quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Uma música do Pinl Floyd que simboliza a divisão e o fim das 'altas expectativas

 Marcelo Moreira



Um conhecido músico paulistano que tocar frequentemente nos Estados Unidos não hesitou em tocar a marcha fúnebre em sus aparelhos de reprodução em casa quando a vitória de Donaldo Ttump foi confirmada n ano passado na eleição americana. Manifestou seu desgosto nas redes sociais mesmo correndo o risco de, um dia, ser barrado ao voltar ao país, mesmo com visto válido de entrada.

A barbárie da nova administração começou cedo, especialmente com a brutal e desumana caçada aos imigrantes ilegais, tratados coo animais e criminosos, tal qual, em muitas situações, ocorreu com judeus na Europa assolada pelos nazistas na II Guerra Mundial.

Vizinhos delatando vizinhos, padres entregando fiéis, professores apontando o dedo para crianças indefesas filhas de imigrantes ilegais. Todos presos, confinados a campos d detenção e sendo deportados algemados e acorrentados, sem documentos, só com a roupa do corpo.

Leu essas notícias no telefone celular, depois de ser alertado pela esposa que, ao prantos, não parou de soluçar por duas horas. Ela também musicista e assistente social, tem chorado bastante por conta da gravidade da crise humanitária na Cracolândia, no centro de São Paulo, onde atua, mas ficou particularmente sensibilizada com a situação dos imigrantes nos Estados Unidos.

Consternado, o músico logo colocou nos alto-falantes a canção “High Hopes”, do Pink Floyd, a melhor canção do disco “The Division Bell”, e 1994. A letra forte da jornalista Polly Samson, esposa de David Gilmour, o guitarrista da banda, expõe todos os horrores dos conflitos que separam vizinhos, irmãos e seres humanos.

“Horrorizado com os ataques terroristas em Israel em 2023, liguei o rádio em uma emissora de rock e a primeira canção a aparecer foi “High Hopes”. Ocorreu o mesmo quando Israel retaliou e matou 300 num só dia na Faixa de Gaza: essa canção surgiu imediaamente. Só pode ser um sinal”, diz o músico com um sorriso melancólico no rosto.

“High Hopes” é um marco no rock engajado dos anos 90, sendo gravada por uma banda que tem histórico de ativismo pacifista e engajamento social. As grandes esperanças do título contrastam com os sinos da divisão, que estão na letra e intitulam o álbum, o último do Pink Floyd enquanto a banda esteve na ativa.

Em uma entrevista a uma emissora de TV americana, Gilmour contou que a letra tem um significado pessoal. A canção fala sobre as dificuldades de dele em deixar sua cidade natal, as perdas e ganhos na vida, e a esperança. No contexto do [álbum, entretanto, fala de separações forçadas, em alusão a várias guerras que ocorriam (e ocorrem) no mundo.

O tema geral se reflete no título do álbum, The Division Bell, que foi inspirado nos sinos da divisão do Parlamento do Reino Unido, tocado quando ocorre uma divisão de opiniões entre os parlamentares, o que indica o momento de haver uma votação. Ao mesmo tempo, os sinos das igrejas cristãs são usados para indicar a aproximação de inimigos, como ocorre frequentemente nas guerras civis na África e foi recurso largamente usado na Guerra da Bósnia, nos anos 90.

“Guerras na África, na Ucrânia, em gaza e governo destrutivo nos Estados Unidos, estamos sob os signos da divisão e todos os sentidos. A própria polarização política no Brasil indica que não teremos sossego por muito tempo”, desespera-se o músico paulistano. “Estamos longe de termos alguma esperança, e teremos de suportar cada vez mais os sinos da divisão entre todos.”

Clique aqui para ler a letra e a sua tradução.









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