quarta-feira, 20 de março de 2024

A virada do Marillion completa 35 anos

 A síndrome do cantor que ficou maior do que a banda. Caso clássico de ego inflado ou choque de visões artísticas diferentes e incompatíveis? 

À semelhança da banda brasileira Barão Vermelho, que quase implodiu em 1985 com a saída do vocalista Cazuza, o grupo britânico Marillion passou por um terremoto ao final de 1988 com a partida do cantor Derek "Fish" Dick. 

E, assim como ocorre com os brasileiros, ha uma parcela furiosa de fãs que não aceita a trajetória da banda posterior à saída do corpulento vocalista - e lá se vão 35 anos... 

Fish era parte crucial da ascensão meteórica do Marillion em nome gigante do rock nos anos 80; Era uma banda aspirante a um lugar ao sol em 1981 na esfera do hard rock e logo foi alçada a líder de um novo movimento, o neoprogressivo inglês com o lançamento a estreia, "Script for a Jester's Tear", em 12983, um clássico que indicava a ressurreição do rock progressivo.

Mais do que isso, indicava os primeiros passos do metal progressivo, que ganharia forma no ano seguinte com o surgimento, nos Estados Unidos, do Queensryche e do Fates Warning.

A sequência alucinante de álbuns d sucesso tornaram o Marillion grande, especialmente com os discos "Fugazi" (1984) e "Misplaced Childhood" (1985). 

O estouro mundial foi consolidado pela balada romântica "Kayleigh", uma escamoteada para não revelar que o nome da "amada" era Kay Lee. Junto com as canções "Lavender" e "Pseudo Silk Kimono", formou uma das mais celebradas "suítes" do rock.

"Clutching at Straws", de 1987, já apontava o cansaço da vida insana na estrada e de sucesso extremo e trazia músicas mais intrincadas e herméticas, bem ao gosto do guitarrista Steve Rothery e do baixista Pete Trewavas, mas que desagradava ao vocalista Fish. O afastamento era visível.

Quando vieram as férias de um ano e o lançamento do duplo ao vivo "The Thieving Mafpie - La gazza Ladra", em 1988, todos sabiam que Fish estava fora e já engatilhava o seu primeiro álbum solo antes mesmo de anunciar a sua saída.. E a banda não perdeu tempo e já se ajeitava com o substituto, o desconhecido, mas correto e sereno Setev Hogarth.

Menos expansivo e exuberante do que o vocalista anterior, Hogfarth era conhecido por ser bom compositor e um nome de respeito no cenário folk. Mudou completamente o estilo do grupo, que passou a fazer um rock mais acessível a partir de "Seasons End", a estreia do Marillion com nova voz, em 1989.

As críticas vieram e de foram pesada, acusando a banda de se vender e se abusar das balada. O quinteto nem ligou e seguiu em frente. O disco de estreia da segunda fase vendeu horrores, mas o sucesso jamais foi o mesmo nos últimos 35 anos.

Entretanto, Hogarth segue firme e liderando o Marillion em álbuns excelentes e em canções de sucesso, como a linda balada "Beautiful". 

A banda chegou ao nível de ser considerada uma instituição do rock, e metralhar Hogarth por conta da idolatria ao antigo vocalista, que ficou na banda por apenas cinco anos e quatro álbuns, é de uma crueldade e de uma injustiça intoleráveis.

O Marillion merece ser louvado e celebrado por conta de uma carreira de alto nível e por uma fileira de grandes trabalhos. Esqueçam as acusações de que é uma cópia do Genesis, e que Fish nunca passou de um genérico de Peter Gabriel (vocal do Genesis) menos inspirado.  Negas essa influência é absurdo, mas imputar o "crime" de cópia é injusto e desonesto.

A virada da banda completa 35 anos e mostra que o Marillion foi muito além dos cinco anos da fase com o cantor Fish. Contnia sendo o grande nome do movimento neoprogressivo britânico dos anos 80.

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