domingo, 24 de setembro de 2023

Lynyrd Skynyrd faz show correto, mas sem emoção, em lamentável rodeio em SP

 O show internacional mais curioso do ano superou todas as expectativas, por mais que a plateia mostrasse pouco entusiasmo. 

Os norte-americanos do Lynyrd Skynyrd desfilaram seu southern rock para casa cheia no Jaguariúna Rodeo Festival, no interior de São Paulo, um evento péssimo coalhado de atrações sertanejos péssimos, com direito a um ou outro pagode mais do que péssimo.

Não dá para respeitar nenhum tipo de rodeio ou evento baseado no sofrimento  de animais - por isso é lamentável que uma banda importante de rock se apresente em um rodeio.

Foi a segunda vez que Lynyrd Skynyrd esteve em um rodeio no Brasil - também em el artístivo, anos atrás. Se antes a sua presença era totalmente descabida e totalmente deslocada, desta vez a banda recebeu um pouco mais de atenção e respeito, ainda que tenha sido escalada em um evento de tão baixo nível artístico.

Ainda assim, com pista cheia, Lynyrd Skynyrd não passou de uma curiosidade na maioria imensa do público apático e sem entender muito bem o que os roqueiros americanos estavam fazendo ali. Certamente eram mais baratos do que Taylor Swift, Alan Jackson ou Billy J. Cyrus...

Ao contrário do show da quinta-feira anterior, no Espaço Unimed de São Paulo, quando estava à vontade e parecia curtir o ambiente, o show do "rodeio" foi apenas correto e sem grandes emoções.

 Foram 75 minutos de vários hits destilados de forma mecânica e sem muito entusiasmo, mas com um profissionalismo exemplar. É uma banda sensacional, que fez a alegria de uns poucos fãs incondicionais que estavam na parte da frente e que cantavam todas as canções.

Os três guitarristas formaram uma cama sonora que causou estranheza aos sertanejos. O som estava pesado, embora não muito, mas o suficiente para o Lynyrd mostrar a que veio, com música de verdade e rock dos bons. 

"What's Our Name" parecia que ia levantar a plateia, mas foi um alarme falso. O público pouco se interessou, assim como não interagiu com um esforçado Johnny Van Zandt, o vocalista excelente em domar plateias.

Ele fez o que tinha de fazer, exaltando o festival e elogiando o Brasil. Sentindo que o público estava pouco à vontade, foi em frente e tocou o show. Será que ele tinha sido informado a respeito de onde estava e o que o rock (não) significava para a maioria do povo estava na apresentação?

Entre os guitarristas, a precisão de Rick Medlocke, o veterano que por muitos anos comandou o Blackfoot, jogou uma quantidade absurda de riffs maravilhosos e permitiu a Van Zandt desfilar sem preocupações sua classe e seu vocal poderoso.

Houve muitas homenagens ao mestre Gary Rossington, guitarrista que ajudou a criar a banda nos anos 70 e que morreu no começo deste ano - era um dos sobreviventes do aciedente aéreo que acabou com a banda em 1977.

A plateia mostrou algum interesse na balada country "Tuesday' s Gone", regravada pelo Metallica anos atrás, mas ficou quieta diante do hino "Simple Man" e do rockão "Gimme Back My Bullets"", clássico do rock de estrada.

"Saturday Night Special" passou batida, assim como  "Call Me the Breeze", este um dos maiores sucessos da banda. Agiação, mesmo, só na última canção do show, "Sweet Home Alabama", música constante em programações engessadas de rádio de rock clássico e em karaokês vagabundos,

Sem bis, a banda evirou o seu maior clássico depois da volta, em 1987: "Red, White and Blue", uma canção patriótica que exalta a nação americana, mas, de certa forma, um pouco do estloo conservador do sul dos Estados Unidos - o Lynyrd Skynyrd surgiu em Jacksnville, na Flórida, e é adorada em Estados onde ainda persiste um culto à "ideologia" que contribuiu para a Guerra Civil Americana (1861-1865). 

O conflito armado opôs o então norte moderno e industrializado ao sul escravista, agrícola e atrasado, om a derrota deste último.  O preconceito racial, com leis racistas, predominou em vários Estados, até os anos 70.

Foi um show correto, bem feito e muito profissional, mas quase sem emoção, ao contrário da apresentação paulistana, que teve um público adequado e que sabia exatamente o que estava acontecendo. 

Agora é esperar que a banda e outras atrações internacionais nunca mais caiam na roubada de de tocar em eventos lamentáveis como "rodeios".

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