Marcelo Moreira
Não dá para espantar a sensação de que a coisa foi toda pensada e combinada com antecedência – ou até mesmo antecipada diante de mais uma polêmica política na área da cultura. Seria uma tentativa de dar um “cala a boca” aos críticos da conservadora e autoritária gestão para o segmento na cidade de São Paulo?
O prefeito Ricardo Nunes (MDB), pouco afeito a assuntos de cultura e que ajuda a despedaçar a cada não a Virada Cultural, anunciou um pacote de investimentos em um programa chamado “São Paulo +Cultura”.
De acordo om a administração municipal paulistana, serão investidos R$ 318,8 milhões no “São Paulo +Cultura” em projetos de teatro, dança, música, patrimônio cultural, literatura, exposições, artes visuais, cultura urbana, formação artística e economia criativa, que serão apresentados em espaços públicos
Não houve detalhamento do “programa”, que parece mais uma carta de intenções de tão genérico e insosso. Nem de longe toca nos assuntos que o setor quer ver abordados, como incentivo verdadeiro à produção cultural e facilitação da atividade em locais públicos por toda a cidade.
Mais do que isso: que a politização fique de fora dos critérios de alocação de verbas para novos artistas e que a ideologia seja banida na hora da fiscalização da ocupação dos espaços públicos, como ocorre nas avenidas Paulista e Liberdade fechadas aso carros aos domingos.
Om certa aversão a tudo que tenha relação com a palavra “popular”, a administração conservadora que praticamente acabou com a Virada Cultural está perseguindo músicos e artistas que ocupam as rua abertas aos domingos.
Os músicos são os alvos preferenciais, sendo impedidos pelos fiscais municipais de montar qualquer tio d aparelho de amplificação ou de percussão. Ou seja, e uma hora para outra, só “violão e banquinho” são permitidos, em uma perseguição abjeta a artistas populares e alternativos.
Parece que, quando mais democrático, mais incômodo é o espaço para a atual gestão da prefeitura. A Virada Cultual desidratada. e cada vez menos democrática, segue esse padrão.
A prefeitura vai justificar que as restrições ao som na avenida Paulista seguem a “legislação” que impede a realização de mais de três eventos pr ano no local, como reza um acordo feito com o Ministério Público Federal. Shows de música, qualquer um, estão sendo caraterizados como evento, equiparando-se à Parada LGBT!(A+, festa de Na Novo e outras manifestações.
As restrições de shows alternativos na avenida Paulista têm cheiro de perseguição à cultura popular e é escandalosa. O “pacote” de investimentos anunciado pela prefeitura paulistana é uma tentativa de cortina de fumaça para desviar as críticas às restrições impostas às apresentações nas ruas de lazer aos domingos.
A subprefeitura da Sé, em nota enviada à vários veículos de imprensa, informa que são permitidas apresentações de artistas de rua sem estruturas de palco, apenas com instrumentos e som acústico.
A proibição gerou revolta entre os artistas, que consideram que a ação prejudica o comércio, o turismo e toda a cadeia produtiva envolvida.
No momento é impossível de medir o tamanho do retrocesso. A aceitação das ruas fechadas para lazer aos domingos foi tão grande que criou um ecossistema de negócios dentro e fora do entretenimento. Para os artistas, especificamente, tornou-se fundamental pata divulgar trabalhos e vender produtos artesanais.
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