Marcelo Moreira
Na trilha sonora da sua vida, em pleo menos um momento os Beatles vão se intrometer, e sempre da melhor forma possível. No cinema, deve ser a banda/artista que mais vezes aparece como tema principal ou incidental.
Como não amar "I Am Sam", de 2001, com Sean Penn e por Jessie Nelson? Um é um livro que adulto com problemas mentais, que vive sozinho e que tem a missão de cuidar de uma filha de cinco anos, que assim como ele ama os Beatles e fazem dele o seu motor nas vida?
"Tocando a Vida" (Editora Letras do Brasil) é um livro que certamente inspiraria uma produção diversa no teatro e no cinema mostrando como essa trilha sonora é poderosa e permeia nossas vidas.
O autor, o jornalista Marcelo Tieppo, morreu nesta sexta-feira (9), deu uma aula de sensibilidade e perseverança em uma obra simples, mas muito tocante.
Tieppo narra no livro como o diagnóstico de câncer no pulmão, aos 42 anos, mudou a sua vida e a sua rotina - e como os artistas preferidos, os Beatles, foram fundamentais para seguir a jornada.
Cada capítulo do livro tem um título de uma canção da banda e casa perfeitamente com as passagens difíceis, mas doces e otimistas. São os Beatles empurrando a vida, e melhorando cada segundo dela.
Lançado em 2016, é um reflexo da personalidade suave e serena do autor, um apaixonado por esporte e por jornalismo, eclético e culto com a capacidade de cobrir um golpe de estado no Paraguai no momento em que deveria estar de olho em um jogo de time paulista de futebol na disputa pela Taça Libertadores da América.
Marcelo Tieppo (FOTO: ARQUIVO PESSOAL/FACEBOOK) |
Marcelo Tieppo descreveu no livro coisas complicadas de externar na luta contra uma doença grave, transformando uma rotina pesada do tratamento em algo até mesmo lúdico e sereno, capaz de ser integrada ao cotidiano sem que o diagnóstico determine a continuidade da vida.
O amigo e festeiro Tieppo, com o sorriso sempre pronto nos tempos de festas de aspirantes à fama entre estudantes de jornalismo da Cásper Líbero e da Metodista., de São Bernardo (ABC paulista), não resistiu ao retorno da doença e parte aos 54 anos de idade, deixando mulher e quatro filhos.
Sua bela visão de vida fará falta, assim como a sua defesa instigante e apaixonada do Beatles. "Tocando a Vida", que ainda nas livrarias do mundo, é um testemunho bacana de resiliência, perseverança e esperança tendo os Beatles como trilha sonora. Uma tocante aula de como viver bem e de forma serena.
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