Uma iniciativa necessária que veio tarde demais. a caminho dos 45 anos com seu nome ligado ao rock, a Galeria do Rock finalmente inaugurou o seu primeiro restaurante temático. É a segunda opção gastronômica apenas do local icônico do centro da cidade de São Paulo, aquele já foi um dos maiores shoppings centers de música do mundo.
Antes, a única opção era o bar que fica no primeiro andar, perto dos elevadores, pequeno e apertado, que passou por uma modernização há alguns anos e virou um local gourmet, com cervejas importadas e artesanais e hambúrgueres sofisticados - comer ali e degustar uma boa cerveja não sai barato.
O Galeria Rock Bar foi inaugurado no sábado, dia 9 de março. Idealizado pelos empresários do Grupo da Cidade, holding que administra a marca Galeria do Rock, deve funcionar, por enquanto, de segunda a sábado, já que domingo a galeria fecha.. A ideia é que o espaço, de dois andares, consiga atrair um público amante de música e curta saborear um cardápio diferenciado, baseado em pratos de inspiração internacional e relacionados ao rock. Ou seja, não é para todos os bolsos, o que não invalida a iniciativa.
A decoração retrô dos anos 1990 pretende ser abrace não só quem gosta de rock, mas cultura urbana de forma geral, segundo os textos de apresentação do local. A entrada será pela porta da avenida São João, 439, em frente ao Largo do Paissandu.
O cardápio é assinado pelo chef Deivid Marques, segundo o Guia da Folha, da Folha de S. Paulo, responsável também por alguns bares no centro de São Paulo. Além das comidas e bebidas, o espaço vai abrigar apresentações musicais e exposições artísticas.
O cardápio é assinado pelo chef Deivid Marques, segundo o Guia da Folha, da Folha de S. Paulo, responsável também por alguns bares no centro de São Paulo. Além das comidas e bebidas, o espaço vai abrigar apresentações musicais e exposições artísticas.
A reivindicação de um restaurante de qualidade, mas com preços acessíveis, é antiga na Galeria do Rock desde os tempos em que a música era o carro-chefe do local. Com as mudanças de hábitos de consumo, quebra de gravadoras e pandemia de covid-19, tudo mudou.
As lojas de roupas sumiram e permaneceram as de roupas, bugigangas e artigos periféricos que pouco ou nada têm a ver com o rock. das outrora 140 lojas que vendiam CDs, DVDs e instrumentos musicais, restam não mais do que 30 nos andares 1,2 e 3.
O Instituto Cultural Galeria do Rock está com suas atividades reduzidas e a ideia de pockcet shows nos corredores e nas lojas, que recebeu em 2023 Dr.. Sin e Clemente nascimento, não prosperou.
Criado em 1963, o centro comercial tem o nome oficial de Shopping Center Grandes Galerias, Passou por vários períodos de decadência até que se tornou conhecida internacionalmente como a Galeria do Rock por conta da maciça migração de comerciantes de música. O primeiro foi o farmacêutico Luiz Carlos Calanca, que abriu a Baratos & Afins em 1979.
A notoriedade veio nos anos 80, desafiando a degradação da região central de São Paulo e o pouco caso da prefeitura e da Câmara dos Vereadores. Tornou-se um local regular de peregrinação de estrangeiros em busca de raridades roqueiras e da MPB.
Percebendo o potencial turístico e comercial do local, o comerciante de roupas Antonio Souza Neto foi eleito síndico e empreendeu mudanças administrativas ,estéticas e conceituais no local partir dos anos 90. É o síndico até hoje.
Houve melhoras importantes, como o retorno das escadas rolantes e a limpeza decente de todo o ambiente, mas a longevidade da administração trouxe desgastes com os lojistas tradicionais, impulsionados pela quebra das gravadoras, que nas vendas de CDs e DVDs e a pirataria desenfreada. A música ficou gratuita.
A progressiva decadência da área central só piorou as coias, com a ampliação da área da Cracolândia, imediações, e a crescente insegurança por conta de roubos e assaltos.principalmente depois da pandemia. O público de fora da cidade foi diminuindo, assim como o número de lojas dedicadas à música.
A ideia de que a Galeria do Rock era um como um ponto turístico foi encampada pela prefeitura com o apoio de Souza Neto.
A revitalização da região central da cidade incluiu a galeria no projeto, que também se beneficiou, ainda que brevemente, de um período de ressurgimento, recebendo caravanas de turistas e se tornando até mesmo "personagem" de nova da Globo e local de filmagens.
A partir de 2015 as coisas pioraram, a decadência do entrono contaminou a Galeria do Rock, que hoje tem menos afluxo de aficionados de rock por conta da falta de oferta de opções de música e também pela violência que afugenta o público em toda a área do centro. A Carcolândia espanta os consumidores do centro da cidade aos finais de semana.
É nesse contexto que surge o Galeria Rock Bar, um conceito que os empresários que gerenciam a marca querem expandir pelo Brasil. Claro que é elogiável que um investimento deste porte seja feito na nossa galeria que tanto amamos, mas a impressão que dá é que chegou um pouco tarde.
Como nenhum plano do poder público de revitalização do centro da cidade deu certo nos últimos 15 anos,, as iniciativas envolvendo a galeria correm o risco de, solitárias, naufragarem por conta de problemas graves de infraestrutura urbana. A segurança púbica é fundamental para que isso dê certo.
Da mesma forma que prefeitura e governo do Estado quebram a cabeça para reocupar o centro, é preciso que a Galeria do Rock se esforce para resgatar a sua aura de "templo" e de pólo fomentador de cultura.
E isso só vai acontecer quando as pessoas que gostam de música voltarem a frequentar o local.
neste ponto, a divergência entre síndico e lojistas de música parece incontornável. Antonio Souza Neto sempre afirmou que a Galeria do Rock precisa expandir o conceito e não ficar presa ao passado, ancorada apenas na música.
Para ele, tem de ser um centro comercial diversificado e capaz de vender quase tudo relacionado ao rock, o que explicaria a proliferação de lojas de roupas e quinquilharias, como bonequinhos alusivos a desenhos animados e filmes de super heróis.
Os lojistas mais antigo s creditam a esse "conceito" de negócio o afastamento de quem realmente consome música sem que um novo tipo de público fosse agregado. Os veteranos que compram música não frequentam mais, e os jovens, muitas vezes não sabem da existência da galeria ou não se sentem estimulados a ir ao local.
Enquanto o entrono da Galçeria do Rock continuar inseguro e o público que gosta de música e a consome não for atraído de volta, investimentos como o do Galeria Rock Bar correm risco de cair na mesmice e sucumbir ao ambiente pouco convidativo do centro de São Paulo e sem grandes atrativos roqueiros na própria instituição que um dia foi um dos maiores centros de comercialização e "curtição" de música do mundo.
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