segunda-feira, 30 de maio de 2022

Violência na Virada é a parte mais visível do fracasso da edição de 2022

 Fazia tempo que a Virada Cultural Paulistana tinha se livrado dos arrastões. Pouca gente lembrava a última vez em que brigas generalizadas e roubos tinham ocorrido no evento. Em 2022, para coroar a incompetência da administração do PSDB capitaneada por um político fraco do MDB, os arrastões e a violência voltaram no palco do Vale do Anhangabaú.

De cara os especialistas apontaram, os graves problemas de segurança, que foi armada com um amadorismo inacreditável. 

Poucos policiais dentro do recinto do evento, delimitado por cercas de ferro. Muitos policiais estavam dispersos e espalhados e, em alguns casos, não deram boa para os flagrantes casos de violência. Teria sido deliberada essa "estratégia" de esvaziar o centro do evento?

As teorias conspiratórias do momento dão conta de que a falta de segurança - ou segurança ruim - ocorreu para que ficasse claro que a Virada não pode mais ocorrer na região central e que espalhar eventos para bairros mais distantes, sem comunicação entre os próprios eventos, com tudo terminando às 22h, é uma maneira de fazer um evento mais "família" e, portanto, muito mais fácil de controlar.

 Por maios que faça sentido, não há provas de que a administração paulistana e a organização, que fizeram o trabalho péssimo, tenham deliberadamente depredado a segurança para justificar a destruição de um conceito maravilhoso da Virada - shows na região central durante toda a madrugada.

A falácia de que a periferia, finalmente, receberia atrações variadas parece ter "colado" em alguns ambientes, o que é vergonhoso. Desde sempre houve eventos nas periferias, e muito interessantes. 

A questão é que, dentro do conceito de "virada" mesmo, com shows ininterruptos por 24 horas, o grosso dos artistas e dos espetáculos ficavam concentrados na parte central para facilitar a integração entre os shows e eventos e o acesso do público, já que quase todas as linhas de metrô e CPTM passam pela região central.

Era possível curtir um show de heavy metal ou punk em um lugar e, poucos passos depois, curtir uma roda de pagode ou ir a um palco sertanejo, assistir a uma peça de teatro ou ir a um museu com programação especial, a qualquer hora do dia e da madrugada.

A nova "Virada" proposta por essa administração conservadora e sem muito apreço da cultura retomou  a horrorosa ideia de João Doria (PSDB), enquanto prefeito, de descentralizar e até confinar as atrações em locais fechados alegando "segurança".

Revelando pouco caso com o conceito da Virada e revelando extrema incompetência, jogou os principais shows para bairros afastados e limitou o horário de encerramento às 22h ou 23h. Virada?

Com a destruição do conceito para fazer um empilhamento de atrações "família" em eventos "família", supostamente mais seguros, São Paulo perde um de seus eventos mais charmosos e instigantes. Será que a partir de agora teremos carnaval de rua e Parada Gay tipo "família", com "descentralização" e "limite de horários"?

A violência no Vale do Anhangabaú foi apenas a parte visível da incompetência dessa administração municipal ao lidar com cultura e entretenimento, principalmente quando se trata de eventos públicos destinados ao povo mais crente e necessitado de lazer e cultura. 


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