O sofrimento dos ucranianos está tendo um efeito colateral grave na geopolítica mundial e colocando em segundo plano outro genocídio internacional as que não comove o mundo.
Depois de quase três anos, as tropas militares genocidas do Azerbaijão voltam a massacrar a população armênia que vive em seu território.
Celebridades internacionais de ascendência armênia denunciam os crimes de guerra cometidos mais uma vez pelas tropas fascistas azeris, mas o mundo mais uma vez ignora - um mundo que paree se cansar dos massacres na Ucrânia e aceitar os crimes russos cometidos em uma guerra nojenta.
O cantores Cher e Serj Tankian (vocalita do System of a Down) e a socialite Kim Kardashian, todos norte-americanos mas descendentes de armênios, publicaram em jornais recentemente artigos em que denunciam o genocídio armênio - mais um.
Serj Tankian pediu publicamente aos integrantes do Imagine Dragons que cancelem o show que têm marcado em 2 de setembro em Baku, no Azerbaijão.
Nas redes sociais, o vocalista do System of a Down posicionou-se ao lado da população da região de Nagorno-Karabakh, que diz passar fome por causa “do regime petro-oligárquico” do Azerbaijão.
Ele revelou na postagem que tentou enviar uma carta privada à banda, sem sucesso. Depois disso, postou publicamente seu apelo no Facebook, incluindo um link para uma petição.
Os conflitos entre Armênia e Azerbaijão têm origem, em sua versão moderna, há quase 150 anos, quando os dois países não existiam e seus territórios pertenciam aos Impérios Russo e Otomano.
Localizados na região do Cáucaso, os dois territórios estratégicos e seus povos tiveram de lidar com as ambições territoriais dos vizinhos poderosos russos, turcos e persas (hoje iranianos).
Os azeris sempre foram aliados dos turcos, inimigos mortais dos armênios. Apoiaram os massacres contra o povo armênio (e também contra os curdos) no começo do século XX.
Com o fim da primeira guerra mundial, o dois países foram engolidos pela União Soviética. Com mão de ferro, a paz foi imposta até depois da Segunda Guerra Mundial.
Nos anos 60, a rivalidade "regional" foi reestimulada por lideranças soviéticas de segundo escalão. Abafados, conflitos militares mataram muita gente e a balança pesou a favor do Azerbaijão.
Com o fim da União Soviética, em 1991, os dois países, independentes, logo entraram em conflito, já que muitos territórios armênios foram artificialmente arrancados e "anexados" ao Azerbaijão na época soviética.
São dois países minúsculos, encravados no fim do Cáucaso, entre os mares Negro e Aral, sendo que as terras anexadas pelos azeris incluem trechos habitados por maioria armênia, como Nagorno-Karabakh, a fonte do conflito atual.
Na guerra de 1994, os Armênios recuperaram parte dos territórios repassados arbitrariamente ao Azerbaijão. Vários pequenos conflitos ao longo dos último 29 anos, mediados pela Rússia, aos poucos foram restituindo áreas para o Azerbaijão, que não ficou satisfeito.
No fim de 2020, tropas azeris invadiram territórios fronteiriços da Armênia e isolou Nagorno, que fica inteiramente em seu território, ams tem uma administração internacional. Tudo isso sempre com o apoio turco. Abandonados, os armênios viram vários de seus territórios mudar de administração depois de um mês de guerra.
No ataques atuais, o azeris mataram mais de 200 pessoas em uma semana de conflitos, segundo informações da Cruz Vermelha e de conservadores internacionais.
Os russos, em guerra com a Ucrãnia, se reaproximaram do Azerbaijão por causa do fornecimento de petróleo e estão abandonando os armênios, deixando-os à mercê do estado terrorista Azerbaijão.
Crise humanitária
Acossada novamente quase três anos depois, Nagorno-Karabakh vive um êxodo populacional para a Armênia, Geórgia, Rússia e Irã. Seis mil refugiados abandonaram o território que já teve 120 mil habitantes de origem armênia até a guerra de um mês em 2020.
Alguns tentaram voltar e reconstruir o local a partir da ajuda que chegava por corredores humanitários monitorados por autoridades da ONU (Organização das Nações Unidas) sob comando dos russos.
Só que os armênios perderam o apoio dos russos: condenados internacionalmente pela invasão da Ucrânia, estes se reaproximaram dos azeris e abandonaram praticamente o monitoramento da paz na região. Foi a deixa para que o Azerbaijão retomasse as hostilidades.
Todo esse movimento geopolítico complicado e ignorado pelo mundo está sendo denunciado em uma série de vídeos e entrevistas de Serj Tankian, nascido no Líbano de ais armênios mas radicado nos Estados Unidos desde que era criança - os outros três membros do System of a Down também são americanos descendentes de armênios estão engajados pela causa pela causa da nação dos país e avós.
Parece não haver dúvidas de que os armênios são novamente as vitimas, e Tankian lamenta que a guerra da Ucrânia - maior, mais grave e mais mortal - obscureça a tragédia humanitária dos armênios. Já são mais de 10 milhões de refugiados na Ucrânia, com a estimativa de 10 mil civis mortos e 150 mil militares mortos ou feridos dos dois lados.
O curioso é que foi necessária uma guerra para reunir uma banda importante e lançar novas músicas depois de 15 anos para causas beneficentes - mesmo que o vocalista progressista tenha de aturar o seu baterista que apoia políticos e políticas de cunho fascista.
A guerra entre Armênia e Azerbaijão, nos confins da Ásia, em 2020, fez com que os quatro integrantes do System of a Down se juntassem para compor e gravar duas canções em que denunciavam as violações e as violências das forças invasoras, no caso as tropas do Azerbaijão, país aliado da Turquia e de maioria muçulmana - a Armênia é a nação cristã mais antiga do mundo.
Em um comunicado publicado em suas páginas oficiais na época, a banda anunciou o lançamento das faixas "Protect the Land" e "Genocidal Humanoidz" – "ambas falam de uma terrível e séria guerra sendo perpetrada na nossa pátria cultural de Artsakh e da Armênia".
Os rendimentos obtidos fora doados para um fundo humanitário de ajuda aos refugiadas e vítimas armênias da guerra. Temporariamente, os quatro integrantes deixaram as divergências de lado e se uniram em apoio à luta dos soldados da terra de seus ancestrais.
O comunicado publicado em 2020 pla banda informava o seguinte: "Nós, enquanto System Of A Down, acabamos de lançar novas músicas pela primeira vez em 15 anos. A hora de fazer isso é agora, já que juntos, nós quatro temos algo extremamente importante a dizer como uma voz unificada. Essas duas músicas, 'Protect the Land' e 'Genocidal Humanoidz', falam de uma terrível e séria guerra sendo perpetrada na nossa pátria cultural de Artsakh e da Armênia".
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