sábado, 8 de fevereiro de 2025

O inimigo a um passo - a perversidade com instrumento político

Marcelo Moreira

Regimes totalitários adoram estimular a perversidade para aumentar o controle sobre a sociedade, geralmente com requintes de crueldade e perversidade, descambando em todas as vezes para a desumanidade.

No auge do domínio nazista na Europa, durante a II Guerra Mundial (1939-1945), vizinhos e “cidadãos de bem” delatavam judeus em fuga ou escondidos – e quem os ajudava em troca de pretensas vantagens políticas e financeiras.

Na União Soviética dos tempos do ditador Josef Stalin (que governou de 1924 a 1953), crianças eram incentivadas nas escolas a delatarem pais e parentes que não fossem “suficientemente” comprometidos dom a revolução comunista. Em ambos os casos , o resultado era a prisão e morte de milhões de inocentes.

A principal democracia do mundo, o berço de sua versão mais moderna, caminha para o mesmo destino. Com a chegada ao poder do nefasto presidente Donald Trump, que não esconde predileção por posturas que lembram práticas fascistas, os Estados Unidos observam uma onda de delações de imigrantes ilegais nunca antes vista no país.

Em duas semanas de governo Trump, as prisões de ilegais batem recordes, muitas delas originadas de denúncias de vizinhos, patrões e professores dos equivalentes os ensinos médio e fundamental. Já se esperava uma perseguição abjeta desse tipo depois das promessas de campanha do presidente Trump, mas as proporções são bem maiores e preocupantes.

A bizarrice chega ao ponto de que as delações aumentam entre imigrantes legalizados – a maioria que, um dia, foi ilegal. E cresceram depois que Donald Trump vomitou em discurso que os imigrantes ilegais “envenenam o sangue americano”, uma declaração bem ao estilo dos próceres alemães do século passado.

'Matando Gueros', principal obra da banda Nrujeria, formada por mexicanos e hispano-americanos que sempre defenderam os imigrantes estabelecidos nos Estados Unidos em qualquer circunstância

 

Trump é sórdido, assim como a laia que o apoia, e eleva os patamares de barbárie e perversidade contra minorias. E conta com o apoio de gente que ele despreza, ou seja, os imigrantes que hoje vivem legalmente no país e que acham que estão no mesmo patamar que os americanos “originais e legítimos” só porque votaram na extrema-direita. Esses imigrantes legalizados se sentem mais ameaçados pelos compatriotas ilegais.

É uma síndrome de vassalagem muitas vezes descritas de forma crua u velada por bandas de rock como Dead Kennedys e Rage Against the Machine, expoentes do rock engajado e progressista americano que não se calaram diante das constantes escaladas do ódio nos Estados Unidos, bem como `s guinadas à extrema-direita que ocorrem por lá.

Jello Biafra, vocalista dos DEad Kennedys, sempre denunciou a desigualdade social nos Estados Unidos e as condições de vida degradantes dos imigrantes legais ou ilegais. Tom Morello, ex-guitarrista do Rage Against the Machine, sempre levantou a voz contra as políticas indignas e ultrajantes dispensadas a negros e indígenas. Não é coincidência que sejam dois dos artistas mais xingads e perseguidos por trumpistas.

Morello chegou a causar constrangimentos durante uma participação ao vivo, no ano passado, em um programa sobre as eleições americanas, após a exibição de uma entrada ao vivo de uma repórter. Ela entrevistou, em um misto de inglês e espanhol, um manifestante pró-Trump com aparência “chicana”.

Em uma fala desconexa, o entrevistado afirmou que votaria em Trump porque ele iria “escorraçar a escória latina e todos os imigrantes ilegais”. Na casa dos 30 anos, respondeu que tinha nascido no Peru quando indagado, provocando uma sonora risada de Morello.

Destilar todo o tipo de preconceito é prática contumaz e motivo de prazer para toda a canalha que integra a extrema-direita. Não foram poucas as tentativas de perseguição à cultura e a artistas nos quatro anos de trevas do nefasto ex-presidente Jair Bolsonaro. Houve até deputado estadual em São Paulo que compilou “listas” de esquerdistas ao vasculhar redes sociais com o intuito de “denunciá-los”.

Atualmente, deputado federal deplorável acusa o filme “Anda Estou Aqui”, que concorre a três Oscar, de ser uma “peça comunista” e de promover o comunismo”. O mesmo cidadão, que integrou o governo Bolsonaro, vive a “denunciar” artistas esquerdistas.

Empoderados com a vitória de Trump, dejetos humanos extremistas em várias partes do mundo prometem repetir quase tudo o que seu “mentor” está fazendo em caso e vitória em eleições futuras. De certa forma, lentamente, está ocorrendo na Argentina e, amis rapidamente, em El Salvador. Infelizmente, o risco é grande de essa fossa voltara empestear nossas vidas no Brasil.


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