segunda-feira, 11 de março de 2024

A censura, de novo, assombra uma nação que luta contra ataques contra a democracia

 Estamos muito longe de nos livrarmos do fascismo travestido de um eufemismo chamado de bolsonarismo, o que não muda o cerne da questão - o bolsonarismo é o maior lixo político do Brasil desde a nefasta ditadura militar.

A porcaria fascista se espalhou de tal forma na vida brasileira que, mesmo fora de cena e inelegível - e em vias de ser condenado e preso - Jair Bolsonaro estimula comportamentos lamentáveis, como a censura às artes, algo que ocorreu com certa frequência em seu governo, que durou 3019 a 2022 - e foi um pesadelo institucional em todos os sentidos.

Uma das manifestações mais nojentas do fascismo é o preconceito de todos os tipos, quase sempre tendo racismo como pano de fundo, associado à censura e à perseguição política de adversários. 

Seus discípulos eleitos em 2022 como governadores e prefeitos, de forma intempestiva e atabalhoada, quando não perversa, decidiram que uma obra deve ser banida das escolas públicas de seus estados.

Com base em um vídeo asqueroso de uma professora gaúcha "indignada" com os "palavrões" publicados, o governador do Paraná, Ratinho Jr, e o de Goiás, Ronaldo Caiado, decidiram proibir temporariamente o uso do livro "O Avesso da Pele", de Jeferson Tenório. O livro ganhou o prêmio Jabuti, o mais importante do Brasil, como melhor romance em 2021.

Tenório é professor de literatura na rede de ensino do Rio Grande do Sul. sua obra conta a história de seu paí, igualmente professor da rede pública, um filho de família pobre, preta e periférica, que se formou e se tornou um profissional digno tendo de lutar contra racismo, preconceitos diversos e contra uma brutal desigualdade social.

Não é necessário dizer que a polêmica fez as vendas do livro explodirem, enfurecendo ainda mais o mundo conservador de viés ultradireitista, muito preocupado com a "exposição de seus diletos filhinhos a uma linguagem chula e inapropriada", como vomitou um dos governadores nas redes sociais

O detalhe é que o livro premiado já tinha passado pela análise de várias comissões educacionais nos dois estados e aprovado para compor as opções de material didático ou indicado para o ensino médio.  

O que significa isso? Que o livro estava entre as obras de referências indicadas, mas não necessariamente obrigatórias - ficaria a critério de cada professor utilizá-la. e então o mundo conservador mais burro do que nunca decidiu agir com a burrice de sempre e criou uma polêmica que deu muito mais visibilidade para o livro.

O perigo dessa questão, além do racismo e preconceitos implícitos e explícitos, é o ressurgimento da censura como instrumento de políticas públicas de educação, com viés político-ideológico altamente lesivo aos interesses da população brasileira. 

Outros governos estaduais e municipais estão avaliando a retirada da obra das opões para a educação dos alunos, por mais que a repercussão ruim possa ter inibido, num primeiro momento, a adoção de medidas contra o livro.

O fascismo bolsonarista está fora do poder, mas ainda está entranhado nas mentes de muitas pessoas de péssima índole e de caráter autoritário, que insistem na política de "moral e bons costumes" e na mania de querer monitorar e tutelar os que as pessoas podem ou devem ler/ouvir/ver. 

E infelizmente a repercussão grande não atingiu o mundo da cultura, que está quieto e silencioso diante da gravidade de mais um ataque do mundo conservador nojento contra as artes

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