Ritchie Blackmore e sua mulher, Candice Night formam o Blackmore's Night (FOTO: DIVULGAÇÃO) |
Há 25 anos um dos maiores guitarristas de todos os tempos resolveu desacelerar. Já eram vários dissabores nos anos anteriores, como as muitas desavenças com antigos companheiros e a reencarnação de outra banda que não deu certo.
A opção encontrada foi o exílio. Ritchie Blackmore tinha brigado novamente com os ex-amigos do Deep Purple e deixou a banda no final de 1993. Rapidamente recriou o seu Rainbow, que durou menos de dois anos.
Sem paciência, se enfurnou em uma propriedade rural no nordeste dos Estados Unidos com a então nova mulher, uma jovem cantora norte-americana chamada Candice Night.
Entre grilos, raposas, esquilos e alces, o guitarrista teve a ideia de ajudar a mulher a gravar alguns singles natalinos. E então os dois criaram o Blackmore's Night.
Entre grilos, raposas, esquilos e alces, o guitarrista teve a ideia de ajudar a mulher a gravar alguns singles natalinos. E então os dois criaram o Blackmore's Night.
O que ninguém esperava é que Ritchie decidisse voltar a estudar e praticar violão clássico no período, o que definiu o som do novo projeto: a técnica apuradíssima do guitarrista e violonista casou-se perfeitamente com a voz delicada e angelical da esposa. E o que era um rock-pop virou música de inspiração medieval e renascentista.
O novo disco da dupla é "Nature's Light" (lançado no Brasil pela Shinigami Records), recém-lançado e reunindo todos os elementos que transformaram o projeto em um imenso sucesso, sobretudo na Alemanha, França e Suíça: folclore medieval, presença abundante de alaúdes e sopros diversos e a busca de um mundo idílico e suave, em contraste com o mundo torto e pandêmico da atualidade.
"A história de 'Nature’s Light' é a história da natureza sendo a verdadeira rainha e a simplicidade e magia dos milagres diários que acontecem bem diante de seus olhos", diz Candice Night no material de divulgação do novo álbum.
"Se você se sente estagnado ou reprimido pelo seu entorno, é importante fazer uma pausa do mundano e ir aonde seu coração te levar. Ele permite que você recarregue e comece de novo com uma nova e renovada energia. Para alguns, é o oceano, para outros, a floresta e para outros, sentir o sol no rosto. Nossa música é uma fuga do estresse e da pressão dos tempos modernos. Viaje de volta no tempo conosco, para um tempo mais simples e mágico, onde a música entra em seu coração e na sua alma", empolga-se a cantora.
Embora o álbum tenha suas raízes em uma abordagem tradicional de música renascentista, Blackmore é o centro das atenções, como não poderia deixar de ser. Brilha em todos os instrumentos de cordas (exceto violinos e violoncelo) e equilibra com maestria o virtuosismo e a busca de harmonias diferentes para surpreender.
Embora o álbum tenha suas raízes em uma abordagem tradicional de música renascentista, Blackmore é o centro das atenções, como não poderia deixar de ser. Brilha em todos os instrumentos de cordas (exceto violinos e violoncelo) e equilibra com maestria o virtuosismo e a busca de harmonias diferentes para surpreender.
É o caso de "Wish You Were Here", uma boa balada, "Four Winds", com seu clima de Senhor dos Anéis", e "The Twisted Oak, a que mais se aproxima de uma balada mais moderna.
A guitarra elétrica dá as caras nas interessantes "Darker Shade Of Black" e "Der letzte Musketier", com pegada um pouco mais roqueira e solos incandescentes.
O Blackmore's Night era para ser um grupo de bardos esquisitos fazendo música temática pela costa leste dos Estados Unidos – havia pouca disposição do casal de viajar pelo mundo com sua trupe medieval. Só que o projeto cresceu e a banda começou a ser muito requisitada na Europa.
O Blackmore's Night era para ser um grupo de bardos esquisitos fazendo música temática pela costa leste dos Estados Unidos – havia pouca disposição do casal de viajar pelo mundo com sua trupe medieval. Só que o projeto cresceu e a banda começou a ser muito requisitada na Europa.
Inusitado e intenso, o grupo fez turnês europeias com regularidade, sobretudo tocando em castelos medievais na Alemanha, na França, na Itália e nos países escandinavos. Casas de concertos eruditos também se foram ocupados em giros de completo sucesso.
O acerto do casal foi estupendo. O que era para ser um projeto de música "folclórica", como gostam de dizer os detratores, rendeu 13 CDs com músicas inéditas, um álbum ao vivo e dois DVDs. Aliás, detratores é o que não faltam para o Blackmore's Night, sobretudo no Brasil e entre os fãs do Deep Purple e do Rainbow, inconformados com o "exílio" do ídolo.
O acerto do casal foi estupendo. O que era para ser um projeto de música "folclórica", como gostam de dizer os detratores, rendeu 13 CDs com músicas inéditas, um álbum ao vivo e dois DVDs. Aliás, detratores é o que não faltam para o Blackmore's Night, sobretudo no Brasil e entre os fãs do Deep Purple e do Rainbow, inconformados com o "exílio" do ídolo.
Na Europa, os roqueiros e fãs das duas bandas estranharam bastante a opção de Blackmore, mas parte deles aceitou e apoiou. No Estados Unidos houve certa euforia no começo, mas foi seguida, algum tempo depois, por certa indiferença.
Curiosamente, às vésperas de de completar os seus 20 anos de autoexílio, o guitarrista resolveu matar a saudade do rock pesado ao recriar o Rainbow para quatro apresentações em 2016 na Europa, que inclusive renderam um CD/DVD ao vivo, "Live in Birmingham", tendo como vocalista o desconhecido norte-americano Ronnie Romero.
Curiosamente, às vésperas de de completar os seus 20 anos de autoexílio, o guitarrista resolveu matar a saudade do rock pesado ao recriar o Rainbow para quatro apresentações em 2016 na Europa, que inclusive renderam um CD/DVD ao vivo, "Live in Birmingham", tendo como vocalista o desconhecido norte-americano Ronnie Romero.
A nostalgia passou e o Rainbow voltou para a hibernação. Prestes a comemorar 76 anos de idade, o grande guitarrista está cada vez mais recluso e curtindo a vida de bardo guardião de uma floresta no meio do nada. Ainda bem que de vez em quando ele sai da toca para nos brindar com boa música.
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