A cruzada do mundo conservador/retrógrado quase uma redundância) contra a cultura em São Paulo atingiu outros ambientes nestes tempos sóbrios. Depois de consolidar a descaracterização total da Virara Cultural, marca registrada da cultura paulistana, p alvo agora é a música nas ruas de lazer.
Desde que a avenida Paulista foi fechada aos domingos, muitos músicos ocuparam as calçadas para exibir seus trabalhos. Com o tempo, foi necessária uma readequação e regulação para evitar que superestruturas de som inviabilizassem outras manifestações r acabassem com o underground;
Entretanto, a gestão conservadora do prefeito reeleito Ricardo Nunes (MDB) – apoiado pelo nefasto ex-presidente Jair Bolsonaro – surpreendeu a todos no domingo 2 de fevereiro ao impedir apresentações de músicos tocarem com equipamentos de amplificação e/ou instrumentos de percussão mais amplos. Ou seja, é a volta ao banquinho e violão em pela avenida.
Na prática, a Prefeitura de São Paulo proibiu a apresentação de bandas que usam equipamentos na Avenida Paulista, como geradores e amplificadores, porque considerou que são "eventos" e não possuem licença.
A subprefeitura da Sé, em nota enviada à vários veículos de imprensa, informa que são permitidas apresentações de artistas de rua sem estruturas de palco, apenas com instrumentos e som acústico.
A proibição gerou revolta entre os artistas, que consideram que a ação prejudica o comércio, o turismo e toda a cadeia produtiva envolvida.
No momento é impossível de medir o tamanho do retrocesso. A aceitação das ruas fechadas para lazer aos domingos foi tão grande que criou um ecossistema de negócios dentro e fora do entretenimento. Para os artistas, especificamente, tornou-se fundamental pata divulgar trabalhos e vender produtos artesanais.
Ao limitar as apresentações musicais ao formato “acústico”, uma gama grande de bandas e cantores/cantoras praticamente deixa de ter um palco importante de trabalho e divulgação.
Não há como dissociar essa investida da prefeitura a diretrizes que apontam caminhos contrários aos interesses da população e dos artistas. É mais uma etapa da politização do ambiente cultural municipal e da tentativa de “enquadramento” de quem faz música a padrões mais restritos e controlados. Bem mesmo o calculista e ultraconservador João Doria (PSDB), que desidratou a Virada Cultural, ousou atacar diretamente os artistas.
A decadência cultural da gestão municipal da cultura começou com Doria, em 2017, e caminhou sem freios por Bruno Covas (PSDB) até chegar a Ricardo Nunes. Isso ficou claro com as mudanças péssimas na Virada Cultural, que chegou a ser confinada em equipamentos murados e fechados, como o Anhembi, até ser descaracterizada e destruída na gestão Nunes.
A Virara coo a conhecíamos, criada em 2005 para ocupar a área central e permitir que desfrutássemos de muitas atrações ao longo da madrugada, não existe mais. Hoje as atrações foram guetificadas e espalhadas pela cidade, com horário para terminar às 22h e sem a possibilidade de deslocamento rápido para que o espectador tivesse acesso a outras atrações.
Em nome da “segurança” e de uma suposta “onda de queixas por conta da “bagunça” no centro, a Virada Cultural foi destruída. Ao que parece, a ocupação de espaços públicos por bandas e músicos de todos os gêneros na avenida Paulista e em outras vias fechadas aos carros aos domingos vão pelo mesmo caminho;
Nenhum comentário:
Postar um comentário