segunda-feira, 4 de setembro de 2023

A força da persistência é a marca do ótimo trabalho da banda Marenna

 Sabe aquele álbum que o Bon Jovi está devendo há anos, mas continua empacado? Uma banda brasileira fez o serviço direitinho e completo e foi além. 

Hard rock competente e diversificado, "Voyager" é o mais recente disco da banda gaúcha Marenna, liderada pelo cantor veterano Rodrigo Marenna e que há anos lança um trabalho melhor do que o outro, como uma colaboração extremamente interessante com o guitarrista carioca Alex Meister.

O álbum novo do Marenna é competente até mesmo para replicar os velhos clichês hard de sempre, que remissão direta aos anos 80, mas com um frescor e uma empolgação que, em muitos momentos, chega a ser contagiante.

Marenna é um músico persistente e versátil, além de culto e articulado. Tem a exata noção do lugar que ocupa e de onde pretende chegar. 

Mercado hostil? Só para quem não tem força de vontade. A banda abriu o show de Curitiba do cantor americano Danny Vaughn, ex-Tyketto, recentemente e espantou a todos que apenas conheciam d passagem o seu trabalho, além e arrancar elogios da atração principal.

"Tenho o privilégio de fazer o som que eu gosto e de ser reconhecido por isso. Não poderia estar mais satisfeito com a repercussão de 'Voyager'. É um trabalho honesto e com extrema dedicação", diz o músico gaúcho.

A intenção sempre foi estruturar seu som dentro das raízes do hard rock americano, mais melódico e com guitarras sem tanto virtuosismo. Há elemento da música pop com uma produção europeia mais moderna. "Eu quero soar mais pesado e mais melódico, é uma espécie de tendência desse subgênero"

Com o suporte da Lion's Pride, gravadora dinamarquesa, o Marenna já projeta a expansão dos projetos para a Europa, como uma turnê, por mais difícil que seja penetrar em um mercado muito concorrido. É um trabalho constante como observa o cantor.

"Com o suporte da empresa Som do Darma, acreditamos que estamos mudando de patamar e estruturando a nossa carreira de uma outra maneira. Acredito que estamos preparados para dar m salto. Fizemos seis shows em São Paulo nos últimos seis meses e isso faz parte dessa nova fase", afirma.

Por mais que o hard rock brasileiro esteja e ascensão, Rodrigo Marenna observa que ainda há uma certa dificuldade para as bandas do subestilo furem a bolha do nicho de quem era fã do gênero. Para ele, ainda é um segmento "nichdo" e fechado, com pouca abertura para aceitar bandas novas. 

"Quando os eventos são muito específicos a tendência é que haja bom público, mas precisamos expandir as áreas, precisamos atingir mais pessoas. Acho que isso é bem factível, por mais que seja difícil. É uma luta diária entender o que jovem atual pensa e quer. O que agrada esse ouvinte. faz anos que buscamos um monte de respostas e ainda estamos em busca delas", explica;-

As músicas do álbum "Voyager" são mais pesadas do que o que se convencionou chamar de hard rock oitentista, com arranjos certeiros e um trabalho de guitarras estupendo, que já começa rendendo ótimos frutos na abertura, "Breaking the Chains", talhada para tocar no rádio - como se ainda existissem emissoras de rádio rock que tocassem rock de verdade, e não os mesmos clássicos de sempre.

As guitarras são o motor também de "Out of Line" e "Gotta Be Strong", que completam a trinca matadora de abertura. São músicas simples e boas, bem agradáveis de se ouvir e que surpreendem pela facilidade com que grudam no cérebro.

"Voyager", a faixa-título, tem uma levada típica dos bons tempos do Rainbow, podendo largamente ser direcionada a uma propaganda de TV de automóveis ou esportes, com um refrão forte e bem elaborado. E dá-lhe clichê hard, mas o bom gosto impera. Sem abusar dos agudos em excesso, Rodrigo Marenna se sai muito bem.

Para quem gosta de Whitesnake e Bon Jovi, a autoexplicativa "I Ain't Stranger to Love" cai perfeitamente. É mais cadenciada, com bom trabalho de guitarras bluesy que lembra "Is This Love?" e alguma balada recente cometida por Jon Bon Jovi.

"Perfect Crime" já remete a Motley Crue, perigosa e desafiadora, com refrão que caberia perfeitamente no hard mais acessível de uma banda como a canadense Triumph. E tome mais clichê!

Poison? Também tem, com "We Are United", como seu climão country e um refrão muito bom, que certamente impele o ouvinte, nos shows a cantar a plenos pulmões. Concorre com a faixa-título como a melhor deste trabalho bem executado e bacana de se ouvir.

É um disco bastante honesto e sem receio de críticas por conta da falta de novidades ou de mergulho profundo nos clichês do gênero. Era para soar exatamente como soa, como um autêntico disco de hard rock bem feito.

"Trinta meses depois, o álbum está pronto, sendo que é o nosso melhor trabalho até agora. Não consigo descrever a felicidade de ver o resultado extremamente positivo", declarou o cantor.

 "Voyager" foi gravado à distância, parte em Caxias do Sul e parte em Porto Alegre durante toda a instabilidade do cenário de pandemia entre dezembro de 2020 e fevereiro de 2022. 

"Acredito que consegui reunir as melhores músicas e trabalhar com o melhor time de profissionais, de forma mais eficiente e viável possível mesmo tudo sendo feito a distância. O resultado superou todas nossas expectativas, que são as melhores para esse lançamento. Motivação pessoal, planejamento, boa comunicação e um relacionamento fluido, livre de egos, deram espaço para o que temos nestas 12 faixas", comentou Marenna.

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