Marcelo Moreira
Keith Emerson (FOTO: DIVULGAÇÃO) |
Keith Emerson sempre se esforçou para parecer selvagem. Era uma necessidade, já que vocalistas e guitarristas sempre eram os protagonistas do rock no final dos anos 60. Um de seus ídolos, Jerry Lee Só que, nLewis, "The Killer", arrebentava nos teclados como showman, superando o concorrente Fats Domino. Só que, no final dos anos 60, a perguntava estava no ar: como superar Jimi Hendrix, por exemplo?
O ego sempre falou mais alto e ficou feliz quando o guitarrista David O'List deixou o quarteto de rock psicodélico que logo se transformou em progressivo – The Nice, numa referência clara ao Cream, de Eric Clapton, que estava terminando. Queria porque queria ser uma estrela. E conseguiu, de certa forma. Tornou-se um ás dos teclados e uma das figuras mais importantes do rock.
Emerson morreu em 2016, aos 71 anos, em sua casa em Santa Monica, Los Angeles. Suicidou-se incapaz de lidar com o fato de que a saúde não permitia mais que tivesse um desempenho bombástico nos shows e nos estúdios. Não suportou o tribunal acusatório das redes sociais, que o classificaram na época como um músico acabado e incomptente.
Um dos ícones do rock progressivo, Keith Emerson usou e abusou dos teclados, mais especificamente dos sintetizadores.
Antes da formação do ELP, Emerson já tinha alcançado reconhecimento no mundo musical graças ao seu trabalho com a banda The Nice, no final dos anos 60. Seu principal sucesso comercial foi uma versão instrumental para "America", de Leonard Bernstein.
Ego lá em cima
Ego lá em cima
Sem o guitarrista O'List, o Nice voou e, como trio de rock progressivo, foi criticado pelos excessos de Emerson e a falta de uma guitarra.
Isso não era o problema – a questão era como domar a irritação de Lee Jackson (baixo e vocal) e de baterista Brian Davison.
De formação erudita e inquieto por conta de uma ansiedade que incomodava, Keith Emerson se especializou em compor e criar um rock sinfônico, expansivo e com muitas experiências sonoras.
Aos 25 anos em 1969, sentia que estava ficando para trás em relação ao sucesso de outros grupos pop e de rock, e sentia que perdia espaço em relação ao teclado para o "maestro" Jon Lord e seu Deep Purple.
As brigas com os parceiros de The Nice só exacerbaram o que ele já sabia: os companheiros eram bons, mas limitados para o que queria: um som grandioso e bombástico, repleto de virtuosismo e qualidade, de preferência com músicos com formação erudita.
As brigas com os parceiros de The Nice só exacerbaram o que ele já sabia: os companheiros eram bons, mas limitados para o que queria: um som grandioso e bombástico, repleto de virtuosismo e qualidade, de preferência com músicos com formação erudita.
Não pensou duas vezes: o Nice acaba no começo de 1970 e deixa Emerson livre para gestar a sua pérola ao lado do então amigo Greg Lake, que não aguentava mais o cabecismo e as manias do guitarrista Robert Fripp, líder do King Crimson.
Roubando o menino prodígio da bateria do Atomic Rooster – Carl Palmer, de apenas 19 anos -, o tecladista espalhafatoso conseguiu o seu intento: manteve a estrutura iniciada no Nice, ou seja, trio sem guitarra para que ele pudesse brilhar como a estrela do espetáculo.
Greg Lake (esq.), Carl Palmer (centro) e Keith Emerson, o trio emerson, Lake and Palmer em 1972 (FOTO: DIVULGAÇÃO) |
Help?
Jimi Hendrix soube do projeto e até se interessou em fazer jams para saber se poderia integrar o grupo – o nome estava escolhido, Help, com as iniciais dos sobrenomes.
Hendrix morreu antes, mas Emerson nem se importou. Emerson, Lake & Palmer surgia para levar ao extremo os excessos de todos os tipos do rock de arena e no rock progressivo.
Chutes, pancadas, barulhos esquisitos, microfonias, nada parecia saciar Emerson, que adorava derrubar a montanha de teclados e amplificadores ao final dos shows
No começo, a postura destrutiva à la Pete Townshend (que quebrava guitarras no The Who) ofuscava o seu próprio talento e os bons trabalhos com o trio.
No começo, a postura destrutiva à la Pete Townshend (que quebrava guitarras no The Who) ofuscava o seu próprio talento e os bons trabalhos com o trio.
O ego continuou lá em cima, mas domou sua fúria e impulsionou o ELP para se tornar um dos gigantes da música dos anos 70 -e alvo dos punks que odiavam os excessos do rock progressivo – mas que também invejavam o trio pela excelência musical.
A versatilidade de Keith Emerson e dos companheiros só foi ressaltada na segunda metade dos anos 70, quando começaram a abordar vários estilos musicais além do rock progressivo sinfônico, como nos dois volumes (em LPs duplos) "Works" e "Works II".
Carreira cult e músico respeitadíssimo
Carreira cult e músico respeitadíssimo
O fim do Emerson, Lake & Palmer, em 1979, liberou o trio para tentativa de se aproximar do sucesso. Palmer teve mais êxito quando formou o Asia com o tecladista Geoff Downes, o guitarrista Steve Howe – ambos ex-Yes – e o baixista e vocalista John Wetton (ex-King Crimson e Uriah Heep).
Greg Lake decidiu por virar um artista pop, gravou dois álbuns e fez turnês com o ás do rock pesado Gary Moore.
Restou a Emerson engatar uma carreira solo errática e cult anos anos 80, antes de se unir a Lake no Emerson, Lake and Powell (Cozy Powell, ex-Jeff Beck Group e Rainbow), com Palmer no 3 (com o guitarrista Robert Berry) e, nos anos 90, um rápido retorno do Emerson, Lake and Palmer.
Ao lado de Jon Lord e de outro espetaculoso teclasdista, Rick Wakeman, do Yes, Keith Emerson está no time dos melhores tecladistas de rock de todos os tempos.
Sua contribuição é incomparável, seja como protagonista ao colocar seu instrumento como fundamental dentro de seu estilo, seja na busca incansável por novos timbres e novas possibilidades instrumentais com os novos equipamentos que sempre incluía em seu set musical.
Ao lado de Jon Lord e de outro espetaculoso teclasdista, Rick Wakeman, do Yes, Keith Emerson está no time dos melhores tecladistas de rock de todos os tempos.
Sua contribuição é incomparável, seja como protagonista ao colocar seu instrumento como fundamental dentro de seu estilo, seja na busca incansável por novos timbres e novas possibilidades instrumentais com os novos equipamentos que sempre incluía em seu set musical.
Mesmo apaixonado por cultura norte-americana – gravou alguns CDs de jazz, ragtime e blues -, era considerado um embaixador da música britânica com uma profunda pesquisa musical dentro das origens sonoras do folk britânico.
Muitos dizem que Rick Wakeman é o melhor tecladista do PROG. Mas com certeza Keith Emerson alem de possuir o mesmo talento arranjador de Wakeman, fazia o mesmo comer poeira no improviso. Em Fanfare for the Common Man, durante mais de 20 minutos ele segura o compasso em parceria com Greg Lake enquanto faz dobras de improvisos com uma linha melódica incrível usando somente a mão direita ! Genial !
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