sábado, 3 de abril de 2021

Irresponsabilidade judicial estimula o oportunismo a favor do vírus

 Marcelo Moreira


 

A avacalhação começa pelo STF (Supremo Tribunal Federal), onde o aparelhamento dá as caras e a bolsonarização grita diante da irresponsabilidade de um ministro que envergonha todo meio jurídico e o Judiciário como um todo.

A liberação para que cultos e missas ocorram normalmente à revelia dos decretos de governadores e prefeitos que tentam conter a pandemia via restrições e lockdowns é uma das mais atrozes sabotagens cometidas pelo mundo negacionista que empesteia a sociedade brasileira.

Foi o que bastou para gente irresponsabilidade no meio da música e do teatro começasse a vomitar por aí para que bares, restaurantes e shows diversos fossem liberados, "sempre respeitando os protocolos sanitários". São mercadores da morte, assassinos asquerosos que desprezam a vida.

Não foram poucos os roqueiros que embarcaram nessa nau de insensatos. Nenhum desespero justifica defender a reabertura de comércios e atividades artístico-culturais quando estamos no pior estágio da pandemia. São mais de 330 mil mortos em um ano, quase o mesmo número de pessoas mortas na guerra da Síria em dez anos.

Qual é a dificuldade dessa gente nojenta em entender que não há leitos em lugar algum, em qualquer hospital? Quebre a perna ou tenha uma dor de cabeça e você não será atendido em lugar nenhum. A fila de gente implorando por uma UTI por causa da covid-19 bate nas 5 mil pessoas doentes em todo o país.

Como é possível que músicos que se dizem educados, cultos e inteligentes defendam a eliminação de qualquer restrição que imponham distanciamento social? Não bastam as 3 mil mortes por dia?

Não há como ser diferente neste momento: cultura e entretenimento são supérfluos e secundários nessa fase desesperadora em que pessoas morrem em cadeiras nos prontos-socorros, enquanto outras sofrem asfixia nas filas em busca por um leito. E o cara tá preocupado por não poder tocar no fim de semana para ganhar R$ 100?

Não se trata de menosprezar as dificuldades que músicos, artistas e profissionais do entretenimento estão passando - uma classe/setor que foi abandonada por todos os poderes públicos. É uma questão de perceber o que está em jogo e quais são as prioridades. E as prioridades, neste momento, são preservar vidas e conter o vírus. 

Para isso, o distanciamento/confinamento é fundamental, com medidas cada vez mais duras e restritivas. É necessário para tudo, do comércio à indústria, do transporte público a escolas e atividades de prefeituras e governo do Estado - por, o mínimo, dois meses. Um lockdown nacional, enfim...

Entre os profissionais de todos os segmentos econômicos, músicos e artistas em geral são os que mais passam vergonha nas redes sociais ao vomitar contras medidas de restrição de atividades, demonstrando uma total falta de empatia e burrice extrema. 

O oportunismo de embarcar na onda irresponsável de abertura das igrejas é só a ponta mais visível dessa demonstração suprema de indigência intelectual A música e o rock não merecem ter a reputação enlameada por essa gente asquerosa de inspiração fascista

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