Alan White estava tocando bateria certa vez em um boteco qualquer de uma região barra pesada de Londres e imaginava um dia trocar no Royal Albert Hall como fazia o seu ídolo, Ginger Baker, a máquina propulsora do Cream.
Aos 19 anos, imaginava-se fazendo turnês mundiais. Jamais imaginaria que, semanais depois, embarcaria para o Canadá para ocar com John Lennon e Eric Clapton..
O baterista-símbolo do Yes tinha muita história para contar e adorava conversar com quem se dispusesse a ouvir as suas histórias. O bem humorado e inteligente percussionista inglês morreu nesta quinta-feira (26), aos 72 anos de idade, em Seattle, nos Estados Unidos.
Os fãs do Yes foram surpreendidos quando a banda anunciou no mês passado que White não seguiria na turnê de aniversário dos 50 anos de lançamento do maravilhoso álbum, "Close to the Edge" por questões de saúde, mas não detalhes. O comunicado a respeito da morte do baterista também não informa as causas.
Seu substituto será Jay Schellen, um músico que tocou em vários projetos associados aos Yes, já tendo participado do Asia, Circa, Yoso, World Trade e até mesmo o Badfinger na mesma época que o tecladista Tony Kaye. Também integrou Hurricane e Unruly Child, entre outros.
Muito técnico e versátil, embora sem ser brilhante, Alan White era um requisitado músico de estúdio e de jazz no final dos anos 60 a ponto de ter chamado a atenção de John Lennon, Eric Clapton e George Harrison, gravando sessões de estúdio com os três e mais uma infinidade de lendas roqueiras inglesas com apenas 20 anos de idade.
Depois de tocar com a Plastic Ono Band, de Lennon, no Canadá em 1969, passou por várias bandas até que foi chamado para substituir o mago Bill Bruford no Yes em 1972. Ironicamente, completou 50 anos de Yes em abril. Era o membro da banda com mais tempo no Yes - o fundador, Chris Squire, grande baixista, morreu em 2015 e tinha ficado 47 anos no grupo.
Outra curiosidade sobre o baterista era o fato de que era o único membro do Yes que mantinha amizade e contato com ex-integrantes de todas as eras, apesar de nunca ter se posicionado a respeito de eventuais injustiças, como a demissão sumária do vocalista Jon Anderson em 2008, quando este ficou muito doente e não pôde participar da turnê de 40 anos do Yes.
"Alan foi o único músico do Yes a me ligar no hospital e procurar saber da minha saúde naquela época", disse Anderson a este jornalista em 2010, durante passagem por São Paulo. "Chris Squire é um irmão para mim e criamos juntos o Yes, mas os negócios predominaram sobre as relações na banda."
Com a rápida demissão de Anderson, que não voltaria mais ao Yes, o tecladista Rick Wakeman decidiu abandonar o gruo ela enésima vez em solidariedade ao amigo - e, ironicamente, foi substituído emergencialmente por seu filho mais velho, Oliver. até que Geoff Downes (Buggles, Asia) assumisse definitivamente a vaga.
Alan White também era bastante amigo de Wakeman, mas não escapou da língua ferina deste por conta de nunca se posicionar em relação às decisões sobre os afastamentos de integrantes. Político demais, quer ficar de bem com todo mundo, reclamou o tecladista.
Seu único trabalho solo, "Ramshackled", foi editado em 1976 durante um longo hiato do Yes que só terminaria em 1977.
Com a morte de White, só resta o guitarrista Steve Howe, 75 anos, como integrante da formação clássica da banda entre os atuais músicos. Jon Anderson e Eick Wakeman continuam atritados com Howe, que se tornou o líder com a morte de Chris Sqire, que detinha os direitos sobre o nome da banda. O baterista Bill Bruford está vivo, mas se aposentou há cinco anos.
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