do ano na América do Sul. Na edição de São Paulo, foi anunciado nesta semana ao lado de Judas Priest e a brasileira Oitão.
Serão atrações ao lado de Slipknot, Bring Me The Horizon, Trivium, Sepultura, Motionless In White, Vended, Jimmy & Rats e Project46.
O Knotfest Brasil acontece em sua primeira edição no dia 18 de dezembro, no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo. Para mais informações e ingressos você pode conferir o site da Eventim - https://www.eventim.com.br/artist/knotfest-2022/.
Ainda é cedo para saber se esse Pantera será uma bomba, mas é uma daquelas voltas desnecessárias, com cara de caça-níquel. Sorte que o festival tem um elenco diferente e muito bom capaz de compensar qualquer derrapada de uma banda outrora estrelada.
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