De muitas maneiras, a burrice não é aceitável e nem tolerável. A pandemia de covid-19, que matou mais de 6 milhões de pessoas, 680mil no Brasil, parecia ter deixado isso bem claro.
Artistas estúpidos que negam a ciência e se recusam a se vacinar sentiram na pele e no bolso as consequências de suas atitudes lamentáveis e irresponsáveis.
Até mesmo aquele que pode vir a ser o tenista mis vencedor de todos os tempos sobre as sanções por não querer se vacinar - ficará de fora do torneio US Open, um dos quatro mais importantes do ano.
Gente como o guitarrista Eric Clapton e o cantor Van Morrison, notórios negacionistas e antivacinas, tiveram de engolir a burrice e se adequar às normas sanitárias de vários países para poderem se apresentar. Nada mais justo e natural, pois gente que se recusa a se vacinar é repugnante.
Mais de dois anos e meio depois do grande surto de cuvid-19 e de meses e meses de medidas de isolamento social, ainda temos de nos deparar com seres abjetos que ousam reclamar das "ditaduras dos regulamentos"...
A banda americana Sons of Apollo fará uma curta turnê pelo Brasil no começo de agosto, e depois visitará outros países da América Latina - um evento que foi adiado por um ano e meio.
No entanto, o baixista Billy Sheehan, um dos melhores dos últimos 30 anos no instrumento, astro do Mr. Big, não virá ao Brasil, sendo substituído temporariamente pelo brasileiro Felipe Andreoli (Angra).
O motivo: "restrições de documentos e situação fora do alcance do músico". Seriam eufemismos para falta de condições sanitárias para entrar no país, segundo algumas especulações - ou seja, não se vacinou ou não tem a imunização completa exigida. Ninguém esclareceu a questão e, por enquanto, não dá para cravar que foi o esse o motivo da ausência.
Existe a suspeita de que Sheehan não tenha se vacinado de nenhuma forma, mas não obtivemos essa confirmação. Se o baixista for antivacina, como cravam algumas publicações norte-americanas, ele é discreto sobre essa "opção sanitária". Não é novidade a aproximação dele da cientologia, uma espécie de seita controversa que questiona a ciência em vários aspectos.
Aparentemente, seus companheiros de banda - Derek Sherinian (teclados), Mike Portnoy (bateria), Jeff Scott Soto (vocais) e Ron "Bumblefoot" Thal (guitarra) estão em dia com as vacinas.
E não é que surpreende a atitude estúpida de um tonto como Sherinian, que vomitou lixo sobre vacinação e "excesso de regulamentos que atrapalham os trabalhos"?
Sem especificar a turnê brasileira e os motivos que tiraram Sheehan dos shows, o tecladista reclamou em entrevista a Stefan Adika, apresentador do programa Artists On Record Starring.
"É uma droga. Deixe-me dizer isso, vou apenas dizer isso… A situação não é boa (...). Billy é nosso irmão, e ele é um baixista incrível. Mas por causa das circunstâncias, ele não pode fazer essa parte [da turnê]. Temos que seguir em frente e honrar nossas obrigações. Eu só espero que no futuro não tenhamos esses problemas. E eu apoio Billy cem por cento", declarou Derek, segundo transcrição publicada pelo site Blabbermouth e reproduzida no Brasil pelo site Whiplash.
A lamentável declaração foi complementada com mais lixo: "Estou ansioso para um dia em que, como um todo, como sociedade, não tenhamos que lidar com todos esses regulamentos e loucuras porque é realmente confuso."
Ou seja, medidas tomadas para conter um vírus mortal são consideradas "loucuras" por Sherinian, para quem burlar as restrições sanitárias se justificam no caso de um show de rock e em relação a astros de rock. A vergonha é imensa.
Justamente no momento em que lança um ótimo disco solo, "Vortex", Sherinian decide causar polêmica - e em relação a um assunto que nunca comportou nenhuma polêmica.
Anos atrás, o tecladista acompanhava o guitarrista sueco Yngwie Malmsteen em turnê pelo Brasil e este resolveu entoar o hino americano na guitarra, como fazia costumeiramente. Em Porto Alegre, uma parte da plateia vaiou (possivelmente uma galera de esquerda ou extrema-esquerda) e poucos gritaram, como provocação, "Osama", em alusão ao terrorista Osama Bin Laden, líder dos ataques a World Trade Center em 2001 e assassinado em 2015.
Ofendido, Malmsteen encerrou a apresentação e não tocou mais o hino nas apresentações pelo continente. Nas redes socais, Sherinian, que é americano, generalizou e protestou contra as manifestações antiamericanas, detonando o público brasileiro e Brasil com várias grosserias.
Pegou tão mal que ele pediu desculpas alguns dias depois, certamente alertado por conta dos excessos e da importância do mercado brasileiro para shows de ock neste século.
Em horas como essas, já que o negacionism e a amizade com um suposto negacionista fala mais alto, deveria ter ficado quieto. As regras sanitárias brasileiras e de muitos outros países são conhecidas há muito tempo. A postura antivacina - notem bem, desde que realmente seja esse o motivo - deve ser cobrada da pessoa em questão, e não do país que impôs a restrição.
Curiosamente, Sherinian ataca as "restrições e regulamentos" que de países que impedem músicos de entrar e tocar, mas nada fala a respeito das regras americanas que provavelmente impedirão que o sérvio Novak Djokovic de disputar o US Open.
É triste perceber esse tipo de postura em uma das bandas mais legais dos último tempos. Cm dois álbuns de estúdio e um CD/DVD ao vivo, o Sons of Apollo é um supergrupo que reúne instrumentistas renomados que tiveram destaque em outras formações - Sheehan no Mr. Big, Portnoy e Sherinian no Dream Theater, Soto no Journey, Thal no Guns N' Roses.
Além de causar um transtorno, como ter de achar um substituto muito bom às pressas, esse "problema de restrição em documentos" mancha a reputação do grupo, pois a especulação em torno dos motivos da ausência de Sheehan atiram n grupo a pecha, que talvez seja injusta, de negacionista e antivacina. Não deixa de ser um descuido inacreditável em se tratando de uma banda que está se tornando grande e pelos nomes que tocam nela. é uma grande decepção.
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