quarta-feira, 29 de junho de 2022

Do fim iminente ao auge da carreira: a reinvenção de Fabiano Negri

Da quase aposentadoria ao melhor momento da carreira, mesmo enfrentando uma pandemia no meio. Nem os mais otimistas dos roteiristas de histórias diversas poderiam imaginar a guinada que a carreira do cantor e multi-instrumentista paulista deu nos últimos três anos.

Aproximando-se dos 25 anos de música no underground, o músico estava cansado da falta de reconhecimento e do esforço dispendido em mais de dez álbuns lançados com a banda Rei Lagarto e na carreira solo. Quanto o melhor era o disco, maior o esforço de divulgação sem grandes resultados.

Já tinha tomado a decisão em 2019 de ficar apenas com a bem recomendada escola de música que mantém em Campinas (SP) e pretendia dar por encerrada  carreira fonográfica quando recebeu a proposta de criar mais uma obra pelo selo americano Big Can.

"Reborn", dividido em dois EPs com cinco músicas cada, representou não só o renascimento do músico Fabiano Negri como o pontapé para aquele veio a ser o seu mais importante e melhor trabalho, ZebathY", lançado neste ano.

Apesar de ser um aficionado pelo subgênero, foi a primeira incursão dele no heavy metal. O mais recente videoclipe do artista, retirado do disco novo, é um mergulho no metal e uma declaração de amor ao rock em todos os sentidos.

"Princess' Stoned Sleep" é um dos pontos altos do álbum conceitual. "Minha ideia inicial era fazer um álbum que buscasse a sonoridade dos primórdios do metal, lago que sempre fascinou."

O álbum é conceitual e trata do preconceito velado, que ele veio identificando durante os últimos anos contra as mulheres no ambiente do rock e logicamente do heavy metal, em especial nas redes sociais. 

"Percebo desde o simples ‘não gosto de bandas com vocal feminino’ até o escracho, uma combinação de sexismo, machismo e misoginia. O desrespeito é total", identifica ele. 

Assim, a história gira em torno de uma mulher que teve a vida destruída por conta dos preconceitos, entregando-se a vícios e padecendo com a depressão. Porém, tudo sofre uma reviravolta quando uma entidade oferece um acordo de vingança contra quem causou-lhe tanto mal."

"Princess' Stoned Sleep" narra a transformação da personagem principal de "ZebathY", sendo o momento em que ela é cobrada pela entidade que a ajudou na sua vingança. 

Sua abordagem mais psicodélica ilustra seu sonho destruído. "Na concepção do instrumental eu pensei num encontro entre Black Sabbath e o som lisérgico de San Francisco, no Estados Unidos, e acabou se tornando em uma faixa bastante diferente dentro do álbum."

As gravações foram feitas numa sala da escola de música de Fabiano Negri, a Cultura Pop, e foi dirigido por Flávio Carnielli, ganhador de vários prêmios por conta de curtas metragens de terror. Já a edição é de Ian Pinheiro, músico que é filho de Fabiano - e que fez os backing vocals da faixa. A atriz Helena Oliveira interpretou a personagem principal. 

"Cheguei a escrever músicas para dois dos trabalhos de Carnielli - 'Eternidade' e 'Boneca'. O cara é um mestre! Foi muito bom conseguir tê-lo junto comigo nesse projeto, pois ele realmente conhece como poucos a linguagem do tipo de terror que eu queria. É um vídeo simples, honesto, porém fortíssimo", conclui o cantor.

"ZebathY" tem, oito faixas e as guitarras e todos os vocais foram gravados por Negri, assim como a bateria. O baixo esteve a cargo de Ric Parma.  
 

  https://youtu.be/E_qpcCDCw

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