O In-Edit - Festival Internacional de Documentários Musicais – acontece somente em julho, mas a temporada de documentários musicais começou quente em 2025, com a liberação de um trailer de um aguardado filme sobre o Led Zeppelin e a exibição de uma fita no CineSesc sobre como o jazz foi usado pelo governo norte-americano para fomentar golpes de Estado na África nos anos 60 e 70 do século passado.
“Becoming Led Zeppelin”, documentário dirigido por Bernard MacMahon sobre a origem de uma das maiores bandas de rock da história, tem data de lançamento nas telonas brasileiras marcada para 27 de fevereiro. Com exclusividade no IMAX, o filme é o primeiro a ser autorizado pelo grupo britânico e já conta com pôster e trailer oficiais. Em sua estreia nos Estados Unidos, o documentário se tornou o maior fim de semana de abertura para um lançamento musical exclusivo em IMAX.
O longa acompanha a banda desde o início nos anos 1960 até a ascensão meteórica, por meio de imagens inéditas de shows e materiais exclusivos sobre a criação dos primeiros álbuns e turnês, além de depoimentos dos membros Robert Plant, Jimmy Page, John Paul Jones e John Bonham.
Com imagens, entrevistas, atuações e música inspiradoras e psicodélicas, nunca antes vistas, o documentário explora a história da origem criativa, musical e pessoal do Led Zeppelin, com um acesso sem precedentes ao grupo e aos seus arquivos. O resultado é uma experiência visceral que transportará o público para as salas de shows e para a vida dos Led Zeppelin durante as suas primeiras turnês, acompanhada por comentários exclusivos da famosa banda.
“Trilha Sonora para um Golpe de Estado”, do cineasta belga Johan Grimonprez. É um primor de análise musical, política e sociológica da Guerra Fria entre Estados Unidos e União soviética na segunda metade do século passado.
Com um precioso matéria de arquivo e preciosa bibliografia, traçou um amplo painel mostrando como artistas de jazz, sem saber, contribuíram para os esforços americanos para conter a expansão comunista na África, então em decomposição e se fragmentando em vários países com o fim da era colonial.
Não era simplesmente uma questão de dominação cultural como ocorreu com o cinema. Agentes secretos e diplomatas americanos se infiltraram em equipes de turnês de jazzistas consagrados em viagens pela África para fazer trabalho político e espionar. E fizeram bem o trabalho, como explica o documentário.
Um ponto de partida seria a invasão da Casa Branca, em 1961, pelos músicos Abbey Lincoln e Max Roach, a fim de denunciar e chamar a atenção do mundo para a morte do revolucionário e líder político do Congo, Patrice Lumumba, em janeiro daquele ano.
Antes, porém, Grimonprez costura toda uma rede de interconexões a fim de revelar como a morte de Lumumba foi planejada e executada por forças apoiadas pelos americanos. O foco aqui é a República Democrática do Congo, que já se chamou Zaire e Congo Kinshasa, então recém-liberto da Bélgica, que o dominou por quase 100 anos.
O conteúdo é fortemente crítico ao Ocidente, com um evidente viés de esquerda, mas ão inventou nada; Usa apensa fatos e alguma ironia para retratar como astros como Louis Armstrong, Nina Simone, Thelonius Monk e muitos outros foram “enviados” a vários lugares do mundo para “difundir” a paz norte-americana e seu modo de vida, sempre monitorados pela agências de espionagem do governo.
A fita teve uma curta temporada no começo do mês no CineSesc de São Paulo e deve retornar à programação ainda neste primeiro semestre, além de ser exibido em outras salas. É um grande programa para quem gosta de entender o papel social do jazz e da música, como gostava de dizer o historiador inglês Eric Hobsbawn (1917-2012).
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