sábado, 20 de abril de 2024

A impactante estreia em LP dos Stones completa 60 anos

 Uma banda de blues suja de boteco. Paul McCarntey não errou quando provocou recentemente os Rolling Stone em uma entrevista numa emissora de TV. O cantor dos Stones, Mick Jagger, levou na brincadeira porque é a ,ais absoluta verdade. É só escutar o primeiro álbum da banda, lançado há 60 anos.

Surgida pela junção de três moleques de 18 anos em 1961, os Rolling Stones suaram muito em espeluncas de toda a Grã-Bretanha por três anos até que pudessem entra em um estúdio levados pela Decca - aquela que recusou os Beatles - e registrassem, de forma crua e pegajosa o seu primeiro trabalho completo.

Ouvir "The Rolling Stones", mais tarde conhecido como "The Rolling Stones Nº 1", é uma delícia pela constatação de que era uma época de certa ingenuidade e pireza, mesmo que a beatlemania você predominante e estabelecesse novos padrões de gravação e produção.

Recheado de versões de muitos clássicos do blues e rhythm and blues dos Estados Unidos. o disco transpira urgência e descontração. É mais interessante do que os primeiros singles/compactos - "Com On", de Chuck Berry, e "I Wanna Be Your Man", de John Lennon e Paul McCartney, também registrada pelos Beatles.

Das 12 faixas, apenas "uma" era uma composição autoral da banda, "Tell Me" (bem, não foi necessariamente assim), justamente a mais fraquinha, a primeira coisa escrita por Micdk Jagger e o guitarrista kKith Richards.

A vantagem que bandas como Stones, Beatles, The Who, The Kinks e outras que suavam os pubs ingleses é que entravam no estúdio superafiadas - até porque gravar era caro e o tempo de estúdio, muito curto,.

O disco não fez sucesso, mas estabeleceu alguns padrões que foram seguidos por Who e Kinks, por exemplo. Tocando praticamente ao vivo e com muita vontade, as versões clássicas soas frescas e poderosas, mas um tanto sem lapidação. 

Tirando a canção autoral, nada ali era novidade, ou grande novidade. Eram grandes canções dos anos 50 e comecinho dos anos 60 e base do repertório de quase todas as bandas de blues e blues rock da Inglaterra. No entanto, foram os Stones, e depois os Kinks, primeiros a resgatar essas canções quase esquecidas nos Estados Unidos.

Muita gente, então, travou conhecimento  pela primeira vez com o blues raiz dos americanos em LP. Era o caso dde "Route 66", que abre o disco, em uma versão deliciosa, assim como a pesada "I Just Wanna Make Love to You", de Willie Dixon, e a urgente "Honest I Do", de Jimmy Reed;

Tem também uma pungente versão de "Mona (I Need You Baby)", de Bo Diddley, e os rocks viscerais d" I'm a King Bee", de Slim Harpo, e "Carol", de Chuck Berry, que frequentou o repertório dos shows até 1970. E i que dizer da maliciosa versão de "Walking the Dog", de Rufus Thomas?

Por algum tempo, duas boas canções creditada a Nanker Phelge ficaram envoltas em um grande enigma: quem era esse bluesman americano que ninguém conhecia? 

Muito tempo depois, quando o álbum "The Rollong Stones N} 2" estava nas lojas, é que o segredo surgiu: era o pseudônimo de Jagger, Richards e o produtor/empresário Andrew Loog-Oldham. Ou seja, o álbum que "oficialmente" tem apenas uma canção autoral da banda, na verdade tem três.

Essas duas canções de Namker Phelge são a singela "Now I've Got a Witness" e "little by Little", em parceria com produtor americano Phil Spector. O pseudônimo foi adotado para que se pudesse atestar a qualidade do material sem correr o risco de "queimar" os autores originais - uma ideia estapafúrdia que saiu da cabeça lunática de Oldham.  Spector e o produtor Gene Pitney contribuíram muito para as sessões de gravação e são referidos como "Uncle Phil and Uncle Gene" no subtítulo da instrumental de Nanker Phelge "Now I've Got a Witness".

Gravado no "Regent Sound Studios", em Londres, em cinco dias em janeiro e fevereiro de 1964, o álbum, como afirmou Richards em 2003: em uma entrevista:  "O repertório refletia o que costumávamos tocar no Crawdaddy Club- uma dieta regular de Jimmy Reed, Muddy Waters, Bo Diddley, com alguma coisa de Slim Harpo. O disco era o melhor do set! Nós o gravamos em um quarto cheio de caixas de ovos, usando um Revox de dois canais. O único profissionalismo que tinha era que o gravador ficava pendurado na parede;."

O álbum foi produzido por Oldham e Eric Easton, que ajudava o primeiro na administração da banda,  e tendo Bill Farley como engenheiro de som; É considerado um marco no rock britânico, por mais que tenha sido ofuscado pela avassaladora beatlemania. 

Também serviu de cartão de visitas da banda e foi uma estreia vigorosa que ajudou a sedimentar o nome Rolling Stones no mar de artistas que surgiram com a explosão dos beatles.

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