Marcelo Moreira
Sem shows, sem atividades de divulgação, mas incapaz de ficar parado ou de tirar longas férias. O guitarrista norte-americano precisa produzir o tempo todo e em várias frentes. Seus discos solos e as bandas em que toca não são suficientes. Agora ele precisa também pilotar a mesa de gravação.
Artista diferenciado e com um ouvido abençoado, o maior nome do blues da atualidade ofereceu seus serviços de produtor a uma veterana guitarrista de blues, á qual ele devota grande admiração.
O novo disco da extraordinária Joanna Connor já está no ar. "4801 South Indiana Avenue" é uma celebração do blues em toda a sua plenitude, encharcado de álcool, suor, ironia, sarcasmo e um pouco de sacanagem.
É o 14º álbum dela, embalado pelos singles "I Feel So Good" e "Destinations". As duas canções dão o tom da obra, que mistura um pouco do blues setentista, mais pesado e animado, com vertentes mais modernas, mas sempre com a guitarra poderosa de Connor em primeiro plano.
Ela é considerada mestre na técnica da slide guitar, quando o guitarrista desliza um tubinho de vidro ou de aço nas cordas do instrumento. Já tocou com nomes como James Cotton, Buddy Guy, Luther Allison, Jimmy Page, entre outros.
Ela é considerada mestre na técnica da slide guitar, quando o guitarrista desliza um tubinho de vidro ou de aço nas cordas do instrumento. Já tocou com nomes como James Cotton, Buddy Guy, Luther Allison, Jimmy Page, entre outros.
Nas entrevistas para divulgar o disco, Joanna afirmou que o nome foi escolhido porque era o endereço do santuário funky blues Theresa’s Lounge, uma das casas de show emblemáticas dos Estados Unidos onde literalmente acontecia de tudo. O clipe de "I Feel So Good" é uma homenagem ao "santuário".
"Queremos que o ouvinte abra essa porta, entre e sinta alguma da magia que um lugar como aquele trazia noite após noite", disse a guitarrista em entrevista ao site português Artesonora. "É uma experiência inteiramente nova em relação à forma como gravei música no passado. É uma homenagem à escola de blues que frequentei em Chicago. Tentamos captar o espírito da tradição e injetá-lo com energia e paixão cruas.
A parceria com Bonamassa deu tão certo que novas colaborações estão sendo agendadas para o futuro. "Temos muita afinidade. Ele abriu meus shows anos atrás em Chicago e sabe muito bem com eu penso e toco. Joe queria fazer um álbum que sentia que eu precisava de fazer e nunca tinha realmente feito. Não foram utilizados muitos efeitos, mas usamos muitas guitarras e amplificadores vintage
Mas não é só afinidade musical e pessoal que atraiu Bonamassa para a parceria com a mestra do blues de Chicago. O nerd da guitarra parecia sentir falta de mais alguma coisa em seu estágio atual da carreira, mesmo estando no auge após lançar o excepcional álbum "Royal Tea" em 2020.
"Joe não pestanejou um segundo em trabalhar comigo, com com tantos bons guitarristas no mundo inteiro", conta Joanna. "Ele me disse: 'Você tem uma intensidade que a maioria das pessoas e a maioria dos guitarristas não tem. Eu queria ter um pouco disso'."
O entrosamento da dupla fica claro nas duas canções que encerram o álbum, "It's My Time" e "Part Time Love", duas peças de alta intensidade e muito feeling blueseiro, deixando qualquer um tonto com a energia emanada e pela qualidade do que estava sendo tocado.
O novo disco de Joanna Connor tem ainda participações do teclista Reese Wynans (ex-Double Trouble, de Stevie Ray Vaughan, e atual Joe Bonamassa), do baixista Calvin Turner e do baterista Lemar Carter.
"4801 South Indiana Avenue" é uma senhora aula de blues, com execução perfeita e um clima nostálgico contagiante. Faz jus totalmente à música principal, "I Feel So Good".
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