O sequestro do verde-e-amarelo e o consequente vilipêndio de outrora símbolos nacionais resgatou mais um aspecto que revela o pio de nós e que tinha emergido das profundezas há alguns anos: o uso de imagens e tradições regionais para promover o preconceito e a discriminação de todos s tipos.
E assim nos deparamos, em 2022, com um novo "sequestro" do 9 de Julho, data importante para os paulistas, especialmente neste ano que marca os 90 anos da Revolução Constitucionalista de 1932.
A bandeira paulista novamente serviu para grupelhos fascistas destilarem ódio a vomitarem seu "orgulho" de serem paulistas, acompanhado de impropérios contra negros, nordestinos e homossexuais. A bandeira serviu pra ilustrar os posts destes fascistas nojentos sem, no entanto, provocar protestos.
Houve até quem resgatasse uma imagem adaptada de Eddie, o mascote do Iron Maiden, caracterizado de soldado constitucionalista, para "reforçar o orgulho paulista" e mostrar sua face ideológica podre - claro que quem fez isso é apoiador do nefasto e fascista presidente Jair Bolsonaro.
E é claro que alguns dos q8ue resgataram a imagem de do "Eddie paulista" são roqueiros reaças que não têm vergonha de abraçar o fascismo e apoiar gente que que clama pela volta do regime militar, da censura e da tortura - que, em tese, se reverterão contra os próprios artistas imbecis que apoiam essa gente.
Já tinha sido assim nas eleições de 2014 em São Paulo, quando extremistas de direita espalharam essa nojeira alardeando o "perigo vermelho" e fazendo campanha para Geraldo Alckmin, então no PSDB e que acabou reeleito governador de Sã Paulo
O sequestro de Eddie enlameia o rock, mas coloca outra questão que vai além da tolerância: até quando conseguiremos evitar o esgarçamento do tecido social e explosões generalizadas de violência?
Até quando iremos tolerar manifestações de ódio como a de um administrador de grupo de redes sociais, músico frustrado e ser deformado de caráter, que usa o "Eddie paulista" para ilustrar suas mensagens de ódio? Bolsonarista (é lógico!), prega a eliminação física de todos doentes e sem-teto abandonados na Cracolândia...
Eddie não merecia isso. O boneco/desenho criado por Derek Riggs como mascote do Iron Maiden ilustra dezenas de capas de álbuns e singles da banda, ora mostrado como um monstro, como um demônio, como um assassino, como um faraó, como um ciborgue futurista, entre outras encarnações.
Ganhou até mesmo uma versão "escocesa" – imagem que foi adaptada para uma versão "brasileira" por conta da Copa do Mundo de 2014. Se a banda e criador soubessem que seria sequestrado pelo fascismo...
A versão "paulista" de Eddie, empunhando uma bandeira do Estado de São Paulo e vestido com o uniforme dos constitucionalistas de 1932, surgiu por iniciativa de um empresário/lojista/radialista da capital.Por mais que seja óbvio que não se pode confundir o orgulho de ser paulista com posturas e posições automaticamente racistas, preconceituosas, xenófobas e secessionistas (que pregam a separação/independência do Estado), em muitos casos a linha é muito tênue, e mesmo quase impossível de ser distinguida, jogando na mesma vala gente boa que apenas gosta de valorizar o lugar onde nasceu sem a necessidade abjeta de discriminar migrantes.
O próprio Walcir Chalas é um exemplo de pessoa inteligente que sabe discernir as duas coisas – ninguém permanece 36 anos no mercado, tornando-se uma das referências de rock no Brasil, distribuindo bordoadas racistas e preconceituosas contra quem quer que seja.
Que tenhamos a sabedoria de dar um basta neste festival de imbecilidades e que consigamos resgatar o Eddie "paulista" das garras dos abutres que empesteiam a vida com burrice e estupidez. Devolvam o nosso Eddie!
Nenhum comentário:
Postar um comentário