segunda-feira, 4 de julho de 2022

Psicodelia domina primeiro grande evento gratuito do mês do rock em SP

Rock de qualidade na periferia, e de graça. A Prefeitura de São Paulo acertou muito ao programar atrações do underground em teatros de bairros mais afastados para comemora o mês do rock. O resultado são casas cheias em pleno domingo à tarde.

As bandas Violeta de Outono, Ema Stoned e Boogarins foram um trio psicodélico que tocará em quatro domingos na cidade de São Paulo em teatros municipais fora do centro. A primeira data foi em Cangaíba, na zona leste, no teatro Flávio Império. 

Outras bandas importantes, como os mineiros Black Pantera e os paulistas dos Garotos Podres, estão agendados para tocar nas zonas oeste e norte. Os mineiros tocarão no Casarão, na Vila Guilherme, no dia 10 de julho; dois dias antes, os punks paulistas são a atração no Butantã, na Casa de Cultura do bairro.

Em Cangaíba, na ensolarada tarde de 3 de julho, o rock psicodélico dominou o dia e espalhou qualidade para um público que celebrou a vida de volta. E a banda paulistana Violeta de Outono fez o público viajar ao abrir os trabalhos.

A guitarra contagiante e salpicada de efeitos de Fábio Golfetti (também integrante da banda anglo-francesa Gong) perpassou toda a apresentação mostrando que os sons antigos foram recauchutados e modernizados.

A banda comemora 35 anos de existência, mas tem uma dinâmica toda particular - e moderna, diga-se de passagem, mesmo com a retomada da formação original. 

Arcos de violino na guitarra e no baixo, disparos de elementos eletrônicos e arranjos progressivos foram os ingredientes disparados por tablet diante de uma plateia jovem e ansiava para conferir o trio. 

"Será que são tão bons quanto dizem?", comentou um garoto com vestes de hippie e cara de nerd. Sim, moço, os caras são muito, muito bons. Golfetti toca e canta com serenidade e pleno domínio do repertório, até que Além do Sol" arrancou aplausos generalizados.

A banda Ema Stoned entrou em seguida e manteve o pique cm seu rock instrumental regado a jazz e surfe music. O som é versátil e pesado, mas sem grandes arroubos de virtuosismo. 

A guitarrista Alessandra Duarte conduz bem os trabalhos sob uma cama segura da baixista Elke e surpreenderam um público que ainda curtia a viagem sonora do Violeta de Outono e esperava pela grande atração da noite, os goianos Boogarins.

Pela primeira vez na zona leste de São Paulo, o quarteto psicodélico acostumado a plateias internacionais fez um set mais acessível e menos experimental. 

Segundo o guitarrista e vocalista Dinho Almeida, a banda preparara quatro repertórios diferentes para as quatro apresentações em São Paulo no mês de julho. 

Para o felizardos da zona leste, a ideia era mostrar um pouco do som da banda que marcou os dez anos de carreira fonográfica, quase que um "best of". 

Na plateia havia gente que acompanha o grupo desde sempre, mas a maior parte não estava tão familiarizada com o som cheio de nuances e detalhes que transformou a banda em uma grande atração nos Estados Unidos e na Europa.

Se em algum momento falta peso, por mais que sejam dois guitarristas, por outro lado sobra inventividade em riffs bem sacados e solos econômicos, mas eficientes. 

A bateria de Ynaiã Benthroldo faz a união da colagem sonora com um estilo que mistura uma pegada rock com arranjos de jazz. 

Os 63 minutos de show acabaram sendo muito pouco para saciar a sede de rock de quem esperou por quase dois anos para ver música boa, e de graça, depois da pandemia e depois de uma Virada Cultural que escanteou o rock e o confinou no Butantã.


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