Marcelo Moreira
Fromação clássica e original do Dr. Sin> Andria Busic (dir.), Uvan Busic (centro) e Edu Ardanuy (FOTO: DIVULGAÇÃO)
Em mundo totalmente segmentado e pulverizado como o de hoje, onde a ansiedade predomina e é quase impossível obter a atenção do ouvinte, soa como mentira e fake news o fato de que o Dr. Sn se encaixou no perfil descrito acima quase 35 anos atrás.
Ao anunciar um hiato na carreira por tempo indeterminado, o trio paulistano encerra um capítulo interessante do rock nacional voltado para o exterior. Formado antes mesmo do Angra, o Dr. Sin encarnou o sonho de fazer música global e seguir os passos do Sepultura. Além da qualidade musical, essa foi outra grande contribuição do trio 0 mostrar que era possível sem ter de recorrer ao expediente de formar um supergrupo com o incentico e empresários, como ocorreu, em parte, com o próprio Angra.
Andria Busic (baixo e vocal), Ivan Busic (batrial e vocais) e Edu Ardanuy (guitarra) eram muito novos e pareciam encarar o espírito dos músicos brasileiros de classe média que tiveram algumas vantagens para chegar ao topo em condições tão diferentes. As aparências encobrem um passado de muito trabalho e competência pata atingir o tão invejado contrato profissional com uma gravadora.
Eles realmente eram de classe média em São Paulo, mas isso não fez muita diferença quando os irmãos Busic encararam noites e noites em bares e festas meio furadas para formar o caráter e o sim que queriam fazer.
Ardanuy já assumbrava ela técnica e pelo feelig do blues e do rock nos anos 80 e logo seria comparado ao sueco Yngwie Malmsteern quando este estourou na Califórnia, entre 1983 e 1984. Os três tinham reconhecimento, mas era só. Andando de condução e lapidando os estilos, os três camelaram bastante até que as portas do mercado fossem aberta.
Foram os anos tocando com a banda Platina, com a banda de Sipla e a de Wander Taffo que deram a experiência necessária e a coragem para arriscar mesmo com resultados altamente duividosos e imprevisíveis.
O hard rock de inspiração californiana encontrou eco em multinacionais mesmo em um momento em que o grunge explodia com Nirvana e Pearl Jam e os três assinaram contrato com a Warner sem mesmo ter lançado ao menos uma música e de a rápida passagem pelos Estados Unidos nãi ter sido tão esfuziante.
“Enomotional Catastrophy” foi o primeiro hit – o maior deles até hoje – e impulsionou as vendas do primeiro álbym, autointitulado, e as execuções massivas em rádio. Um púbbçico que jamais sonhou em escutar hard rock teve contato com o trio brasileiro e soube que havia rock and roll de extrema qualidade em São Paulo – e que o sucesso internacional do Sepultura não era uma coisa de “sorte” e “nichada” dentro do metal extremo.
Viper. Sepultura e Cólera já eram nomes conhecidos no exterior e tinham feito turnês internacionais, mas foi o Dr. Sin que chamou a atenção para o fato de que era possível chegar ao Olimpo e repetir, ao menos em parte, o que nossos ídolos do rock clássico faziam. Contrato com gravadora, gravar em bons estúdios e tocar no rádio não era só coisa para bandas como Paralamas do Sucesso, Legião Urbana, Titãs...
“I Dr. Sin é fruto de quase dez anos de experiências diversas tocando com muita gente e em variadas situações”, contou Ivan Busic certa vez em entrevista ao Combate Rock. “Éramos jovens quando o Dr. Sin despontou, mas com uma experiência riquíssima que poucos músicos nmo mundo tiveram. Quando digo que me sito grato pelo que a banda conquistou é um tributo á qualidade do nosso trabalho, mas principalmente pela trajetória de muito suor e muito empenho. Acho que fomos merecedores.”
Última formação, com o guitarrista Thiago Melo (FOTO? DIVULGAÇÃO) |
As dificuldades para bandas brasileiras conseguirem contratos internacionais e realizar turnês mundiais continuam as mesmas, mas existem mais suporte, informações e opções do que em 1990.
Graças aos acertos e erros de Dr. Sin, Viper, Angra, Shaman e André Matos em carreira solo foi possível estabelecer uma imensa reputação e uma série de protocolos que permitem a Krisiun, Nervosa, Crypta, Electric Mob, Boogarins e Ego Kill Talent, entre outros, manter seu nome em evidência em circuitos mundiais. Ajudou demais o Torture Squad, por exemplo, a se estabelecer como destaque em edições do Wacken Open Air nos anos 2000.
Claro que a crueldade de tentar se fazer rock no Brasil cobra seu preço, ainda mais depois de uma pandemia de covid-19 e de mudanças drásticas no mercado musical neste século, que praticamente extinguiu um modelo de negócios, é um empecilho imenso para quem insiste no gênero.
No entanto, o fato de permitir que o sonho ainda persista faz do artista que sobe no palco e se sinta poderoso já vale a pena, aina que o conto de fadas do Dr. Sin não se repita.
Precisamos agradecer ao trio paulistano por mostrar qu sonho era possível e que o rockl feito no Brasil ia muito além do metal extremo do Sepultura.
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