O rock liberta, e o heavy metal, ainda mais. Assim como as torcidas organizadas de futebol tem seu apelo pela união e pela aceitação dos "diferentes" e, eventualmente, "rejeitados", o mundo do rock acaba fazendo o mesmo papel em muitas circunstâncias.
Sempre foi assim, não é? Seja no Brasil, nos Estados Unidos ou na Alemanha pós-guerra, o sentimento de pertencimento a um grupo de pessoas excluídas sempre foi uma motivação a mais para seguir em frente.
As gangues sempre fizeram sucesso justamente por apontar um caminho diferente e representar o acolhimento que família, escola e sociedade negaram a muita gente. Germinaram conflitos e confrontos, mas também reforçaram o autoestima e o elogio à personalidade à autossuficiência. Ou seja, tudo a ver com rock e heavy metal.
O assunto ganhou evidência no ano passado com a entrevista bacana que a cantora brasileira Teresa Cristina deu ao programa "Roda Viva", da TV Cultura.
Recupero esse assunto agora por conta de uma produtora cultural e de shows que andou vomitando a respeito do suposto sectarismo do rock e do metal, que se enclausuram dentro de seu nicho e "não evoluem". "Tiozão com bandana do Sepultura impede a expansão do rock e de furar a bolha", disse a preconceituosa e desinformada produtora Marina Leiva.
Expoente importante da música brasileira e da cultura em geral, a sambista falou sobre racismo, mercado musical e pertencimento a uma sociedade conflagrada e dividida, como a a brasileira. E falou sobre rock e heavy metal. Surpreendeu a maioria das pessoas ao se mostrar fã de gênero e subgênero - com isso, demole os parcos argumentos da suposta produtora cultural em questão.
Como bem ressaltou o portal Wikimetal, a cantora Teresa Cristina comentou na entrevista que o metal foi o refúgio para a sua "inadequação" social e contra a rejeição da "sociedade comum", digamos assim.
Na adolescência, período crucial de descobrimento do amor e do sexo, a menina Teresa sentia-se feia, mas também sentiu na pele a rejeição nos bailinhos e pela "recusa" dos pares em chamá-la para dançar as músicas lentas. Sempre que ia a esse tipo de evento, acabava por sumir e ficar isolada em outros lugares onde se realizavam os eventos.
"Foi a partir disso, que com os amigos do meu primo, comecei a frequentar shows de heavy metal. Lá ninguém te chama pra dançar, mas também ninguém te cobra nada. Senti que me tratavam de forma igual. Aprendi a amar Guns N' Roses e Van Halen, que falavam de amor, mas também Iron Maiden, que fala de fatos históricos, como Egito Antigo e Guerra Fria", descreveu a sambista.
É sempre bom escutar esse tipo de coisa e vindo de alguém que, aparentemente, não é do meio roqueiro e que nada teria a ver com o peso do metal.
Gostar de rock sempre foi coisa alternativa e marginal nos anos 70 e 80 no Brasil. A coisa era ainda mais acentuada em relação ao punk e ao metal. Era uma coisa de gangue mesmo, de grupinhos exclusivos, cujos excessos evoluíram para as famosas brigas violentas entre grupos diversos em várias partes do mundo, do Brasil à Alemanha, dos Estados Unidos à Indonésia.
No entanto, mesmo que a coisa tenha descambado para a violência em vários momentos, a essência do rock permanece e foi bem descrita descrita pela sambista Teresa Cristina: rock é atitude, é energia, é contestação, mas também é acolhimento, é liberdade e compreensão - e, por que não, uma verdadeira irmandade. Agrega sentimentos positivos e realça a fraternidade.
Se o rock fosse uma religião ou seita, seria a melhor delas - mas ainda bem que não é. Rock é tudo isso e muito mais, por isso é fascinante e envolvente, mesmo quando renasce com uma aura de exclusivismo e de "sociedade secreta", coisa para iniciados (uma verdadeira bobagem).
É fascinante mesmo que esteja caminhando para ser música de nicho neste século XXI, situando-se ao lado do jazz e do blues. Rock é arte, cultura e conhecimento, e essas coisas libertam e expandem a mente e as ideias.
Parece que tínhamos esquecido todas essas coisas, e precisou uma sambista de excelentes credenciais pra nos lembrar tais coisas. Muito obrigado, Teresa Cristina. Up the Iron!
Expoente importante da música brasileira e da cultura em geral, a sambista falou sobre racismo, mercado musical e pertencimento a uma sociedade conflagrada e dividida, como a a brasileira. E falou sobre rock e heavy metal. Surpreendeu a maioria das pessoas ao se mostrar fã de gênero e subgênero - com isso, demole os parcos argumentos da suposta produtora cultural em questão.
Como bem ressaltou o portal Wikimetal, a cantora Teresa Cristina comentou na entrevista que o metal foi o refúgio para a sua "inadequação" social e contra a rejeição da "sociedade comum", digamos assim.
Na adolescência, período crucial de descobrimento do amor e do sexo, a menina Teresa sentia-se feia, mas também sentiu na pele a rejeição nos bailinhos e pela "recusa" dos pares em chamá-la para dançar as músicas lentas. Sempre que ia a esse tipo de evento, acabava por sumir e ficar isolada em outros lugares onde se realizavam os eventos.
"Foi a partir disso, que com os amigos do meu primo, comecei a frequentar shows de heavy metal. Lá ninguém te chama pra dançar, mas também ninguém te cobra nada. Senti que me tratavam de forma igual. Aprendi a amar Guns N' Roses e Van Halen, que falavam de amor, mas também Iron Maiden, que fala de fatos históricos, como Egito Antigo e Guerra Fria", descreveu a sambista.
É sempre bom escutar esse tipo de coisa e vindo de alguém que, aparentemente, não é do meio roqueiro e que nada teria a ver com o peso do metal.
Gostar de rock sempre foi coisa alternativa e marginal nos anos 70 e 80 no Brasil. A coisa era ainda mais acentuada em relação ao punk e ao metal. Era uma coisa de gangue mesmo, de grupinhos exclusivos, cujos excessos evoluíram para as famosas brigas violentas entre grupos diversos em várias partes do mundo, do Brasil à Alemanha, dos Estados Unidos à Indonésia.
No entanto, mesmo que a coisa tenha descambado para a violência em vários momentos, a essência do rock permanece e foi bem descrita descrita pela sambista Teresa Cristina: rock é atitude, é energia, é contestação, mas também é acolhimento, é liberdade e compreensão - e, por que não, uma verdadeira irmandade. Agrega sentimentos positivos e realça a fraternidade.
Se o rock fosse uma religião ou seita, seria a melhor delas - mas ainda bem que não é. Rock é tudo isso e muito mais, por isso é fascinante e envolvente, mesmo quando renasce com uma aura de exclusivismo e de "sociedade secreta", coisa para iniciados (uma verdadeira bobagem).
É fascinante mesmo que esteja caminhando para ser música de nicho neste século XXI, situando-se ao lado do jazz e do blues. Rock é arte, cultura e conhecimento, e essas coisas libertam e expandem a mente e as ideias.
Parece que tínhamos esquecido todas essas coisas, e precisou uma sambista de excelentes credenciais pra nos lembrar tais coisas. Muito obrigado, Teresa Cristina. Up the Iron!
https://youtu.be/yOqkcJdl-ww
https://youtu.be/YBemdKjn59E
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